64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 4. Enfermagem Obstétrica
AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM GESTANTES SUBMETIDAS À CONSULTA DE ENFERMAGEM GINECOLÓGICA
Igor Cordeiro Mendes 1
Amanda Souza de Oliveira 1
Liana Mara Rocha Teles 1
Thais Marques Lima 1
Fernanda Câmara Campos 1
Ana Kelve de Castro Damasceno 2
1. Depto de Enfermagem da UFC, Fortaleza/CE
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto de Enfermagem da UFC, Fortaleza/CE
INTRODUÇÃO:
As infecções sexualmente transmissíveis (IST) merecem atenção especial da saúde pública, visto que sua incidência é alta em muitos países. As IST estão entre as cinco primeiras categorias de doenças para as quais adultos em países em desenvolvimento buscam ajuda médica; geralmente, elas causam desconforto e perda de produtividade econômica. As sequelas mais sérias e de maior duração que acometem às mulheres são: doença inflamatória pélvica, câncer cervical, infertilidade, aborto espontâneo e gravidez ectópica, que pode levar ao óbito materno. O manuseio efetivo das IST previne o desenvolvimento de complicações e sequelas, diminui o avanço dessas infecções na comunidade e oferece uma oportunidade única para uma educação direcionada sobre a prevenção do HIV. O tratamento adequado dessas infecções num primeiro contato entre pacientes e profissionais de saúde é, portanto, uma importante medida de saúde pública. Assim, diante do exposto, esse estudo tem como objetivo descrever as taxas de prevalência e o perfil clínico para infecções genitais em mulheres atendidas em Centro de Desenvolvimento Familiar de Fortaleza.
METODOLOGIA:
Foi realizado um estudo em corte transversal num Centro de Desenvolvimento Familiar de Fortaleza (CEDEFAM), Ceará, Brasil, no período de janeiro a abril de 2011. A população do estudo foi composta por gestantes que realizaram consulta de enfermagem em ginecologia na unidade de saúde. O questionário empregado foi constituído pelo registro de dados pessoais (nome, data de nascimento, naturalidade, profissão, cor e estado civil), dados clínicos (inventário de sintomas e de uso de medicamentos, cirurgias, infecções sexualmente transmissíveis), história ginecológica (menarca, coitarca, data da última menstruação, padrão do ciclo menstrual, paridade, número de parceiros, uso de métodos anticoncepcionais), descrição do exame clínico e dos resultados dos exames laboratoriais. A entrevista foi seguida de exames físico e pélvico, durante os quais, amostras cérvico-vaginais foram coletadas com swabs de forma rotineira. Os seguintes testes foram realizados: preparação citológica de fluxo vaginal para tricomoníase; bacterioscopia pelo Gram de espécimes da vagina e colo do útero para amostras celulares de vaginose bacteriana e gonorreia, respectivamente; citologia endo e ectocervical classificada de acordo com o protocolo de Bethesda (2002).
RESULTADOS:
A amostra do estudo foi definida basicamente pelo comparecimento das gestantes na consulta de prevenção ginecológica e autorização da participante para realização da pesquisa. Assim, 60 gestantes aceitaram participar do estudo. A média de idade foi de 24 anos de idade, a maioria era procedente de Fortaleza (50; 83,3%), residiam com o companheiro (47; 78,3%), tinha o ensino fundamental completo (26; 43,3%), não realizavam atividade laboral remunerada (30; 50,0%) e apresentaram renda familiar de até 1 salário mínimo (31; 56,4%). Apesar de as gestantes serem usualmente consideradas uma parcela da população com baixo risco para as IST, o estudo demonstrou uma alta prevalência dessas infecções nessa população (71,7%). Em relação a caracterização das infecções encontradas nesse público, identificou-se como mais prevalentes as Vaginose bacteriana (20; 33,3%), seguido de Gardnerella/mobiluncus (12; 20,0%) e Candida Albicans (5; 8,3%). Além disso, verificou-se que as infecções por Neisseria gonorrhoeae (4; 6,6%), Chlamydia trachomatis (1; 1,6%) e Trichomonas vaginalis (1; 1,6%) apresentaram os menores índices nesse estudo.
CONCLUSÃO:
Verificou-se altos índices de infecções nas gestantes analisadas. Estes dados de prevalência, que são bastante preocupantes, levando-se em conta as possíveis conseqüências para a mãe e seu concepto, levam nos a concluir que é extremamente importante dar uma maior visibilidade ao problema das DST no Ceará, dando-se a mesma prioridade que têm hoje as ações e estratégias de controle da infecção pelo HIV-Aids. Neste contexto é indispensável promover a integração das ações de DST/Aids e saúde reprodutiva, em todos os níveis de atenção, em especial na atenção básica, em que são atendidas as gestantes no pré-natal, mas também não deixando de considerar as ações de controle no momento do parto e no puerpério. É imprescindível que se reflita sobre a necessidade de desenvolver estratégias de triagem sistemática para o diagnóstico e o tratamento de DST na gravidez, como forma de se intervir e evitar as graves conseqüências destas doenças para a gestante e o bebê. Por fim, é muito importante que sejam previstos recursos para a realização de outros estudos, que examinem os fatores sociais, econômicos e culturais relacionados à sexualidade e relações de gênero e que tenham um forte foco na realidade em que essas pessoas vivem.
Palavras-chave: Exame Ginecológico, Doenças Sexualmente Transmissíveis, Gestantes.