65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 10. Teoria e Metodologia da História
Protagonismo cultural e histórico: as fases da adolescência
Patricia Rosana de Lima Silva - Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco
INTRODUÇÃO:
Visando a necessidade de desenvolver no aluno competências necessárias ao conhecimento histórico-social, sempre procuro utilizar o recurso áudio-visual, com o desejo de contribuir de forma atraente para a aula de história. Através de minha prática tenho colhido bons resultados, contribuindo para formar mentes questionadoras, reflexivas e conscientes.
Pretendemos discutir neste trabalho, que o papel do professor nesse processo de ensino-aprendizagem é levar o jovem estudante a refletir e conscientizar-se da própria responsabilidade e papel de ator na construção do conhecimento. Para tanto, a base bibliográfica será os estudos de Marc Ferro sobre o recurso áudio-visual como documento histórico, e sobre o uso que foi feito desta mídia, na primeira metade do século XX, inclusive no período da Segunda Grande Guerra; as análises e a visão estético-filosófica de Walter Benjamim sobre o cinema, que discute a influência do capitalismo na arte e de como a arte pode libertar ou aprisionar as consciências da população não instruída para dela usufruir; e também passar por outros autores que também se dedicaram e se dedicam a estudar a relação cinema-história na sala de aula, como Cristiane Nova e outros.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Visando a necessidade de desenvolver no aluno competências necessárias ao conhecimento histórico-social, produzimos um curta-metragem cujo tema aborda os problemas e anseios dos jovens; e fundamos um cineclube para lançá-lo, contribuindo para formar mentes questionadoras, reflexivas e conscientes.
MÉTODOS:
De maio a junho planejamos e definimos tudo. As funções necessárias para a realização do trabalho: minha função como professora orientadora; escolha com os estudantes dos responsáveis por cada função (roteiro, produção, edição, divulgação). Depois definimos todos juntos os temas a serem abordados e como seria abordado (comédia, drama, documentário); Através de uma escolha democrática entre a roteirista e a turma, sob a coordenação da professora, foi decidida a filmagem de entrevistas ou depoimentos de jovens sobre temas da atualidade (jovem trabalhador, gravidez na adolescência, estilo alternativo, homossexualidade, drogas, crises familiares e pichação). Foram produzidos painéis de TNT com tintas spray, a ser utilizado nas gravações como imagem de fundo (que desenhos e quais cores utilizar); As filmagens ocorreram de julho a agosto. Foram escolhidos os entrevistados e cada filmagem de cada entrevista foi feita com uma câmera fotográfica no Laboratório de Ciências da Escola. Em setembro ocorreu a edição do curta e foram produzidos cartazes com cartolinas, para a divulgação do trabalho a ser apresentado na Semana de Seminários da Escola; O curta foi apresentado em formato de.cineclube no dia 21 de setembro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Conseguimos fazer com que o grupo trabalhasse do começo ao fim de forma ética, democrática e consciente, valorizando o protagonismo juvenil na construção do próprio cabedal de conhecimentos
Considerando a relevância de pensarmos que a sétima arte tem o poder de insuflar o espírito do observador com suas realidades paralelas, históricas ou não, conseguimos fazer o aluno refletir a própria realidade, construindo a partir daí um novo presente de ação e não reação.
A relação entre os educandos e entre eles e o ambiente educacional mudou, eles passaram a se sentir sujeitos da própria história.
CONCLUSÕES:
A primeira dificuldade ultrapassada foi a compreensão do que seria um trabalho democraticamente construído a partir de uma compreensão do papel ativo e ético de cada um. Na busca interna de quem quisesse se expor, dando seu depoimento, perceberam que as dificuldades seriam muitas. A segunda maior dificuldade foi o material técnico que a turma não possuía. Decidiram portanto utilizar uma câmera digital da marca Fujifilm. Nas reuniões para decidirem cada passo dos grupos responsáveis pela filmagem, divulgação, ou por encontrar uma nova pessoa para ser entrevistado, o sentimento de pertencimento a um projeto ou idéia em comum era claro na participação de cada um. Foi construída uma relação responsável de identificação entre eles. A turma passou a agir como um só corpo, com um interesse em comum de construção solidária e ética de um trabalho quase catárquico. A turma alcançou um nível de união e solidariedade tal que todos desejavam participar de alguma forma do trabalho. O curta-metragem construído e filmado por eles, passou a ter um caráter catárquico para a turma. E a mostra no cine-clube foi a realização concreta deste sentimento compartilhado.
Palavras-chave: História, Protagonismo, Cineclube.