64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 6. Parasitologia
INFECÇÃO HUMANA PELO Diphyllobothrium latum (TÊNIA DO PEIXE): RELATO DE CASO NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS, MA, BRASIL.
Michelle Menezes Machado 1
Mirian de Moraes Nascimento 1
Amanda Costa Pereira 1
Hiran Reis Sousa 1
Diêgo de Sousa Arruda Lopes 1
Ana Claudia Costa Sampaio Bastos 1,2
1. Departamento de Farmácia – UFMA
2. Profª. Ms/Orientadora - Departamento de Farmácia – UFMA
INTRODUÇÃO:
A difilobotríase é uma parasitose humana causada pela tênia do peixe, Diphyllobothrium latum, através da ingestão de peixe cru, mal cozido ou defumado contaminado com larvas plerocercóides. As larvas ao chegarem ao intestino delgado do homem se fixam e se desenvolvem em verme adulto, onde irá desenvolver sua maturidade sexual, liberando ovos após 30 dias de infecção. Os peixes que mais comumente transmitem a difilobrotriose são trutas e salmão, pois são espécies que se tem cultura de ingerir sua carne crua. Os humanos, contaminados por esse parasita podem permanecer assintomáticos ou podem apresentar manifestações clínicas como distensão abdominal, flatulência, dor epigástrica, anorexia, náuseas, vômitos, astenia, vertigem, perda de peso, diarréia e prurido anal. Em caso de parasitismo prolongado, o D. latum pode ser responsável por causar, eosinofilia e o desenvolvimento anemia megaloblástica (macrocítica) severa no hospedeiro. A difilobotríase humana ocorre em áreas onde lagos e rios coexistem com o consumo humano de peixe cru, que originalmente era restrita ao continente europeu, porém com as mudanças de hábitos alimentares, o consumo deste tipo de alimento atingiu âmbito mundial, onde tem sido registrados casos de infecção por D. latum na América do Norte, Ásia, América do Sul e na África.
METODOLOGIA:
Realizou-se uma coleta de dados na Secretaria Municipal de Vigilância Sanitária da cidade de São Luís com o objetivo de encontrar notificações de casos de difilobotríase. Foi identificado um caso de infecção por D. latum. Também foi feita uma visita ao Setor de Dados Cadastrais e Arquivos do Laboratório Gaspar, no município em questão, com o objetivo de coletar dados referentes ao paciente portador da parasitose. Foi feito um levantamento bibliográfico da espécie Diphyllobothrium latum através de indexadores primários, secundários e terciários com informações sobre aspectos clínicos, terapêuticos, epidemiológicos e sócio-econômicos. Analisou-se o caso do paciente através do histórico clínico, de exames complementares necessários para o diagnóstico (Hemograma completo, testes bioquímicos e ensaios imunológicos) e tratamento.
RESULTADOS:
Paciente do sexo masculino, 45 anos, branco, residente em São Luís (MA), encaminhou amostra fecal a unidade do Laboratório Gaspar. O paciente relatou alguns sintomas como dor abdominal e pélvica e relatou consumir peixe cru na forma de sushi e sashimi com frequência. Foram realizados exames parasitológicos por sedimentação espontânea em triplicata, o exame coproparasitológico revelou presença de ovos característicos de Dyphyllobothrium latum: ovais, operculados, com protuberância na extremidade oposta ao opérculo e coloração castanho-amarelada. Nos exames bioquímicos observou-se alteração nas taxas da GGT, ALT, colesterol total e LDL-colesterol, os demais parâmetros apresentaram valores normais, essas alterações principalmente em relação da GGT indicam que possivelmente a migração de proglotes podem ter causado colangite – inflamação dos ductos biliares, pressuposto que a localização erradica de espécies do gênero D. latum dentro do sistema hepatobiliar podem induzir tais alterações bioquímicas. O paciente diagnosticado com esta parasitose foi tratado com antihelmíntico adequado e acompanhado até o desaparecimento dos sintomas e ausências de ovos de D. latum nas fezes.
CONCLUSÃO:
Novos focos de infecção humana por Diphyllobothrium latum tem surgido ultimamente, inclusive em países com alto padrão de cuidados médicos. No Brasil, país livre dessa parasitose, tem sido relatado cada vez mais casos de difilobotríase. O crescente hábito em comer peixe cru se apresenta como principal fator de risco relacionado ao desenvolvimento dessa doença. Em São Luís, relatou-se um caso confirmado da difilobotríase humana. O caso chama atenção para os cuidados dispensados ao processamento e comércio de alimentos derivados de peixes servidos crus, mal cozidos ou defumandos. Como profilaxia recomenda-se aplicação de medidas, como campanhas educativas junto á população, pescadores, donos de restaurantes e profissionais manipuladores de alimentos, cuidados básicos higiênico-sanitários como destinação correta de esgotos, além do consumo de peixe devidamente cozido ou que tenha passado por um congelamento adequado.
Palavras-chave: Parasitose, Difilobotríase, Diphyllobothrium latum.