65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 3. Projeto de Arquitetura e Urbanismo
GEOMETRIA DE FACHADAS EM HABITAÇÕES DO TIPO PALAFITA DA AMAZÔNIA
Danielli de Araújo Felisbino - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo- UFPA
Ana Klaudia de Almeida Viana Perdigão - Profa. Dra./Orientadora- Faculdade de Arquitetura e Urbanismo- UFPA
INTRODUÇÃO:
O espaço tradicional de habitar amazônico apresenta forte relação de dependência com o corpo d’água, as características geomorfológicas determinam a ocupação de áreas alagáveis criando assim uma variedade de moradias tradicionais da cultura ribeirinha (TRINDADE JR, 2002). Contudo, trata-se de uma solução não se restringe aos rios amazônicos (WEIMER, 2005).
A arquitetura vernácula é a ciência natural da construção, a cultura própria de cada povo. O desafio da demanda de construções sociais e sustentáveis somente será resolvido com a ajuda desta forma tradicional de arquitetura (OLIVER 2006). A tradição torna-se um elemento importante na caracterização da arquitetura vernácula de modo que a memória assume um papel maior que a tendência à inovação (SILVA, 1994).
A elaboração de formas é aprendida mediante à prática empírica, através da imitação e da correção gradativa. Dessa maneira, os usuários da arquitetura vernácula geralmente não conhecem outro padrão arquitetônico e, de modo geral, consideram o seu próprio como satisfatório (ALEXANDER,1971).
O estudo visa comparar as relações geométricas pela análise de fachadas em casas do tipo palafita no município de Belém (PA) para melhor compreensão dos esquemas geométricos adotados como referenciais espaciais do habitar amazônico.
OBJETIVO DO TRABALHO:
- Selecionar modelos de palafitas que representam a tradição do habitar amazônico. - Sistematizar esquemas geométricos através de diagramas de fachadas para identificar rupturas e permanências de padrões habitacionais amazônicos.
MÉTODOS:
A metodologia priorizou a análise de referências bibliográficas e documental sobre o tipo, gramática da forma e arquitetura vernácula, além de aplicação de formulários abrangendo consulta verbal e não verbal e levantamento físico das habitações tipo palafita rural (Ilha do Combú) e urbana (Comunidade Vila da Barca) produzidas espontaneamente no município de Belém. Por fim, elaborou-se um quadro de esquemas com elementos que configuram o plano da fachada, identificando a variação entre os aspectos geométricos da palafita rural e urbana através da geometria e dimensão e disposição de janelas e portas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados apresentados ilustram elementos espaciais contidos no plano das fachadas das habitações tipo palafita, com base em levantamentos físicos e na aplicação de formulários com questões envolvendo respostas de natureza verbal e não verbal para atendimento de elementos mais significativos para os moradores.
Os indicadores comuns à aparência externa da moradia da produção espontânea demonstram em linhas gerais o vocabulário geométrico presente no padrão habitação socialmente produzida na Amazônia. As formas, medidas, aberturas, a cobertura, manifestam um modo peculiar de habitar no tipo palafita pela decodificação geométrica das atuais moradias selecionadas e analisadas. Assim, sistematizam-se propriedades espaciais genéricas a partir das quais se torna possível a elaboração de requisitos projetuais para atender à cultura amazônica no uso espacial.
O estudo das propriedades espaciais da produção espontânea de habitação amazônica (palafita rural e urbana) é associado à gramática da forma pela analise das referências espaciais através da comparação das fachadas, percebendo-se a permanência de um padrão de medidas e proporções entre os elementos tradicionalmente utilizados em áreas urbanas e em áreas rurais.
CONCLUSÕES:
A identificação de um padrão de fachadas pelos estudos do tipo e da gramática da forma em habitações amazônicas é um importante mecanismo para manutenção de elementos socialmente produzidos em habitações formalmente produzidas, de modo a valorizar os aspectos humanos da arquitetura, especialmente pela decifração de padrões espaciais que apoiariam as decisões do projeto de habitação social.
Palavras-chave: Projeto de arquitetura, Gramática da forma, Habitação Amazônica.