65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 5. Genética Vegetal
SELEÇÃO DE CLONES DE ARIÁ [Calathea allouia (Aubl.) Lindl.] PARA O CULTIVO NO MUNICÍPIO DE MANAUS.
Danilo Fernandes da Silva Filho - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
Chelzea Mara Mota Cabral Marques - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
Edimilson Barbosa Lima - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
José Nilton Rodrigues Figueiredo - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
Alberto Luiz Silva Ferreira - Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Fabio Sebastião Araújo - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
INTRODUÇÃO:
O Brasil possui grande diversidade de hortaliças folhosas, flores, frutos, raízes e tubérculos, em vários estádios de domesticação. A produção de muitas dessas espécies ocorre em pequena escala, destinando-se a mercados e consumidores específicos, mas de grande valor para as comunidades regionais. O ariá (Calathea allouia) é uma espécie olerícola propagada vegetativamente, originária da América e distribuída geograficamente em muitas partes do mundo. Em condições ambientais favoráveis, dependendo do clone cultivado, as plantas podem atingir até 1 m de altura e produzir 2,2 kg planta-1. A parte comestível da planta são as raízes tuberosas, constituídas por 13 a 15% de amido, 1,5-2% de conteúdo protéico e 6% de aminoácidos. O ariá cresce bem em solo argiloso adubado e com boa drenagem. Os agricultores tradicionais são os que mais cultivam e consomem essa espécie. Em algumas feiras dos municípios da área metropolitana de Manaus, as raízes do ariá estão sendo comercializadas. No momento atual há necessidade, urgente, de estudos para aumentar o conhecimento sobre o potencial desses clones para o uso em futuros programas de melhoramento genético, visando sua adaptação ao cultivo em diferentes ambientes, aumento da sua resistência a pragas e doenças e produtividade de raízes tuberosas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Caracterizar e avaliar 20 clones de ariá do banco de germoplasma do INPA, para selecionar genótipos com maiores capacidades adaptativa e produtiva, nas condições do município de Manaus.
MÉTODOS:
O experimento foi conduzido na Estação Experimental de Hortaliças do INPA, em Manaus, em Argissolo Vermelho-Amarelo álico, textura arenosa, de baixa fertilidade. O clima local é caracterizado como “Afi” no sistema de Köppen, registrando 2.450 mm de chuva, com uma estação seca, no período de julho a setembro. Foram utilizados no experimento 20 clones de ariá, originários de diferentes localidades do Brasil. Dois rizomas de cada clone sem defeitos provocados por pragas ou doenças foram colocados covas adubadas com 3 kg de composto orgânico, 50 g de superfosfato triplo, 30 g de cloreto de potássio. No início da imersão das folhas foi feita uma adubação de cobertura com 10 g de uréia planta-1, cuja prática estendeu-se, mensalmente, até o sexto mês do desenvolvimento das plantas. Tratos culturais com: limpeza, irrigação e controle fitossanitários foram realizados quando houve necessidade. Adotou-se delineamento experimental de blocos casualizados, com 20 tratamentos (os clones de ariá) e três repetições. As parcelas foram constituídas por cinco plantas de cada clone. Sobre dez caracteres agronômicos procederam-se análises de variância, comparação das médias pelo teste de Scott-Knott, estimativa das distâncias genéticas e coeficientes correlações fenotípicas, genotípicas e de ambiente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As análises de variâncias sobre as variáveis estudadas não detectaram diferenças significativas para número (NRT) e massa de raízes tuberosas (MRT). A emergência das plântulas ocorreu entre 17,92 a 32,69 dias após o plantio. A altura média da touceira (formada pelos perfilhos) variou de 32,06 a 73,46 cm. O número médio de rizomas (material propagativo) foi muito produtivo, com média de 14,73 a 24,70 rizomas por touceira. Foi considerado como mais produtivo, o clone 2217 originário de Manaus-AM. Entre os 20 clones foram identificados fenótipos de raízes tuberosas cilíndricas (53%) e arredondadas (43%). As raízes cilíndricas são maiores, chegando a pesar 76,5 g. Na maior parte dos pares de caracteres, os valores das correlações genotípicas foram maiores ou bem próximos das fenotípicas e as duas juntas foram sempre superiores às correlações de ambiente. Nas combinações possíveis entre os dez caracteres, em 2 a correlação ambiental foi superior a genotípica. Mas é bom frisar que apenas as correlações genotípicas envolvem causas de natureza herdável, por isso tem grande importância em programas de melhoramento. O caráter número de folhas é fortemente correlacionado com os caracteres número de rizomas (rG = 0,84**) e massa de raízes tuberosas (rG = 0,98**). Indicando que o número de folha contribui para aumentar os níveis de fotossíntese da planta culminando com o aumento do fornecimento de nutrientes que permitem a maior produção e massa das raízes tuberosas.
CONCLUSÕES:
Uma ampla variação morfológica foi detectada no tamanho e forma das raízes tuberosas, rizomas, folhas e inflorescências dos 20 clones ariá (Calathea allouia). Entre eles, apenas os clones IH6 e 2220 ambos procedentes de Manaus floresceram, e as inflorescências são muito vistosas, muito interessantes para exploração comercial como plantas ornamentais. O clone 2217, procedente de Manaus-AM, foi o que mais produziu rizomas, média de 24,70 rizomas touceira-1. O clone 2083, originário de Manaus, AM, sobressaiu-se entre os demais, com média de 16 ton hectare-1 em produtividade de raízes tuberosas. Sobre o ponto de vista genético, os clones de ariá avaliados apresentaram ótimas características morfoagronômicas. Com potenciais para o cultivo imediato e uso em programas de melhoramentos futuros no estado do amazonas se destacaram os seguintes: IH6, 2217, 2219, 2082, 2083, e 2070, provenientes, respectivamente, dos municípios de Manaus e Coari-AM.
Palavras-chave: Marantaceae comestível, Espécie não-convenvional, Seleção de genótipos.