65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 3. Línguas Estrangeiras Modernas
A INADEQUAÇÃO DO TERMO “FALSOS COGNATOS” NAS GRAMÁTICAS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
Rogério Tenório de Azevedo - Programa de Pós-Graduação em Letras - UFS
Viviane Tavares de Gois - Núcleo de Pós-Graduação em Educação - UFS
INTRODUÇÃO:
Quando ouvimos expressões como “falsos médicos”, “falsos professores”, “falsos policiais” estamos diante de pessoas que exercem tais profissões, prescindindo de algum elemento essencial, que pode ser o reconhecimento da categoria, a formação, um diploma legalmente reconhecido ou uma aprovação em exames específicos. Os dicionários Aurélio (1999) e Houaiss (1999) conceituam o termo falso como 1) contrário à realidade. 2) Em que há mentira. 3) Fingido, enganoso, fictício. 4) Traiçoeiro. No dicionário Aulete (2010), o termo cognato “diz-se de palavra que tem a mesma raiz de outra”, mesma origem. No âmbito do ensino, é muito comum os professores se utilizarem de listas de palavras semelhantes gráfica ou fonologicamente em português e no idioma-alvo, mas que apresentam diferenças de sentido, denominando-as de falsos cognatos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho é demonstrar a inconsistência deste termo nas gramáticas publicadas no Brasil, e, consequentemente, no ensino. A partir de tal análise, iremos ressignificar o termo “falsos cognatos” e discutir a utilização de outros termos substitutivos, tais como falsos amigos, heterossemânticos e cognatos de sentido diferente.
MÉTODOS:
Metodologia: Partimos de uma análise lexical dos termos “falso” e “cognato” para, em seguida, analisarmos diversas gramáticas de língua estrangeira, com objetivo de identificar a natureza dos termos elencados como falsos cognatos. A partir dos estudos de Marileu Amadeu Sabino, reagrupamos os vocábulos em quatro grandes grupos quais sejam: a) cognatos enganosos; a1) cognatos de sentido diferente (ou heterossemânticos); a2) cognatos de sentido contingente; a3) cognatos de sentido intersecional b) cognatos transparentes; c) falsos cognatos; Sabino faz uma análise matemática do termo falsos cognatos e os reagrupa, mas sem se preocupar em nomear tais termos, preferindo trabalhar com a noção de relações. A adição deste trabalho em relação a Sabino é propor uma nomenclatura para o reagrupamento por ele proposto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Resultados e Discussão: Falsos cognatos são unidades lexicais pertencentes a duas (ou mais) línguas distintas que, apesar de serem provenientes de étimos diferentes, resultaram - ao longo do tempo – em unidades lexicais ortográfica e/ou fonologicamente idênticas ou semelhantes. SABINO (2006). Contudo, algumas gramáticas (e muitos professores!) utilizam, indistintamente, o termo para designar palavras em dois idiomas que, em verdade, possuem a mesma raiz, ou seja, são, de fato, palavras cognatas. Já os cognatos enganosos são unidades lexicais de duas (ou mais) línguas distintas que, por serem provenientes de um mesmo étimo, são ortográfica e/ou fonologicamente idênticas ou semelhantes, mas que possuem sentidos diferentes. SABINO (2006). Mas considerando a polissemia na evolução lexical de cada idioma, decompomos o termo em mais três gupos: 1) Cognatos de sentidos diferentes: todos os sentidos de ambos os vocábulos são diferentes, ambora tenham a mesma etimologia, identificada por Sabino, matematicamente, como relação disjuntiva; 2) Cognatos de sentido contingente ou relação inclusiva: os sentidos de um dos cognatos engloba todos os sentidos do outro. 3) Cognatos de sentido intersecional: quando pelo menos um dos sentidos de ambos os cognatos é comum.
CONCLUSÕES:
Conclusões: Embora não tenha sido o nosso foco principal, quando de fato as palavras analisadas em ambos os idiomas são realmente de mesma origem e possuem o mesmo significado, temos cognatos transparentes. Podemos concluir que, nas gramáticas e no ensino de língua estrangeira houve uma redução no significado do termo falsos cognatos por razões didáticas e históricas. Evidencia-se, portanto, que, ao falar de falsos cognatos no ensino de língua estrangeira, as gramáticas e os professores estão se referindo a um grupo de vocábulos que nem sempre corresponde ao que está sendo ensinado, e em alguns casos, é exatamente oposto.
Palavras-chave: Ensino, Etimologia, Polissemia.