64ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
AVALIAÇÃO MICROBIOLOGICA DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO TOCANTINS
Anderson Ferreira Gomes 1
Luana Cristina Feitosa Alves 1
Francisca Célia da Silva 1
Paulo Roberto da Silva Ribeiro 2
1. CCSST – UFMA – Curso de Engenharia de Alimentos – Imperatriz, MA.
2. Prof. Dr./Orientador – CCSST – UFMA – Imperatriz, MA.
INTRODUÇÃO:
Os recursos hídricos vêm sendo alvo de inúmeras discussões no âmbito da preservação ambiental, isso ocorre pelo fato de que esses recursos são finitos e de que a sua utilização, em uma grande maioria, é feita de forma não sustentável. O Rio Tocantins é o segundo maior rio totalmente brasileiro e suas águas exercem grande importância recreativa, social e econômica para todos os estados banhados por ele, tal como o Estado do Maranhão. O lançamento de esgotos domésticos e comerciais no Rio Tocantins tem promovido a depreciação da qualidade das suas águas, sendo que o crescimento desordenado dos centros urbanos e o relativo aumento de setores industriais e agrícolas na região maranhense banhada por este rio têm agravado este quadro, pois os municípios não dispõem de estações de tratamento de esgoto, havendo a possibilidade de contaminação fecal. Diante deste contexto, esse trabalho foi realizado buscando, através de seus resultados, a avaliação microbiológica da qualidade da água do Rio Tocantins, bem como subsidiar os órgãos de controle ambiental e programas ambientais e a implementação de políticas públicas com vistas à prevenção de doenças veiculadas pela água e provocadas pelo uso da água contaminada, promovendo a melhoria da qualidade de vida da população.
METODOLOGIA:
As amostras de água foram coletadas em dez sítios de amostragem dispostos ao longo da Bacia do Rio Tocantins, no trecho compreendido entre os Municípios de Estreito e Ribamar Fiquene, no Estado do Maranhão, em março de 2012 (período chuvoso). Posteriormente, elas foram submetidas a análises “in locu” (temperatura, pH, oxigênio dissolvido (OD), condutividade elétrica (CE), sólidos totais dissolvidos (TDS) e cor aparente) e transportadas em caixas de isopor contendo gelo até o laboratório. Em seguida, as amostras foram refrigeradas a 4˚C e submetidas às análises microbiológicas (coliformes totais e termotolerantes – E. coli), segundo a metodologia descrita no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. Todos os resultados obtidos foram submetidos a analise comparativa, tendo em base os padrões adotados para qualidade de águas de Classe 2, segundo a Resolução CONAMA nº 375 de 17 de março de 2005.
RESULTADOS:
Após a obtenção dos dados, nas análises “in locu” foi possível observar, nos diferentes locais de amostragem, que os valores para temperatura da água variaram de 27,0°C a 28,3°C, o pH de 6,22 a 6,92, o OD de 5,27 a 7,38 mg L-¹, a CE de 28 a 61 µS cm-¹, o TDS teve variação de 14 a 31 ppm e a cor aparente de 56,0 a 166,7 mg Pt/L. Nas amostras de água coletadas em todos os sítios avaliados foram detectadas a presença de coliformes totais e de termotolerantes (E. coli). Assim, nas análises microbiológicas realizadas no laboratório foram obtidos resultados com variações para coliformes totais de 24 x 10³ NMP mL-¹ a valores superiores a 160 x 10³ NMP mL-¹, sendo que todas as amostras de água encontraram-se em desacordo com o padrão de qualidade estabelecido pela legislação brasileira para águas da Classe 2, que é de até 20 x 10³ NMP 100 mL-¹. Enquanto que, nas análises de coliformes termotolerantes (E. coli), cujo limite máximo legal é de 1,0 x 10³ NMP 100 mL-¹, 50% dos sítios analisados se encontraram em conformidade legal, pois variaram de 2,0 x 10² a 9,0 x 10² NMP 100 mL-¹; entretanto, as amostras dos demais sítios de amostragem apresentaram-se em desacordo com a legislação brasileira, pois apresentaram valores de 1,1 x 10³ a 8,0 x 10³ NMP 100 mL-¹.
CONCLUSÃO:
As bactérias do grupo coliforme são consideradas os principais indicadores de contaminação fecal. A determinação da concentração de coliformes assume importância como parâmetro indicador da possível existência de microorganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, bem como para indicar poluição sanitária. A partir da realização deste trabalho observou-se que os parâmetros físico-químicos determinados “in locu” nas amostras apresentaram-se de acordo com as recomendações da legislação brasileira. Entretanto, em relação aos parâmetros microbiológicos analisados, observou-se que todos os pontos avaliados apresentaram valores de coliformes totais, acima do limite máximo estabelecidos por esta legislação, para águas de Classe 2. Enquanto que, para coliformes termotolerantes (E. coli), 50% das amostras encontraram-se em desacordo com o limite legal. Assim, os dados obtidos neste estudo mostraram que a qualidade da água do Rio Tocantins está sendo depreciada, em função da poluição resultante do lançamento de esgotos não tratados, oriundos dos municípios banhados por este rio. Dessa forma, existe a necessidade de se preservar as fontes de água, bem como adotar políticas públicas que visem o monitoramento e a preservação das águas desse rio.
Palavras-chave: Poluição por esgotos, Qualidade da água, Análise microbiológica.