64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
COMPARAÇÃO DA ÁREA FOLIAR ENTRE INDIVÍDUOS DE Anacardium occidentale L. E Byrsonima crassifolia (L.) Kunth LOCALIZADOS EM AMBIENTES COM DIFERENTES CARACTERÍSTICAS EDÁFICAS
Albeane Guimarães Silva 1
Louiziane Ribeiro Nascimento 1
Eduardo Bezerra de Almeida Jr. 2
1. Departamento de Biologia, Universidade Federal do Maranhão, Campus Bacanga
2. Prof. Dr./Orientador: Departamento de Biologia, UFMA
INTRODUÇÃO:
O solo é a principal fonte de nutrientes para os vegetais, fornecendo, além de suporte físico, matéria orgânica e inorgânica, água e um ambiente adequadamente arejado para o desenvolvimento do sistema radicular. De maneira geral a composição do solo pode contribuir para diferentes investimentos pelas plantas. Assim, o estudo de área foliar pode contribuir para investigar a plasticidade das espécies nos diferentes ambientes. A restinga apresenta entre outras características, solo arenoso e salino, implicando em menor disponibilidade de nutrientes. Já a mata secundária, rica em serrapilheira, apresenta elevada matéria orgânica e nutrientes provenientes dessa cobertura vegetal. Diante dessa variação, o presente trabalho teve como objetivo comparar a variação da área foliar entre indivíduos de mesma espécie, considerando Anacardium occidentale L. e Byrsonima crassifolia (L.) Kunth, localizados em ambientes com diferentes disponibilidades de nutrientes no solo.
METODOLOGIA:
As coletas foram realizadas em duas áreas florestais do Sítio Aguahy (MERCK) (02º29’26’S, 44º19’17’’W), localizado no município de São José de Ribamar, situado no extremo leste da ilha de São Luís, MA. A área I, caracterizada como remanescente de floresta amazônica oriental (mata secundária) e a área II, caracterizada como restinga. Para a amostragem foram selecionados, aleatoriamente, ao longo de trilhas da reserva, cinco indivíduos de Anacardium occidentale (Anacardiaceae) e Byrsonima crassifolia (Malpighiaceae), onde foram coletadas quatro folhas de cada indivíduo, totalizando 40 folhas de cada espécie. As folhas coletadas localizavam-se entre o 4º e o 6º nó de ramos expostos ao sol, evitando assim a coleta de folhas com distintas exposições ao sol e idades diferentes. Para estimar a área foliar foi utilizado um grid de pontos com precisão de 0,25 cm2. As folhas foram colocadas sob o grid e contados o número de pontos dispostos sob a área foliar. O número de pontos foi multiplicado por 0,25 para a obtenção da área foliar em cm2. A comparação da área foliar foi obtida através do teste de Mann-Whitney, pelo software BioEstat 5.0.
RESULTADOS:
Os indivíduos de Anacardium occidentale (caju) e Byrsonima crassifolia (murici) apresentaram diferenças significativas quanto as áreas foliares entre os ambientes de restinga e mata secundária, cujas folhas coletadas de indivíduos provenientes de restinga apresentaram menor área foliar em relação as folhas da mata secundaria. A mediana das folhas de caju localizados na restinga foi de 35,75 cm2 e na mata secundária foi de 58,38 cm2. Nas folhas de murici a mediana foi de 22,94, na restinga, e de 31,81, na mata secundária. Folhas pequenas podem ocorrer como consequência da compactação celular causada pela deficiência de nutrientes do solo, mas também como mecanismo de retenção de água, pois uma menor área foliar sofre menos perda de água por transpiração. Essa diferença pode ser um reflexo tanto de adaptações contra a perda excessiva de água, quanto um indicativo de realocação dos poucos nutrientes encontrados nos solos de restinga. A grande área foliar encontrada em plantas do ambiente de mata secundária pode ser explicada também pelo fato destas crescerem em solos mais férteis, ricos em serrapilheira, com custo de produção e/ou substituição de folhas relativamente baixo. Dessa forma, essas plantas investem mais no crescimento das folhas nesse tipo de ambiente.
CONCLUSÃO:
A diferença da área foliar entre indivíduos que se desenvolvem em ambientes com diferentes disponibilidades de nutrientes no solo, não considerando, portanto, outros possíveis fatores, pode ser explicada pela presença de alta plasticidade fenotípica. Sabendo-se que essa plasticidade retrata a habilidade de um organismo em alterar sua fisiologia e/ou morfologia para melhor se ajustar ao seu ambiente. A alteração de área foliar, como resposta aos diferentes tipos de solos, é uma das muitas modificações que as plantas podem apresentar ao longo de seu processo adaptativo. Dessa forma, mais estudos são necessários para que se possa entender como as plantas respondem aos mais variados tipos de ambientes; quais órgãos sofrem mais modificações e as vantagens de cada modificação.
Palavras-chave: área foliar, nutrientes, solo.