64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
LEVANTAMENTO DA DIVERSIDADE DA MACROFAUNA BENTÔNICA DE UMA ÁREA DE MANGUEZAL DO RIO CARAPITANGUI, BARRA GRANDE, BAHIA
Tathiana Benderoth de Carvalho 1
Suzane Mollemberg Brito 1
Flávia Borges Santos 2
1. Discente do curso de Ciências Biológicas – UESB, Campus Vitória da Conquista, BA.
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Ciências Naturais – UESB, Campus Vitória da Conquista, BA
INTRODUÇÃO:
O Manguezal é um ecossistema costeiro tropical, dominados por espécies vegetais típicas, às quais se associam outros componentes da flora e da fauna, adaptados a um substrato periodicamente inundado pelas marés. Por causa do estresse em que esse ecossistema é submetido em relação às características abióticas tais como salinidade, temperatura, evaporação, a fauna deve ter adaptações especiais para suportar tais modificações físico-químicas. Assim, a distribuição destes organismos é geralmente heterogênea e restrita quanto as espécies ao longo do manguezal. O zoobentos deste ecossistema enquadra-se como um conjunto diverso e presente em substrato lodoso extremamente rico em animais, como poliquetas, crustáceos, moluscos e equinodermos. A macrofauna bentônica é considerada aquela associada ao substrato e visíveis a olho nu (≥ 2,0 mm). Considerando esta caracterização, o objetivo deste trabalho foi identificar e quantificar a macrofauna bentônica do estuário do rio Carapitangui, Barra Grande, Península de Maraú, Bahia. Os manguezais são áreas sujeitas à antropização em função de construção de habitações e extração de recursos. Esse trabalho foi realizado para estimar a diversidade ao longo de uma área de manguezal e as prováveis causas de suas variações.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no manguezal do rio Carapitangui, na vila de Barra Grande, município de Maraú, litoral sul do estado da Bahia. A área amostral totalizou aproximadamente 600m², a partir de um transecto, paralelo à linha d’água com dez pontos (P1 – P10), cada um destes com duas parcelas, com 70cm de diâmetro. A distância entre as parcelas variou de acordo com as características da margem deste manguezal. As parcelas denominadas internas representaram a amostra mais próxima à vegetação Rhyzophora mangle, e as externas, aquelas mais distantes da margem do rio Carapitangui, as quais estavam perpendiculares à linha d’água. Ao longo do transecto foram medidos os índices de salinidade, temperatura e oxigênio dissolvido da água, para posterior análise da interferência desses fatores na comunidade bentônica. Esse material foi triado e posteriormente analisado e identificado, no laboratório de invertebrados da UESB, campus de Vitória da Conquista, Bahia.
RESULTADOS:
O material coletado foi composto por representantes dos Filos Porifera, Cnidaria, Mollusca, Annelida, Arthropoda e Echinodermata, totalizando uma riqueza de espécies de 28 morfoespécies. Das 20 amostras obtidas, nove não apresentaram material zoológico. Os pontos mais próximos do mar foram aqueles que apresentaram maior riqueza e abundância, tendo os pontos P1 a P2 composto 55% do total de táxons coletados. Entretanto, o ponto P8 externo apresentou uma riqueza de táxons elevada em relação os pontos P6, P7 e P9, tendo como representantes dessa diversidade várias famílias das classes Bivalvia e Gastropoda (Mollusca). Os Crustacea foram representados por Amphipoda, Isopoda e Decapoda. Quase 90% dos anfípodes amostrados ocorreram no P2 externo, o que pode estar relacionado com o perfil do solo de P2, que apresentava grande quantidade de matéria orgânica, tais como fragmentos de folhas e raízes de Rhizophora mangle depositada na superfície sedimentar lodosa. Com relação aos aspectos físicos da água não houve variação significante entre os pontos, sendo que a média da temperatura, salinidade e oxigênio foram respectivamente de 28,4ºC, 36,5% e 11,05‰.
CONCLUSÃO:
Os dados obtidos permitem inferir que apesar da presença de representantes da macrofauna bentônica pertencentes aos Filos também citados na literatura específica, o manguezal do Rio Carapitangui, em Barra Grande já sofre impactos de fatores antrópicos, tais como o assoreamento, causado pelo desmatamento, agricultura e construções de habitações. A maior concentração desta macrofauna, tanto em riqueza quanto abundância foi encontrada nas proximidades do mar provavelmente devido a maior concentração de matéria orgânica e lodo. Os pontos mais próximos da foz do rio apresentaram uma baixa riqueza de diversidade e abundância desta macrofauna, além de grande quantidade de areia no substrato, provavelmente devido à degradação do ecossistema em função de ação antrópica.
Palavras-chave: Diversidade, Manguezal, Macrozoobentos.