65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 8. História Regional do Brasil
UBERABA E A CIVILIZAÇÃO NO BRASIL CENTRAL – VISÕES DE HILDEBRANDO PONTES SOBRE A CIDADE DE UBERABA (MG) NOS PRIMEIROS ANOS DO SÉCULO XX
Jean Felipe Pimenta Borges - Graduando - Departamento de História - UFTM
Sandra Mara Dantas - Profa. Dra. - Departamento de História - UFTM
INTRODUÇÃO:
Hildebrando de Araújo Pontes foi um importante intelectual que pensou a História da região atualmente conhecida como Triângulo Mineiro e que foi autor de diversos estudos de caráter memorialístico e corográfico sobre a cidade de Uberaba. Em seu trabalho “História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central” apresenta um estudo sobre a cidade, ressaltando sua importância na região citada, sendo uma importante fonte para a compreensão de cidade e sociedade partilhada por este autor e pelos grupos aos quais se vinculava, pensando também a difusão dos valores de modernidade e progresso pelo interior do país.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Compreender as representações de modernidade e progresso presentes na obra de Hildebrando Pontes “História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central", pensando a penetração desses valores no interior do país.
MÉTODOS:
Alinha-se às perspectivas da História Cultural, recorrendo a análise da obra por meio do conceito de representação discutido por Roger Chartier, em sua obra “História Cultural: Entre práticas e representações” (2005) em discussão com as categorias de análise Modernidade e Progresso. A principal fonte utilizada foi o livro “História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central” que foi lido e fichado, privilegiando-se os trechos que auxiliavam à compreensão do objetivo proposto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Em seu trabalho, Hildebrando Pontes aponta que a cidade de Uberaba passou por profundas transformações nos quarenta anos compreendidos entre a chegada dos trilhos da Companhia Mogiana à região e o governo do prefeito Guilherme Ferreira. Destaca as reformas das casas e espaços públicos dentro dos padrões em voga da arquitetura e urbanismo, embora destaque inúmeros problemas de infraestrutura, como por exemplo, a tardia instalação dos serviços de saneamento básico, ou como dito à época, água e esgoto.
Ressalta dois momentos importantes para economia da cidade: a do sucesso do comércio fomentado pela chegada dos trilhos e a função que ele reforça na cidade – de mediadora do comércio entre o litoral e o interior do país – e o segundo momento que tem um importante papel ainda nos dias de hoje, representado pela valorização da pecuária por meio da introdução do gado Zebu. Ambos esses momentos fomentam as mudanças que são caracterizadas por Hildebrando Pontes como um processo de modernização da cidade que deixa suas características coloniais para trás e passa a apresentar a imagem moderna que mais combinava com a importância a ela atribuída por ele.
CONCLUSÕES:
A noção de modernidade e progresso partilhada por Hildebrando Pontes se alinhava aos ideais em voga naquele momento e que tinham suas raízes no momento que ficou conhecido como Belle Époque. Por meio de sua preocupação com o uso de novas técnicas e a valorização dos espaços de sociabilidade, bem como, com a sanitização da cidade por meio da instalação dos serviços de água e esgoto são exemplos que ligam esse autor e os grupos a que estava vinculado à concepção que, por exemplo, orientou a remodelação das cidades de Paris e do Rio de Janeiro, entre outras por todo o país.
No entanto, na forma como aparece as concepções de Hildebrando Pontes não eram partilhadas pelos grupos que estiveram no poder ao longo dos primeiros anos do século XX, o que fica patente pelo atraso em relação a instalação do serviço de água e esgoto na cidade, presente em seu texto.
Outro ponto importante é a constante valorização nesta obra da história da cidade no comércio em detrimento da discussão acerca dos feitos da pecuária, apontando para uma concepção diferente partilhada pelo autor de progresso. Nesse ponto, também pudemos inferir que o havia uma preocupação com a perda da importância pela cidade, a medida que sua economia se voltava para essa atividade que dificultava o diálogo com as demais localidades da região.
Palavras-chave: Modernidade, Progresso, Cidade.