65ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

ENTRE RIOS E IGARAPÉS O CENÁRIO RIBEIRINHO: práticas docentes e projetos pedagógicos de educação ambiental no Pará

Valter Santos Vieira - FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS - UFPA Eleanor Gomes da Silva Palhano - Prof. Dra./ orientadora - FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS - UFPA Danielly coelho Gomes Leite - CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO- UEPA

INTRODUÇÃO:

O presente trabalho investiga as práticas pedagógicas dos professores ribeirinhos em educação ambiental, bem como as ações que se constituem transformadoras no interior das escolas- Unidades Pedagógicas das Ilhas de Ilhas Grande e do Combu Belém – Pa. O estudo possibilitou verificar, a contribuição das ações para a construção de projetos educacionais voltados para o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem dos alunos ribeirinhos na área da educação ambiental. Constatamos que a escola inserida no espaço amazônico assume um papel singular, caracterizando-se como uma instituição que incorpora os saberes e a cultura local. Conforme destaca HAGE (2006) a região amazônica ocupa, aproximadamente, 61% do território nacional e possui a maior área preservada de floresta, tropical do planeta, com 250 milhões de hectares de floresta onde estão estocadas, aproximadamente, 14 bilhões de m³ de madeira comercial. Diante disso, podemos considerar que as práticas pedagógicas dos professores pesquisados agregam valores culturais da comunidade, propiciando ações contextualizadas com o cotidiano dos alunos ribeirinho com a temática voltada para a educação ambiental.

OBJETIVO DO TRABALHO:

O estudo investigou as práticas de educação ambiental dos professores que atuam nas Ilhas do Combu e Grande no ano de 2011 e 2012; estudou a educação ribeirinha e o meio ambiente proporcionando examinar os projetos educacionais dos professores, desenvolvidos com os alunos das ilhas de Belém. O estudo oferece ainda elementos educativos para promover um novo tipo de desenvolvimento sustentável.

MÉTODOS:

Este estudo partiu de uma investigação voltada para pesquisa bibliográfica, documental e histórica, além da investigação in lócus em Unidades Pedagógicas da Ilha do Combu e Ilha Grande, bem como em instituições públicas; entre elas o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Como procedimento metodológico, utilizou-se um roteiro de entrevistas semiestruturado aplicados a 8 professores: distribuídos da seguinte forma: 4 professores que lecionam na escola localizada na ilha Grande e 4 professores da escola na ilha do Combu. Os entrevistados possuem ensino superior completo. Coordenam turmas de educação infantil e ensino fundamental menor. No âmbito da pesquisa bibliográfica, documental e histórica levantou-se informações, em instituições públicas: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, direcionando para a construção de um banco de dados acerca da educação e território da área insular de Belém. Investigou-se in lócus nos Unidades Pedagógicas da Ilha do Combu e Ilha Grande.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

A Amazônia ocupa um lugar de destaque, seja pela sua biodiversidade ou pelos seus povos, entre eles indígenas, ribeirinhos, quilombolas que realizam atividades econômicas e de subsistência baseados na agricultura, extrativismo e na pesca. A educação ambiental é uma prática que dialoga com a questão do meio ambiente, visando a mudança de valores, de atitudes e comportamentos para o estabelecimento de uma nova relação entre o homem e o meio natural (Layrargues, 2009). Constatamos que os professores ribeirinhos, são sujeitos capazes de articularem saberes necessários à transformação exigida pela comunidade local. Os problemas ambientais afetam sobretudo, as populações que convivem diretamente com a floresta e com os rios. Dentre eles, o acúmulo de lixo, poluição da água, a erosão e o desmatamento. O estudo compreende como os professores consideram em suas práticas pedagógicas a educação ambiental: “É preservar as florestas que nos fornecem tantos benefícios, diretos ou indiretos” (Prof. 5 – UP da ilha Grande); “(...) a educação ambiental é um processo de aprendizagem que está estreitamente vinculada ao lugar onde o indivíduo se encontra e que se deva agregar respeito, cuidado e preservação ao mesmo. (Prof. 7- UP da ilha do Combu).

CONCLUSÕES:

Os professores das ilhas desenvolvem ações sustentadas na produção de saberes pedagógicos envolvendo o marco norteador da educação ambiental (lei nº 9795). Esta pesquisa objetivou verificar a prática dos docentes ribeirinhos. Estes deixam de ter a mera função de transmissores de informações e passam a assumir um posicionamento crítico considerando as possibilidades educativas na matriz ambiental, articulando ensino e aprendizagem com os seus alunos. Os professores envolvidos realizam a mediações necessárias do currículo com a realidade cultural local, permitindo aos alunos encontrarem sentido no objeto estudado. Verificamos que, no período de 2011 e 2012 vários projetos foram realizados nas escolas pesquisadas, cujos temas destacam: “Viajando na economia, culturas e lendas da Ilha Grande”, cujo o subtítulo “As frutas as ervas, e o pescado que alimentam, curam e geram renda às famílias ribeirinhas”; “(Re) lendo e (Re) escrevendo com o meio ambiente”. O cenário das ilhas apresentam um diferencial: o educador ambiental neste espaço escolar de forma sistemática reflete com os seus educandos a relação do homem com a natureza.

Palavras-chave: Práticas pedagógicas, Educação Ambiental, Professores.