65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 11. História
PIBID – HISTÓRIA: UMA EXPERIÊNCIA SOBRE CORPOLATRIA
Aline Ferreira Antunes - Discente do Instituto de História da UFU – INHIS/ UFU
Regina Ilka Vieira Vasconcelos - Professora Doutora/ orientadora do Instituto de História da UFU – INHIS/ UFU
Marta Emísia Jacinto Barbosa - Professora Doutora/ orientadora do Instituto de História da UFU – INHIS/ UFU
INTRODUÇÃO:
Este foi um trabalho elaborado pensando em minha experiência enquanto bolsista do PIBID-subprojeto História juntamente com o aluno da UFU Guilherme de Aguiar Costa, procurando relatar e compartilhar uma atividade desenvolvida com alunos de uma escola da periferia de Uberlândia que tem vivenciado um ambiente de constantes dúvidas e polêmicas, pressões acerca da concepção de corpo e de sexualidade, sobretudo por influência da mídia. Mais do que isso, pretendemos aqui demonstrar como que doenças físicas tais como anorexia e bulimia, tem uma implicância psicológica e devem ser discutidas com adolescentes, sobretudo mulheres. Esta foi uma oficina proposta para o Dia da consciência negra, cujo foco era o trabalho com temas cotidianos e polêmicos; assuntos como sexualidade, drogas, corpolatria e outros foram abordados em oficinas distintas. Minha proposta aqui é relatar a oficina de “Corpolatria- escolhas e valores” e compreender como esta fez uma diferença em algumas interpretações dos alunos participantes quanto ao tema idolatria do corpo, bem como as doenças decorrentes dessa idolatria exacerbada e suas conseqüências.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Nosso objetivo a partir de nossa participação no dia da consciência negra nas atividades da escola era propor oficinas que extrapolassem simplesmente o tema do negro e sua inserção na sociedade brasileira. Sendo assim, nos ocupamos de trabalhar com temas tangenciais, tais como o da Corpolatria.
MÉTODOS:
Nosso trabalho foi planejado previamente pensando em um público de alunos de 7º, a 9º ano, visando um debate acerca do tema Corpolatria, discutindo sobre as doenças bulimia, anorexia e vigorexia (compulsão por malhação), levando em considerando o que os alunos conhecem sobre elas e o que desconhecem. Neste sentido iniciamos com algumas provocações: eles deveriam escrever em uma folha o que conheciam dessas doenças, o que esperavam da oficina e qual a parte do corpo que mais gostavam e a que menos gostavam e o porquê. Ao final da oficina entregamos novamente a folha para que eles escrevessem o que entenderam do debate. Para o desenvolvimento da atividade utilizamos alguns recursos tecnológicos, bem como cartazes espalhados com algumas gravuras e questões provocativas sobre o tema. Optamos por inciar com algumas problematizações sobre o respeito ao corpo, passando por uma análise histórica da idolatria corporal na Grécia antiga, Idade Média, Renascimento e Capitalismo, explicando também sobre o mito de narciso e de onde vem o conceito de Corpo/latria. Posteriormente discutimos sobre o doping em academias (e sua relação com a vigorexia) e também a cirurgia plástica. Encerramos a oficina com um vídeo didático e uma discussão sobre o mesmo dentro do assunto geral.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nosso trabalho atingiu o objetivo previsto à medida que tudo foi previamente discutido em grupo e minuciosamente planejado. Pretendíamos uma discussão que nos propiciasse um levantamento sobre os problemas que os alunos enfrentavam com relação ao corpo deles e também perceber em que medida havia uma interferência psicológica nestes e como a mídia estava presente no discurso deles sobre o “corpo perfeito”. Sendo assim a dinâmica utilizada no início da oficina na qual foi possível que os alunos escrevessem sobre a parte do corpo que mais gostavam e a que menos gostavam, bem como o que esperavam da oficina, foi de fundamental importância para o levantamento tanto da maneira como iríamos abordar o assunto, qual o caminho metodológico melhor para abordarmos o assunto com o público que era constituído quase que majoritariamente por mulheres na faixa etária de 13 anos, quanto para termos dimensão de qual era o público ali presente, quais as expectativas dele.
CONCLUSÕES:
Mediante o que desenvolvemos com o projeto para o dia da Consciência negra percebemos que existe entre as alunas um forte sentimento de narcisismo e uma idolatria de um corpo perfeito e que é difundido na mídia, que contribui para o desenvolvimento de doenças como anorexia e bulimia (que são as mais comuns).
No relato da dinâmica das folhas feita no início da oficina, uma aluna comentou que teve início de bulimia e estava se recuperando e por isso escolhera fazer sua inscrição nesta oficina específica. Ler o relato desta aluna sobre sua doença e como conseguiu modificar um pouco seus pensamentos sobre o assunto e como a oficina contribuiu para suas reflexões sobre o respeito ao corpo humano e o cuidado com a alimentação (seja em excesso ou pela restrição) comprovou para nós que muito ainda deve ser trabalhado, sobretudo com adolescentes que estão constantemente expostos à influência da mídia que dita como deve ser o corpo de uma mulher e também do homem. Acreditamos que esta oficina, realizada de uma maneira menos formal, muito contribuiu para as reflexões individuais dos alunos participantes, bem como para as discussões realizadas conjuntamente comigo e com o Guilherme, durante toda a nossa fala e as dinâmicas.
Palavras-chave: Corpolatria, Relato de experiência, PIBID.