65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
A MATERIALIZAÇÃO DA PROPOSTA DE CICLOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA: A REALIDADE DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE
ELIENE LACERDA PEREIRA - Docente do IFG
MARCÍLIO SOUZA JÚNIOR - Professor Dr. orientador ESEF-UPE
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa trata de questões que norteiam a prática pedagógica dos(as) professores(as) de Educação Física - EF que vivenciaram a organização do ensino em ciclos de aprendizagem. Ela se justifica pela sua dimensão educacional e social no contexto da Educação Física Escolar voltada para o ensino fundamental. Torna-se importante diante do compromisso social e da democratização da escola como espaço cultural, público e de qualidade. Identificamos em 1986 a primeira experiência de implementação do ciclo de alfabetização na Rede Municipal de Ensino do Recife – RME/REC, com base em Brayner (1993), Cavalcanti (1996), Lima e Batista Neto (1988), Lima (1990) e a segunda experiência em 2001 com a implementação dos ciclos de aprendizagem pela Secretaria de Educação, Esporte e Lazer - SEEL, Cruz (2008), Nascimento (1995), Oliveira (2004) e Souza Júnior (2007a) apresentam questões acerca das políticas educacionais que permeiam a discussão voltada à implementação dos ciclos. A questão problema foi: qual o impacto das mudanças ocorridas na Organização do Trabalho Pedagógico - OTP da escola na prática pedagógica do(a) professor(a) de EF com a implantação dos ciclos de aprendizagem na Rede Municipal de Ensino do Recife – RME/REC?
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste estudo foi analisar as mudanças ocorridas na RME/REC no que se refere à Organização do Trabalho Pedagógico observando as categorias: analíticas (Prática Pedagógica, Organização do Trabalho Pedagógico e os Ciclos de Aprendizagem) e empíricas (objetivo/avaliação, conteúdo/forma e gestão da escola e sala de aula).
MÉTODOS:
Esta é uma pesquisa qualitativa do tipo etnográfica, André e Lüdke (1986), com 12 sujeitos entre gestores(as) e professores(as) de Educação Física da SEEL, que vivenciaram a realidade do ensino em série e em ciclos.
Como critérios de inclusão dos atores sociais, o procedimento de escolha para a coleta de dados se deu pelos seguintes critérios: professores(as) de Educação Física que tinham mais de 10 (dez) anos de atuação profissional na RME/REC, que tenham vivenciado as duas realidades do ensino, o seriado e o ciclado; que trabalhassem nos 3º e 4º ciclos de aprendizagem para a entrevista e que tenham atuado como coordenador de Educação Física. Para a observação das aulas, a escolha de 02 (dois) professores foi aleatória. Os instrumentos utilizados foram: entrevista semi-estruturada e observação. A análise de dados foi fundamentada na análise de conteúdo de Bardin (2004). Neste enfoque identificamos a relevância no processo de descrever e refletir sobre as aulas observadas o que nos possibilitou visualizar e aproximar as categorias analíticas das empíricas que surgiram no campo de investigação. O diálogo entre elas nos permitiu avançar no processo e nos instigou a buscar novos esclarecimentos sobre o contexto da Educação Física escolar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os ciclos surgem com o objetivo de diminuir o fracasso escolar e equiparar a defasagem idade/série frente aos altos índices de retenção. Anteriormente à implantação dos ciclos de aprendizagem em 2001, encontramos na Rede a primeira experiência com o ciclo, na época o ciclo de alfabetização, que esteve presente nas escolas do município durante três anos (de 1986 a 1988 na gestão de Jarbas Vasconcelos). Não houve continuidade da proposta na gestão seguinte. O espaço físico e o tempo pedagógico não são suficientes para atender as necessidades da proposta. Os encontros são restritos dentro da escola e o tempo pedagógico não conseguiu ser organizado de maneira a atender esta demanda dos professores. É importante para a continuidade dos ciclos o envolvimento do coletivo de professores/as na construção e reconstrução da proposta, na organização do trabalho pedagógico da escola, desde a participação no projeto político pedagógico, no planejamento coletivo, no planejamento por componente curricular, o planejamento individual - hora atividade - do(a) professor(a) até a participação nos conselhos de ciclos. Estes são momentos imprescindíveis que devem ser garantidos pela Rede.
CONCLUSÕES:
Destacamos a presença e a participação ativa dos(as) professores(as) de Educação Física na construção da proposta pedagógica para a Educação Física, após a implantação dos ciclos de aprendizagem.
Verificamos a necessidade e a relevância da Educação Física ser ministrada no turno regular e defendemos esta proposta à medida que não podemos negligenciar conteúdos da cultura aos estudantes, e que seja garantido a eles a condição de frequentar as aulas dentro da grade horária, pois nenhum outro componente curricular é ministrado no contra turno escolar.
A Rede deverá garantir que os(as) professores(as) permaneçam na mesma escola durante todos os dias, assim como investir em formação continuada, em concurso público e ampliar o número de professores(as) de Educação Física EM todas as escolas, inclusive para o 1º e 2º ciclos.
Portanto, é importante que o coletivo estabeleça objetivos claros na organização pedagógica da disciplina e possa acompanhar e desenvolver suas práticas dentro da proposta dos Ciclos de Aprendizagem, na perspectiva de uma educação inclusiva que quebre barreiras e contribua para a materialização da proposta de ciclos de aprendizagem nas escolas da cidade do Recife.
Palavras-chave: Educação Física, Organização do Trabalho Pedagógico, Ciclos de Aprendizagem.