65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
POTENCIAL RIQUEZA DE ANUROS NA COMUNIDADE BOM JESUS, FLORESTA NACIONAL DE TEFÉ - AM
Márcia Andréa de Oliveira Lemos - Acadêmicos de Ciências Biológica, Universidade do Estado do Amazonas, CEST/AM
Rosiely da Silva Cabús - Acadêmicos de Ciências Biológica, Universidade do Estado do Amazonas, CEST/AM
Miriam Rodrigues - Acadêmicos de Ciências Biológica, Universidade do Estado do Amazonas, CEST/AM
Juliana Vaz e Nunes - Profa. MsC. Orientadora, Universidade do Estado do Amazonas, CEST/AM
INTRODUÇÃO:
O Brasil é líder mundial em diversidade de anfíbios, com 913 espécies, a maioria descrita nos últimos 40 anos sendo que a Bacia Amazônica comporta boa parte dessa diversidade. Entretanto, a pesquisa sobre a biodiversidade na Amazônia enfrenta restrições em relação à falta de informações, a organização de informações disponíveis, infra-estrutura para coleta e armazenamento de material biológico e à falta de recursos humanos qualificados na região. O declínio de populações de anfíbios no Brasil é pobremente documentado e pouco compreendido. Isto se deve, principalmente, à falta de conhecimento sobre a biologia das espécies e à falta de estudos de monitoramento em longo prazo, associados à grande extensão territorial do país, diversidade de ambientes e alta riqueza de espécies de anfíbios. Esses animais formam um grupo proeminente em quase todas as comunidades terrestres. Mais de 80% de sua diversidade ocorre em regiões tropicais, cujas paisagens naturais estão sendo destruídas rapidamente devido às mudanças climáticas globais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do presente estudo foi realizar o levantamento de anuros na comunidade Bom Jesus localizada na Floresta Nacional (FLONA) de Tefé, Amazonas, avaliando a riqueza e a abundância da anurofauna, assim como registrar os hábitats e microhábitats utilizados pelas espécies.
MÉTODOS:
A coleta de dados foi realizada na Comunidade Bom Jesus (3°31’27.64"S e 64°58’15.68” O) na FLONA de Tefé. Foram classificados dois tipos de hábitats: Floresta e Capoeira, as coletas foram realizadas em novembro de 2011 a julho de 2012 (exceção o mês de fevereiro) com excursões mensais de dois cada. Foi utilizado armadilhas de interceptação e queda (pitfall traps) e busca ativa limitada por tempo onde abrangeu todos os microhábitats comumente ocupados pelos anuros, classificados em três tipos: vegetação arbustiva de pequeno porte (menor que 1,5 metros), vegetação de médio porte (maior que 1,5 metros) e ambientes terrestres (solos úmidos). Os animais foram coletados manualmente, fotografados e soltos no mesmo local de captura. A identificação dos anuros foi efetuada com base na literatura especializada e fotografias de espécimes foram enviadas aos especialistas para identificação. A riqueza dos anuros foi considerada de acordo com o número de espécies registradas na área e a abundância foi avaliada como o número de indivíduos observados por espécie, sendo mais abundantes as espécies com maior número de indivíduos. Alguns espécimes coletados estão como material testemunho depositados na Coleção Acervo de Herpetofauna do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Tefé- AM.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram registradas 26 espécies de anuros, distribuídas em seis famílias: Aromobatidae (Allobates sp.), Bufonidae (Rhinella granulosus, Rhinella margaritifer, Rhinella marina, Rhinella proboscideus, Rhinella spp); Dendrobatidae (Ameerega hahneli, Ameerega trivittata, Ranitomeya toraro); Hylidae (Dendropsophus parviceps, Osteocephalus taurinus, Osteocephalus gr. taurinus, Osteocephalus sp., Phyllomedusa tomopterna, Scinax gr. x-signatus, Scinax sp.); família Leptodactylidae (Leptodactylus andreae, Leptodactylus fuscus, Leptodactylus hylaedactylus, Leptodactylus pentadactylus, Leptodactylus cf. podicipinus) e Microhylidae (Chiasmocleis avilapiresae, Chiasmocleis jimi, Chiasmocleis ventrimaculata, Ctenophryne geayi). A família Hylidae foi a mais representativa com 27% (n=7) das espécies registradas e a espécie mais abundante foi Leptodactylus fuscus, representando 21% dos indivíduos coletados. A maior riqueza de espécies foi registrada para as áreas de floresta (n=22), sendo que apenas dez espécies foram encontradas nas áreas de capoeira. O microhabitat mais utilizado pelos anuros foi a vegetação arbustiva de pequeno porte (62%; n=16), seguida pelo ambiente terrestre (31%; n=8). A vegetação de médio porte foi utilizada por cinco espécies (19%), todas da família Hylidae.
CONCLUSÕES:
Considerando o pequeno esforço amostral, este estudo permitiu levantar um número representativo da anurofauna local. Entretanto, são necessários novos estudos sistemáticos e em longo prazo de levantamentos na área para endossar a lista de anuros, pois, considerando a complexidade do ecossistema amazônico, o número de espécies deverá aumentar expressivamente. O conhecimento sobre a biodiversidade e a distribuição espacial dos organismos de uma unidade de conservação é uma das ferramentas básicas dentro de um plano de manejo, no entanto, na FLONA Tefé ainda não há inventários acerca da sua diversidade, sendo este estudo um primeiro passo para a criação de diretrizes de gestão da unidade de conservação.
Palavras-chave: Anfíbios, FLONA, Biodiversidade.