65ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 1. Enfermagem de Doenças Contagiosas |
CÍRCULO DE CULTURA PARA O AUTOCUIDADO APOIADO DE ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA: AÇÃO PARA PREVENÇÃO DE DST/AIDS |
Izaildo Tavares Luna - Depto. de Enfermagem - UFC Kelanne Lima da Silva - Depto. de Enfermagem - UFC Agnes Caroline Souza Pinto - Depto. de Enfermagem - UFC Carlos Colares Maia - Depto. de Enfermagem - UFC Michel Platinir Ferreira da Silva - Faculdade Metropolitana de Fortaleza - FAMETRO Patrícia Neyva da Costa Pinheiro - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Enfermagem - UFC |
INTRODUÇÃO: |
A adolescência é uma fase marcada de alterações biopsicossociais que influenciam no processo de crescimento e desenvolvimento natural e na formação da identidade social e sexual do adolescente. Tais transformações torna-os susceptíveis aos riscos que podem aumentar a vulnerabilidade às Doenças Sexualmente Transmissíveis e a Aids. Diante dos diversos fatores que envolvem a adolescência, percebe-se ainda maior vulnerabilidade às DST/Aids nos adolescentes em situação de rua, visto que o despertar da sexualidade ocorre sem informações necessárias para o comportamento sexual saudável. Nesse contexto, o enfermeiro, ao realizar assistência com esse público, precisa priorizar a clínica da narrativa e da empatia, onde o profissional, escuta a história do usuário, deixa fluir sua história livremente e não, simplesmente, faz com que ele responda a questões fechadas e adote uma maneira singular de acolher e compreender a história dos usuários. Contudo, visualiza-se a metodologia freireana, que favorece o trabalho em grupo, a integração dos sujeitos envolvidos no processo, a troca de experiências, informações e a conscientização, sensibilizando o sujeito à mudança de comportamento e, consequentemente, à melhoria da qualidade de vida, como instrumental de promoção do autocuidado apoiado. |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
Promover o autocuidado apoiado com adolescentes em situação de rua acerca da prevenção de DST/Aids por meio do Círculo de Cultura. |
MÉTODOS: |
Estudo de abordagem qualitativa, descritivo, exploratório, que utilizou a pesquisa ação, apoiada no referencial teórico de Freire. A investigação foi desenvolvida de janeiro a abril de 2011 no Núcleo Albergue instituição vinculada a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Estado do Ceará. Os participantes da estratégia educativa foram 19 adolescentes de 12 a 17 anos, de ambos o sexo, sendo esse o número de participantes dos Círculos de Cultura. A seleção dos participantes atendeu aos seguintes critérios: ser adolescente em situação de rua frequentador do albergue e apresentar condições físicas e psíquicas para participar da pesquisa. Os procedimentos e técnicas utilizadas no Círculo de Cultura foram oficinas em dinâmica de grupo, observação participante, gravação dos debates produzidos pelo grupo e anotações em diário de campo. As informações foram organizadas, mediante descrição dos resultados transcritos obtidos a partir das falas dos participantes na íntegra, ordenadas pela narração e discussão, seguindo a sequência do Círculo de Cultura, permitindo assim a análise e interpretação das informações, pelo grupo, do significado da experiência do pesquisador/facilitador. Os resultados obtidos por meio do processo dialógico e argumentativo do Círculo de Cultura foram interpretados à luz da proposta do autocuidado apoiado. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
No Círculo de Cultura emergiram discussões a respeito do uso de drogas e o sexo fácil como fatores condicionantes para atitudes de risco que motivam o adolescente a práticas sexuais com múltiplos parceiros e sem adoção de proteção individual. O diálogo do grupo acerca do tema gerador suscitou os seguintes discursos: [...] na rua tem muita drogas você sabe né?, aí os pivetes depois que se drogam fazem sexo de todo jeito e não usam camisinha (Jasão); [...] Na rua ninguém tem medo de nada não. Na rua ninguém se preserva. Os pivetes têm medo de nada não. Medo de pegar doença?[...] se eu tivesse medo, nunca que eu ficaria nas ruas (Pólux); Eu pegava as meninas que usavam drogas. Elas me chamavam para fazer sexo com elas e eu ia. Nem queria saber se elas andavam portando doenças no corpo [...](Cadmo); [...] é o que mais tem na rua são meninas fazendo programa com os gringos, aí ficam doentes e você transa com ela e pega a doença, por isso não pode confiar né?(Aquiles). De acordo com os relatos dos adolescentes, notou-se que as atitudes frente as práticas sexuais, propiciavam a negação do uso do preservativo como forma de proteção das DST/Aids, pois para alguns, essas doenças não são tidas como um problema, sendo consideradas praticamente inofensivas, o que não despertava neles a preocupação com a adoção de medidas preventivas durante as relações sexuais. |
CONCLUSÕES: |
Com a realização desse estudo, verificou-se que a metodologia freiriana, Círculo de Cultura, constitui estratégia para promoção o autocuidado apoiado, pois o espaço reflexivo, mediado pela ação dialógica, problematizadora e emancipatória proposta pelo referencial freireano, contribui para que os participantes reflitam sobre o compromisso e a responsabilização com sua saúde. Percebeu-se que para promover o autocuidado apoiado, é necessário que o enfermeiro, enquanto facilitador do processo educativo respeite o saber prévio dos participantes e contribua para que os sujeitos reconheçam as situações de risco que se encontram expostos e apliquem o conhecimento adquirido para se proteger das DST/Aids, tornando-se agentes responsáveis pelo seu processo saúde-doença. Acrescenta-se ainda que, a estratégia educativa norteadas pela metodologia do Círculo de Cultura permitiu aos adolescentes, a aquisição de novos conhecimentos sobre a problemática que envolve as DST/Aids e mesmo que não gerem imediata mudança de comportamento, favoreceram um repensar de suas práticas e atitudes frente a sexualidade. |
Palavras-chave: Educação em Saúde, Doenças Sexualmente Transmissíveis, Adolescência. |