65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 2. Linguística Histórica
O MOVIMENTO DO VERBO E O EFEITO V2 NA HISTÓRIA DO ESPANHOL
Thamires dos Santos Izidio - Bolsista PET/Conexões de Saberes/ Letras da UFRPE/UAST graduanda do curso de Li
Marcelo Amorim Sibaldo - Professor Doutor do Curso de Licenciatura Plena em Letras (UFRPE / UAST)
INTRODUÇÃO:
Os estudos em gramática gerativa mostram que existem diversas posições em que o núcleo verbal pode ser abrigado: (a) o núcleo V° como no exemplo do inglês: John [Suj] often [ADV] kisses [V°] Mary; (b) o núcleo I°/T°, como no Francês: Jean [Suj] embrasse [V] solvente [ADV] Marie; e o núcleo C°, como ocorre em línguas V2, línguas em que o verbo ocupa a segunda posição na oração, como no alemão: “Diesen Roman [O] las [V] ich [Suj] schon letzetes Jahr”. Este estudo analisa a ordem do verbo nas sentenças finitas raízes e encaixadas na história do espanhol, delimitando como quadro teórico o programa minimalista (CHOMSKY, 1995). A hipótese deste trabalho é a de que o espanhol antigo era uma língua de sistema V2, ou seja, um sistema em que, nas sentenças raízes finitas, o verbo se aloja no núcleo funcional C°, exatamente como propõe Fontana (1993), que ainda observa que o espanhol arcaico era uma língua com V2 simétrico entre sentenças principais e subordinadas. Assumiremos o princípio de economia da teoria de Princípios & Parâmetros (CHOMSKY, 1995), que propõe que o movimento sintático tem apenas a finalidade de checar traços formais. Dessa forma, o movimento do verbo para cada posição dependerá da força que cada uma delas tem para atrair o núcleo verbal para si.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Objetivamos descrever o fenômeno da posição e o movimento do verbo no espanhol diacronicamente, trazendo o embasamento teórico do modelo gerativista, para explicação das possíveis mudanças que ocorreram no sistema do espanhol. A hipótese deste trabalho é a de que o espanhol arcaico é uma língua de efeito V2.
MÉTODOS:
Os dados selecionados para a análise foram delimitados da seguinte forma: (i) no período do espanhol Arcaico e Medieval, foram selecionados documentos a partir do século XVII até a primeira metade do século XX, coletados do Banco de Dados do Portal de Archivos Españoles (PARES) do Ministério de la Cultura y Desportes, delimitados em orações declarativas e finitas, selecionou-se os gêneros cartas (narrativas), por serem os tipos que melhor refletem a língua falada no período; (ii) para o espanhol Moderno, foram selecionados recortes de textos de revistas e jornal impresso do início do século XX. Para a análise dos dados, lançamos mão da Teoria de Princípios & Parâmetros em sua versão da Teoria Minimalista (CHOMSKY,1995). Adotamos o método de procedimento comparativo, uma vez que o espanhol, língua analisada, é comparada a outras línguas pertinentes à pesquisa e, por método de abordagem, utilizaremos o indutivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Segundo Fontana (1993), o espanhol antigo, diferentemente do espanhol moderno, era uma língua V2 do tipo do iídiche, que apresenta simetria entre orações principais e subordinadas com relação ao movimento do verbo. Em (1.a e b) temos um exemplo do iídiche e (1.c e d) do espanhol antigo: (1) a. Oyfn veg vet dos yingl zen a kats; b. Oyfn veg vet dos yingl zen a kats.”/ c. Este logar mostro dios a abraam./d. Quando esto oyo el Rey [...]. A partir dos dados analisados, percebemos que, no iídiche, em qualquer tipo de oração, o verbo finito está em segunda posição seguindo um elemento XP qualquer. Da mesma forma, o espanhol arcaico apresenta uma ordem V2, tanto em orações principais (1.c) quanto em orações subordinadas (1.d). Zubizarreta (1998) propõe que o espanhol moderno seja uma língua do mesmo tipo de algumas línguas germânicas como Islandês e, apesar de o espanhol arcaico parecer ser uma língua de efeito V2, os dados em (2) mostram que diversos tipos de constituintes podem ocupar também a posição da ordem V2 no espanhol moderno: a. atrasadas estaban, sin duda, las universidades de españa/ b. ya verá usté (um advérbio)/ c. hondísima mella produja em su corazón (objeto direto), o que parece corroborar com o fato de o espanhol moderno perder a característica V2 do espanhol arcaico.
CONCLUSÕES:
Concluímos que a comparação entre as duas fases do espanhol mostrou que há aspectos que de forma isolada não podem distinguir as duas fases. Os dados apresentados confirmam o fato de que as gramáticas diferentes podem gerar estruturas superficiais idênticas. Nesse sentido, o espanhol antigo não pode ser caracterizado como uma língua V2 somente por apresentar ordem superficial V2 ou não, assim como o atual também não pode ser caracterizado pelo mesmo critério.
Palavras-chave: Ordem V2, Espanhol, História.