65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 1. Silvicultura
FENOLOGIA DE Peltogyne paniculata BENTH. (FABACEAE) EM DUAS ÁREAS DE TERRA FIRME NA AMAZÔNIA CENTRAL
Mariane Sousa Chaves - Bolsista PIBIC/CNP
Raquel Sousa Chaves - Bolsista PIBIC/FAPEAM
Antonio Moçambite Pinto - Dr./Orientador - INPA/CPST
Aldenir de Carvalho Caetano - Prof. Dr./Coorientador - IFAM
INTRODUÇÃO:
Dados fenológicos proporcionam uma indicação integrada da sensitividade dos sistemas naturais às mudanças climáticas, com reconhecimento destacado para acessar impacto ambiental. O acompanhamento fenológico é deste modo um componente essencial dos programas de monitoramento de mudanças climáticas globais, buscando esclarecer a sazonalidade dos fenômenos biológicos. Estudos sugerem que os padrões fenológicos das plantas sejam dirigidos por uma variedade de fatores, incluindo características bióticas e abióticas como precipitação, irradiação e temperatura. Na Amazônia, informações sobre a fenologia das espécies nativas, são escassas e fragmentadas, apresentando padrões irregulares de difícil reconhecimento, principalmente em estudos a curto prazo. Para este estudo foi escolhida a espécie Peltogyne paniculata Benth., conhecida como mulateiro, pertencente à família Fabaceae, uma espécie arbórea de potencial econômico, habitando as matas de terra firme da Amazônia Central.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Estudar a influência das variações climáticas nos padrões fenológicos de Peltogyne paniculata em duas áreas de terra firme na Amazônia Central, durante dez anos.
MÉTODOS:
O estudo foi desenvolvido na Reserva Florestal Adolpho Ducke – RFAD, localizada próximo ao Centro urbano de Manaus e na Estação Experimental de Silvicultura Tropical - EEST, área mais afastada com pouca intervenção antrópica. As áreas apresentam clima quente e úmido com precipitação acima de 2000 mm, pluviosidade média de 2,485 mm e temperatura média anual de 26,6 0C. Os dados fenológicos e climáticos das áreas referem-se ao período de janeiro de 2001 a dezembro de 2010. Foram acompanhados cinco indivíduos de Peltogyne paniculata em cada área, observados mensalmente para registrar a presença ou ausência das fenofases: floração, frutificação e mudança foliar. Os dados fenológicos foram armazenados em banco e analisados com auxilio do programa FENOLOG, a partir dessas análises foi calculada a relação entre os dados fenológicos e climáticos: precipitação, temperaturas: máxima, média e mínima e umidade relativa do ar. Para o estudo foram classificadas quatro estações: chuvosa – dezembro a maio, transição de chuvosa para seca – junho, seca – julho a outubro e transição de seca para chuvosa – novembro. Para a análise de correlação linear simples que é dado pelo coeficiente de Pearson, utilizou-se o programa R, considerando os valores médios mensais das variáveis climáticas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A floração de P. paniculata na RFAD apresentou frequência anual, embora não tenha mostrado regularidade quanto à época de ocorrência, oscilando entre a estação chuvosa e seca. Na EEST a floração mostrou frequência supra-anual por apresentar vários intervalos no período de observação, ocorrendo na estação chuvosa. Quanto à frutificação de P. paniculata também houve diferença no padrão fenológico em relação às variações climáticas entre as áreas, apresentando na RFAD frequência anual e na EEST frequência supra-anual, ocorrendo na estação chuvosa. Com relação à mudança foliar, P. paniculata apresentou-se de forma anual nas áreas estudadas, com tendência a ocorrer principalmente na transição de chuvosa para seca na EEST, a partir do ano de 2005 com maior intensidade no ano de 2009. Embora existam dúvidas quanto aos fatores que controlam a periodicidade de floração das espécies que crescem nas regiões de climas não sazonais, considera-se que a floração e a frutificação ocorram, na maioria dos casos, na dependência da distribuição das chuvas durante o ano, embora o efeito da regularidade ou severidade das estações seca e chuvosa sobre as plantas permaneça desconhecido. Entretanto, para P. paniculata a mudança de folhas concentrou-se ao período seco.
CONCLUSÕES:
O clima influenciou no padrão fenológico de Peltogyne paniculata no período observado em função da variação das fenofases nas áreas estudadas.
Palavras-chave: Mulateiro, Padrão fenológico, Clima.