65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 4. Parasitologia Geral
DESEMPENHO BIOLÓGICO DE RHIPICEPHALUS SANGUINEUS EXPOSTO ARTIFICIALMENTE A Steinernema carpocapsae LINHAGEM SANTA ROSA.
Gláucia Marques Freitas Ribeiro - Depto de Biologia Molecular – UFPB
Alan Loures Ribeiro - Depto de Sistemática e Ecologia - UFPB
INTRODUÇÃO:
O controle das populações de Rhipicephalus sanguineus é realizado através da aplicação de acaricidas sobre animais infestados e também no ambiente. Em função dos produtos químicos provocarem a seleção de mutantes resistentes, resultantes da pressão seletiva, outras estratégias de controle têm sido estudadas, dentre elas o controle biológico com nematóides entomopatogênicos. Os nematóides entomopatogênicos do gênero Steinernema são capazes de reduzir futuras populações de carrapatos ao infectar e liberar suas bactérias simbióticas no interior desses ixodídeos. A proliferação interna destas bactérias poderia provocar uma redução na produção da massa de ovos ou na morte das fêmeas ingurgitadas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
A necessidade de conhecer as alterações no desempenho biológico de R. sanguineus infectados por nematóides entomopatogênicos da espécie S. carpocapsae motivou a realização do presente trabalho. Os parâmetros biológicos analisados foram o período de pré-postura, postura, peso da massa de ovos, tempo de sobrevivência, índice de eficiência reprodutiva e taxa de eclosão de larvas.
MÉTODOS:
Lagartas das traças de favos de abelha de Galleria mellonella foram usadas para a produção dos nematóides. Foram utilizados 2 ml de suspensão aquosa, acrescida de 0.004 ml de juvenis infectivos sobre placas de petri de 9 cm de diâmetro contendo folhas de papel de filtro. Dez lagartas foram liberadas nessas placas e o material foi mantido em estufa a 28oC por 48 h. Após esse período, as lagartas infectadas foram transferidas para as armadilhas de White. Oito dias após a exposição, os juvenis infectivos que migraram para a água das armadilhas foram coletados. Fêmeas ingurgitadas de R. sanguineus foram então expostas artificialmente a S. carpocapsae Linhagem Santa Rosa nas concentrações de 500, 5.000 e 25.000 juvenis infectivos por placa. Um total de 2ml de concentrado de nematóides foram espalhados sobre placas de petri contendo 15 g de areia estéril e 5 fêmeas ingurgitadas. O tempo de exposição dos carrapatos aos nematoides foi de 72 horas. O grupo controle recebeu apenas água destilada. Após a exposição, os carrapatos foram transferidos para placas limpas e mantidos em câmaras climatizadas B.O.D. (27oC; 80% U.R). A mortalidade dos carrapatos foi registrada diariamente através de observações como reflexo das patas, mudança de cor e odor. Foram utilizados os testes de Kruskal-Wallis (p<0.05) e de Dunn.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foi observada uma redução significativa apenas no período de postura dos grupos expostos a todas as concentrações de nematoides testadas. A redução no período de postura não foi acompanhada por uma redução no peso da massa de ovos. Freitas-Ribeiro et al. (2005) chegaram a obter uma redução de até 100% da massa de ovos de Rhipicephalus (Boophilus) microplus infectados por S. carpocapsae. A resistência da espécie R. sanguineus neste experimento não pode ser atribuída a uma falha no tempo de exposição ou a uma baixa concentração de juvenis infectivos, pois estes dois parâmetros foram cuidadosamente selecionados de acordo com outros trabalhos descritos na literatura. Monteiro et al. (2011) relatam que os juvenis de H. bacteriophora penetram através do espiráculo de R. microplus a partir de 12 horas de exposição. De acordo com Carvalho et al. (2010), um período de exposição a partir de 24 horas é o suficiente para afetar o período de sobrevivência de fêmeas de R. microplus infectadas por S. glaseri. Quanto à concentração de juvenis infectivos, Freitas-Ribeiro et al. (2005) demonstraram que uma concentração elevada de nematoides pode provocar uma redução na patogenicidade do nematoide em função das competições intra-específicas. Por isso foi utilizado uma média de 100 a 5.000 Juvenis por fêmea ingurgitada.
CONCLUSÕES:
Fêmeas adultas de R. sanguineus alimentam-se do sangue do hospedeiro vertebrado por um período de 5 a 21 dias. Esse período de ingurgitamento no qual o parasito permanece fixo no corpo do hospedeiro seria o suficiente para a aspersão periódica de juvenis infectivos no dorso do animal. Entretanto, R. sanguineus apresentou baixa susceptibilidade a S. carpocapsae, o que pode ser uma consequência da ausência de substâncias necessárias para localização e penetração dos juvenis nesta espécie de carrapato.
Palavras-chave: nematóides entomopatogênicos, controle biológico, carrapato do cão.