64ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior

Gênero e criatividade: concepções de estudantes universitários.

Albertina Mitjáns Martínez 1 Talyta Moreira de Souza Bezerra Marcello 2

1. Profa. Dra. /Orientadora - Faculdade de Educação - UnB 2. Aluna graduada de pedagogia - UnB

INTRODUÇÃO:

A pesquisa busca refletir sobre o processo de criatividade na aprendizagem inter-relacionado ao gênero: como os indivíduos percebem esse processo sob a perspectiva do ser homem e do ser mulher. Compreende-se gênero como uma configuração da subjetividade social e individual humana, de forma que este estudo insere um novo olhar às pesquisas desenvolvidas nesse campo, o que mostra sua relevância para o conhecimento científico. A presente reflexão proporcionará uma compreensão mais ampla dos diversos aspectos que a criatividade e a aprendizagem contemplam, pois ambos são processos da subjetividade humana. O intuito deste trabalho é trazer à tona questões que motivem mudanças no entendimento e enfrentamento dos elementos focalizados pelo estudo, contribuindo para que a academia em seu posicionamento dialético possa progredir na produção de novos saberes. E ainda motivar os estudantes universitários, bem como professores, a identificar e repensar sua opinião.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi realizada no curso de pedagogia diurno e noturno da Universidade de Brasília. Participaram cento e sete estudantes, 50 homens e 57 mulheres. Utilizou-se um questionário como instrumento de pesquisa, testado antes de sua aplicação. As perguntas foram construídas privilegiando-se o caráter aberto, de forma que estudante pudesse expressar-se amplamente. A construção das questões teve o intuito conhecer o entendimento do aluno sobre criatividade e gênero, aprendizagem e gênero, e sobre sua própria criatividade. A análise da informação foi realizada tendo como base a teoria clássica de análise de conteúdo de Bardin (1998) e de Puglisi e Franco (2003). No primeiro contato com os dados foi praticada a leitura flutuante; em seguida, partiu-se para a categorização das respostas, agrupando-as de acordo com as ideias contidas nos textos e as análises da pesquisadora.

RESULTADOS:

Duas categorias foram predominantes na resposta à questão sobre criatividade e gênero. A maior quantidade de respostas ressalta a criatividade como um processo independente do sexo do indivíduo. Em segundo lugar está a categoria que destaca as mulheres como mais criativas. A consideração do público feminino como mais criativo justifica-se porque a criatividade, no senso comum, está relacionada a expressões aceitas socialmente para mulheres. Em relação ao gênero e aprendizagem, as respostas predominantemente ressaltam não haver diferenciação de aprendizagem entre os sexos, mas em sua maioria os estudantes consideram que homens e mulheres possuem habilidades diferenciadas. E por fim, a maior parte dos participantes de ambos os sexos, considera-se criativa. Ainda permanece no discurso de muitos estudantes a associação das mulheres aos cursos de humanas e dos homens aos cursos de exatas, e que estes são melhores nas habilidades que exigem força e na prática de esportes.

CONCLUSÃO:

Conclui-se com o trabalho que houve muitos avanços na sociedade sobre a concepção de gênero. Apesar disso ainda aparecem opiniões que supervalorizam um sexo em detrimento do outro, assinalando que homens e mulheres atuam melhor em áreas específicas de conhecimento e habilidades. Esse fato impede a liberdade de escolha para ambos os sexos, que são limitados em sua expressão criativa em campos de saberes que muitas vezes não são de interesse do indivíduo, mas o frequentam para serem aceitos socialmente. Ações que visem à quebra de paradigmas relacionados ao discurso social voltado para o senso comum devem ser efetuadas na academia, por meio de discussões sobre a valorização da presença feminina nos diversos campos do conhecimento, principalmente nas áreas de exatas, e a superação da dicotomia entre o que é papel masculino e papel feminino.

Palavras-chave: Criatividade, Gênero, Aprendizagem.