65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
A PRÁXIS PEDAGÓGICA INCLUSIVA DIANTE DO CONHECIMENTO DO ALUNO SURDO: UM OLHAR SOBRE OS PROBLEMAS QUE ENVOLVEM DIVISÃO
NELMA CARLA FLORENCIO VILAR - PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE
INTRODUÇÃO:
Nos dias atuais as discussões acerca da educação de surdos recaem sobre as práticas desenvolvidas nos diversos espaços educacionais. Nesse sentido, a educação de surdos se apresenta como um assunto polêmico que requer atenção de pesquisadores, pois, de acordo com Carlos Skliar (1996) e Lacerda(1989) diferentes práticas pedagógicas apresentam uma série de limitações, geralmente levando os surdos ao final da escolarização básica, a não serem capazes de desenvolver satisfatoriamente o domínio adequado dos conteúdos acadêmicos. O governo determina a criação de classes inclusivas, a partir do Decreto 6.253/2007 a fim de incentivar a inclusão nas Instituições de Ensino. No entanto, a prática da sala de aula mostra o quanto os surdos são afetados, em relação à aquisição dos conhecimentos didáticos, devido às limitações impostas pela sociedade, já que esta não enfatiza as possibilidades lingüísticas culturais desse grupo de acordo com Melo (2007).Diante disso, o referido trabalho focou as estratégias desenvolvidas em sala de aula pelo professor para ensinar e pelos alunos surdos e ouvintes para resolverem os problemas que envolvem a divisão, uma vez que os mesmos já tenham noções de construção de conceitos matemáticos em suas experiências diárias.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Compreender as estratégias desenvolvidas pelos professores e pelos alunos surdos e ouvintes, da Rede Municipal do Recife para o ensino e aprendizagem da divisão em salas inclusivas. Realizar um levantamento da forma de ensino dos professores e dificuldades ao ensinar a divisão em sala. Analisar as estratégias desses alunos na resolução dos problemas de divisão.
MÉTODOS:
O estudo contou com uma pesquisa bibliográfica e de campo que discutiu a temática numa perspectiva crítica e questionadora da prática pedagógica com crianças Surdas e Ouvintes e professores, do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental (antiga 3ª e 4ª série), de ambos os sexos, de uma escola da rede municipal localizada em Recife. As salas investigadas foram o 4º ano e 5º ano do ensino fundamental por abordarem formalmente o conteúdo da divisão de acordo com as Diretrizes e Bases Nacionais e propostas pedagógicas do Estado, dentre outros documentos oficiais, onde teoricamente deram suporte aos professores e disponibilizaram recursos para realizarem práticas pedagógicas adequadas ao conteúdo das séries acima citada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Perceberam-se alguns sucessos, no que se refere à prática pedagógica dos professores aplicada em sala de aula com alunos surdos e ouvintes numa atuação mais reflexiva, no que diz respeito à modificação na forma de trabalhar os conteúdos curriculares, No primeiro momento foram elaborados os testes contendo problemas que envolvem divisão por quota e por partição. Em seguida, foram realizadas as coletas de dados individualmente, dos alunos surdos e ouvintes, na qual, foi aplicado o teste, a fim de verificar o conhecimento que ambos têm acerca dos problemas de divisão e como eles resolveram através da idéia de partição e quota com instrução formal e instrução informal. As atividades foram explicadas individualmente e em LIBRAS para os surdos e oralmente para os ouvintes. Além disso, houve reelaboração do Projeto Político Pedagógico para possíveis adaptações, conforme as necessidades do grupo.
CONCLUSÕES:
Nesse sentido, foi percebido que a criança surda apresentou mais dificuldade do que a criança ouvinte na resolução de problemas matemáticos, devido às mesmas precisarem fazer inferência para solucionarem os problemas apresentados. Nunes (2004) considera que a criança surda tem mais dificuldade, visto que deverá inferir uma parte do problema que não está explícita. Pois, comparando os surdos com ouvintes foi percebido que nas atividades de inferência quando não é apresentada uma das partes do problema na imagem a resolução do mesmo torna-se difícil por parte da criança. Com relação ao ensino da matemática para alunos surdos muitos pesquisadores como Oliveira (2007); Dorziat (2004) chamam a atenção de profissionais que trabalham com esse público para a importância de reavaliar e tecer considerações a respeito de como estão sendo ensinados os conceitos matemáticos para os
surdos, de modo a ressignificar o trabalho pedagógico realizado nas Instituições, especialmente nos ambientes considerados inclusivos. Segundo Vasconcelos (2002) é preciso que haja uma relação autêntica, com confiança baseada na crença da possibilidade do outro, numa relação desarmada de preconceitos entre todos que estão inseridos no processo.
Palavras-chave: Educação de surdos, Rede Municipal do Recife, Inclusão nas Instituições de Ensino.