64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 5. Psicologia da Saúde
AVALIAÇÃO DA ALEXITIMIA NA OBESIDADE GRAU III
Jena Hanay Araujo de Oliveira 1
1. Profa. Dra. - Departamento de Psicologia - UFMA
INTRODUÇÃO:
INTRODUÇÃO
Loli (2000a) utiliza no seu livro o conceito de alexitimia para relacionar ao que ela observou de modo constante nas pacientes obesas, que foi a dificuldade e/ou a incapacidade de refletir sobre os acontecimentos mobilizadores de emoção. Ou seja, algumas pacientes não conseguiram expressar seus afetos e muitas vezes confundiam a sensação de fome com sentimentos de angústia e depressão, agressividade e necessidade de afeto. Pesquisas sugeriram que a alexitimia é freqüentemente observada em pacientes obesos (De Chouly de Lenclave, Florequin & Bailly, 2001). A alexitimia tem também sido apontada em muitos estudos como associada a diferentes patologias, mas ainda precisa ser elucidada nessa população específica. O presente estudo torna-se relevante uma vez que não se conta com pesquisas voltadas especificamente para o estudo da alexitimia com pacientes obesos severos. O estudo avalia a presença de alexitimia em pacientes obesos grau III, antes e depois de cirurgia bariátrica, e estima o grau de associação entre essa variável e o IMC em cada grupo.
METODOLOGIA:
MÉTODOS
O delineamento metodológico foi correlacional de tipo cross-sectional. Esse modelo de pesquisa baseia-se na comparação de dois grupos cujos participantes estejam em estágios diferentes de um processo desenvolvimental ou tenham idades cronológicas diferentes. Participaram do estudo 65 pacientes (Gr 1: pré-cirúrgico vs. Gr 2: pós-cirúrgico), predominantemente do sexo feminino (92,3%), que responderam a Versão em Português da Escala de Alexitimia de Toronto – TAS.
RESULTADOS:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na TAS, o escore médio total e de F1 (habilidade de identificar e descrever sentimentos e distingui-los de sensações corporais) foram maiores no Gr 1 do que no Gr 2 (respectivamente, p< 0,01 e p< 0,005). Houve correlação negativa e significante, ainda que modesta, no Fator 2 da TAS no Grupo 1 (r= -0,35, p< 0,05), que diz respeito ao sonhar acordado, indicando que o nível de fantasia tende a decrescer com o aumento do IMC. Tomando como ponto de corte para a alexitimia o escore acima de 74 (incluindo) e não alexitímico o escore abaixo de 62 (incluindo), no Grupo 1, 28,12% ficaram acima de 74 e 31,25% abaixo de 62, enquanto que 40,62% ficaram entre 63 e 73, faixa em que uma avaliação conclusiva sobre a alexitimia não é possível. No Grupo 2, 45,45% ficaram abaixo de 62 e apenas 9,09% acima de 74. E 45,45% ficaram entre 63 e 73.
CONCLUSÃO:
CONCLUSÕES
A alexitimia presente principalmente antes da cirurgia (28,12%) pode ser vista como uma alexitimia secundária. Segundo Yoshida (2006), esse tipo de alexitimia é definida como um estado transitório ou às vezes prolongado, se manifesta em pacientes com alguma doença incapacitante e pode ser um estilo defensivo que surge em situações específicas em que os limites dos recursos adaptativos da pessoa sejam ultrapassados. Ou ainda pode refletir num fator de proteção contra a significação emocional à gravidade da doença ou do acontecimento. É preciso enfatizar, com base nos resultados encontrados, que não se pode concluir que os obesos severos, principalmente os candidatos à cirurgia sejam mais alexitímicos do que não-obesos. Os resultados dessa pesquisa, de certa forma, são esclarecedores quanto à proporção de alexitimia nessa população, mas pesquisas são necessárias para elucidar melhor esse aspecto, que ainda é pouco estudado. Por fim, os resultados caracterizam o modo de funcionamento psicológico dos participantes aptos à cirurgia bariátrica e assinalam uma diminuição da sintomatologia psicopatológica na proporção da perda de peso após a cirurgia bariátrica.
Palavras-chave: Obesidade Grau III, Alexitimia, Cirurgia Bariátrica.