65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
A PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO RECIFE SOBRE IMPACTOS AMBIENTAIS.
Fabíola Marcela de Andrade Silva Albuquerque - Graduanda de Licenciatura em Ciências Biológicas, UFRPE, Recife/PE
Carmen Roselaine de Oliveira Farias - Profª. Drª./Orientadora - Depto. de Biologia, UFRPE, Recife/PE
Monica Lopes Folena Araújo - Profª. Drª./Coordenadora - Depto. de Educação, UFRPE, Recife/PE
INTRODUÇÃO:
A consciência de que fazemos parte do ambiente, devendo protegê-lo e cuidá-lo, depende de nossa percepção ambiental. Nem todos os indivíduos percebem, refletem e respondem da mesma forma às ações sobre o ambiente em que vivem. As respostas são resultados das percepções individuais e coletivas, assim como dos processos cognitivos de cada pessoa. Desta forma, o estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para que possamos compreender melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente, suas expectativas, julgamentos e condutas. Alguns estudos têm revelado que muitas vezes a população não se sente parte responsável pela qualidade do seu ambiente. Essas concepções tendem a se tornar obstáculos à formação de valores, conhecimentos e ações voltados à sustentabilidade socioambiental. Sendo assim, faz-se necessário conhecer, através da sondagem, as visões que os estudantes têm sobre o seu lugar de vida, assim como das causas e consequências dos impactos ambientais locais, antes de se iniciar qualquer trabalho de intervenção voltado à Educação Ambiental. Acreditamos que tais sondagens têm a importante função de constituir um instrumento adequado para que professores e estudantes exponham e esclareçam suas concepções sobre os problemas socioambientais que os afetam.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho foi identificar e compreender as concepções de estudantes do ensino médio de uma escola pública do Recife sobre os impactos ambientais, bem como sobre suas causas e consequências.
MÉTODOS:
A atividade foi desenvolvida com 23 estudantes dos 1º e 2º anos do ensino médio, de uma escola pública do Recife. Foi solicitado que escrevessem em dois pedaços de papel, a principal causa e consequência de um impacto ambiental de que tivessem conhecimento. Em seguida, esses papéis foram fixados no quadro, fazendo uma ligação da causa com sua respectiva consequência, de modo que foram formadas 23 duplas referentes aos impactos ambientais conhecidos pela turma. Em seguida iniciamos uma contextualização de cada situação levantada pelos estudantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Pudemos observar o predomínio de uma visão reducionista dos impactos ambientais entre os alunos, pois os mesmos fazem maior associação à ação do homem como poluidor. Segundo os alunos, o homem causa “desmatamento”, “poluição”, entre outras causas e associam a estas as respectivas consequências: “matança de animais, poluição, destruição das florestas”, “buraco na camada de ozônio”. Nenhum dos alunos se referiu a uma ação benéfica do homem como um impacto ambiental, como se esta relação não fosse possível. Esta visão traz como desvantagem o afastamento entre o homem e o meio natural. Alguns alunos associam o impacto ambiental à poluição, ficando constatado quando 69,5% dos alunos associaram a poluição como uma causa de impactos ambientais, contrapondo a 26% dos alunos que se referiram aos desmatamentos. Foi possível também evidenciar que alguns alunos associam fenômenos naturais a impactos ambientais, onde um aluno se referiu aos terremotos como impacto ambiental. Diante disso, ficou evidente que os alunos não conseguem diferenciar muito bem causa e consequência em um impacto ambiental. Assim, como nos diz Carvalho (2008) é preciso investir na educação ambiental nas escolas para que possamos mudar “as lentes” para olhar o mundo.
CONCLUSÕES:
A Educação Ambiental (EA) pode ser uma ferramenta na mudança das atitudes na relação homem-ambiente, permitindo o desenvolvimento de uma prática social mediada pela construção do conhecimento, que refletirá, conscientemente, sobre a realidade. É um processo que requer mudanças na sua identidade e postura diante do mundo. Para isso é necessário trabalhar questões ambientais com os professores para sensibilizá-los quanto às questões ambientais e torná-los multiplicadores dentro da sala de aula. A EA abre espaço para repensar práticas sociais bem como o papel dos professores como mediadores e transmissores de conhecimentos. Estes conhecimentos são necessários para que os alunos adquiram uma base adequada de compreensão essencial do meio ambiente global e local, da interdependência dos problemas e soluções e da importância da responsabilidade de cada um. A problemática ambiental infere a necessidade de mudanças nos padrões de comportamento humanos para diminuir o ritmo de degradação dos aspectos necessários a nossa sobrevivência. Diante dos resultados obtidos, concluímos que os alunos apresentam algumas concepções errôneas a respeito de impactos ambientais, necessitando de uma melhor contextualização sobre o assunto.
Palavras-chave: Percepção Ambiental, Impactos Ambientais, Ensino- aprendizagem.