65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
ESPAÇOS E ESTRATÉGIAS DIALÓGICAS PARA EXPERIMENTAÇÃO DIDATICA NO ENSINO DE FÍSICA
André Luis da Silva - Licenciatura em Física – UNESP Campus de Rio Claro – SP
Eugenio Maria de França Ramos - Prof. Dr. / UNESP Campus de Rio Claro – SP
INTRODUÇÃO:
Apresentamos neste trabalho parte de um estudo exploratório, desenvolvido nos anos 2011 e 2012, sobre a utilização de laboratórios didáticos em quatro escolas de Educação Básica do município de Rio Claro – SP, sendo três delas de ensino médio e outra do segundo ciclo do ensino fundamental. Inicialmente, diagnosticamos a situação dos laboratórios e identificamos a sua utilização para o Ensino de Física, a partir de observações diretas e pelo contato com professores. Em seguida planejamos e realizamos atividades didáticas com materiais experimentais, inclusive experimentos construídos com materiais de baixo custo (FERREIRA e RAMOS, 2008), em tais escolas. Procuramos discutir diferentes estratégias pedagógicas e analisamos o papel do Laboratório Didático (ALVES FILHO, 2000) no desenvolvimento de competências e habilidades dos alunos relacionadas à aprendizagem de Física (ANDRADE, 2011; BLOSSER, 1988; FERREIRA, 1978). Entendemos que o ensino de Física propedêutico, centrado no professor, não cumpre os objetivos que o ensino se propõe a realizar. É neste contexto que a reflexão sobre possíveis espaços e estratégias experimentais mais adequadas ao contexto brasileiro tornam-se relevantes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
a) Estudar a situação dos laboratórios de ciências e a sua utilização para o ensino de Física, b) realizar análise bibliográfica de legislação sobre as edificações escolares, c) propor atividades didáticas experimentais nos ambientes escolares possíveis e d) discutir o papel do Laboratório Didático no desenvolvimento de competências e habilidades, nos alunos, relacionadas ao conhecimento de Física
MÉTODOS:
Para diagnosticar a situação dos laboratórios de ciências e a utilização deles para o ensino, foi realizada uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório com características etnográficas (BOGDAN & BIKLEN, 1994) durante o desenvolvimento de atividades didáticas, tendo como base anotações em caderno de campo, visitas às escolas e uma pesquisa documental e bibliográfica.
Numa segunda etapa, foram implementadas algumas atividades didáticas experimentais utilizando os recursos disponíveis nas escolas públicas de ensino médio. Foram realizadas atividades de laboratório (uma no nível fundamental e duas no nível médio) além de oficinas com a montagem de materiais didáticos experimentais (uma em cada um dos níveis escolares, fundamental e médio).
Aspectos conceituais e históricos do uso de laboratórios de ciências nas escolas foram tratados a partir de uma pesquisa documental, discutindo a questão da função do laboratório didático para o desenvolvimento de competências e habilidades.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Das estratégias estudadas, destacamos três: (a) Experimento de Cátedra ou Demonstração: o professor realiza a prática experimental e os alunos observam, fazem questionamentos, elaboram hipóteses etc.; (b) Laboratório com roteiro: os alunos realizam a prática experimental orientados por um roteiro, incorporando principalmente os procedimentos experimentais; (c) Construção de materiais didáticos e estudo do funcionamento dos protótipos: possibilita maior contato dos alunos com os experimentos.
Como não é possível simplesmente transferir conhecimento aos alunos (FREIRE, 1987), a aprendizagem - mediada pelo professor - se dá por meio da relação dialética entre o aluno, enquanto sujeito cognoscente e o objeto de estudo, no caso, os conceitos da Física. Esse aspecto pode ficar mais evidente com a utilização de materiais didáticos experimentais de uma forma dialógica. A aula de cátedra sobre eletrostática ilustra essa análise: a hipótese inicial de um dos alunos para o canudinho de refrigerante eletrizado grudar na parede foi “porque ele esquenta” e após algum tempo, o próprio aluno refutou sua hipótese ao perceber que o canudinho ainda permanecia grudado mesmo após ter esfriado.
Por isso entendemos que a experimentação didática pode proporcionar situações de ensino para ir além do treinamento de métodos, proporcionando a reformulação conceitual (AXT, MOREIRA e SILVEIRA, 1990) ou a construção pelos estudantes de ancoras conceituais (MOREIRA e MASINI, 1982).
CONCLUSÕES:
Nas escolas que estudamos e trabalhamos, os laboratórios - quando existentes - não funcionam como laboratório didático. Eles eram utilizados para outras finalidades, tais como laboratório de informática, sala de reunião de professores, depósito de materiais ou simplesmente desativados.
Entretanto a ausência de um espaço específico pode ser enfrentada, com a utilização da sala de aula, ou de espaços alternativos como o pátio e a cozinha da escola. Ressaltamos que isso não deve significar que o laboratório é dispensável, mas que sua ausência não sirva de obstáculos a utilização de experimentos no Ensino de Física.
Propostas experimentais com material de baixo custo, possibilitaram que os alunos manipulassem os experimentos com maior liberdade e ainda reproduzissem as atividades desenvolvidas em sala de aula, em outros ambientes.
Além disso, observamos que no diálogo didático - ao perder o medo de expor suas ideias e reformulá-las quando necessário - o processo de reformulação conceitual torna-se acessível ao aluno, pois percebem que errar é parte do processo de aprendizagem.
Notamos que os professores desconsideram a experimentação em suas estratégias didáticas, e muitos se pautam em resolução de listas de exercícios, o que talvez justifique a situação de abandono dos espaços didáticos para a experimentação.
Palavras-chave: Laboratório didático., Estratégias Didáticas Experimentais., Ensino de Física..