65ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática

MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS COMO BIOINDICADORES DE QUALIDADE DA ÁGUA DO LAGO DE TEFÉ, AMAZONAS.

Kellen Queiroz Teixeira - Universidade do Estado do Amazonas - UEA Luciane Lopes de Souza - Profa. Dra./Orientadora - Universidade do Estado do Amazonas - UEA

INTRODUÇÃO:

Os ecossistemas aquáticos têm sido fortemente alterados em decorrência dos vários impactos ambientais resultantes de atividades antrópicas, consequentemente, esses ecossistemas vêm perdendo suas características naturais e sua diversidade biológica (CALLISTO et al., 2004). Uma das comunidades de organismos mais utilizadas em programas de monitoramento biológico são os macroinvertebrados bentônicos (HERING et al., 2004). Um dos métodos mais eficazes para avaliar e diagnosticar a qualidade dos corpos hídricos é a utilização de indicadores biológicos. Esses organismos possuem grande diversidade de formas e de habitat que os tornam bons indicadores das condições ambientais. Por viverem em contato com o sedimento, também entram em contato com muitos poluentes, acumulando toxinas a níveis facilmente detectáveis, (ROSENBERG et al., 1993). Os macroinvertebrados bentônicos podem ser classificados em organismos sensíveis ou intolerantes, organismos tolerantes ou facultativos e organismos resistentes, de acordo com sua tolerância frente às condições do ambiente. A predominância de determinado grupo de organismos no meio pode oferecer indícios sobre as condições de qualidade de água, permitindo avaliar os efeitos da poluição sobre o corpo d’água de maneira mais holística (GOULART et al., 2003).

OBJETIVO DO TRABALHO:

Identificar as comunidades de macroinvertebrados no lago Tefé-AM, para avaliar dados ecológicos e diagnosticar a qualidade da água. Coletar e identificar os macroinvertebrados, determinar o grau de similaridade entre as comunidades, avaliar a diversidade da área de estudo e comparar os diferentes períodos hidrológicos, e caracterizar as famílias de acordo com grau de tolerância ambiental.

MÉTODOS:

As coletas foram realizadas na cidade de Tefé-AM, especificamente no Lago Tefé, 570 km de Manaus. Os três sítios foram: Porto de Tefé, Juruá e Itapuã. Foram 14 viagens de coleta nos meses de março, julho e outubro de 2012 em diferentes períodos hidrológicos: enchente, cheia e seca. Para a captura dos indivíduos foi utilizado um puçá (MARIGO et al., 2008) e uma canoa com motor para o deslocamento dos trechos. Foram transferidos para sacos plásticos identificados por sitio e transportados para o Laboratório de Biologia da Universidade do Estado do Amazonas (CEST), onde foram realizados os trabalhos de triagem, biometria e identificação das amostras com auxílio de paquímetro, balança e de chaves taxonômicas (MERITT et al., 1996) ao nível de família, e divididos em: sensíveis ou intolerantes, tolerantes e resistentes (GOULART et al., 2003). Construiu-se a matriz de abundância relativa de todos os sítios de coleta e foi utilizada a análise de agrupamento ou cluster analysis com o algoritmo paired group para analisar o grau de similaridade entre os trechos, e a medida de similaridade foi o índice de Bray-Curtis, e para avaliar a diversidade de macroinvertebrados na área de estudo foram adotados os índices de Shannon-Winner e o de Simpson, ambos usando o programa PAST para os cálculos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Foram quantificados 386 indivíduos pertencentes a 16 famílias macroinvertebrados. A análise de Bray-Curtis, indicou que existe um grau de similaridade maior entre os sítios Porto de Tefé e Juruá (75%). Os índices de diversidade de Shannon-Winner e o de Simpson indicaram que há maior diversidade de organismos no sítio do Itapuã. Durante toda a coleta houve um grande número de indivíduos da ordem Diptera e Odonata, de acordo com BIS & KOSMALA (2005) foi feita a classificação dos macroinvertebrados. Durante a seca houve mais espécies de Diptera do que de Odonata, concordando com Marigo et al. (2008) que diz que os Diptera-Chironomidae, tem sido observado em vários estudos em ambientes lênticos naturais ou degradados, e isso indica que durante a seca, a água estava mais poluída. Para Cleto Filho & Walker (2001), alguns Odonatas são considerados intolerantes à poluição orgânica e assim rapidamente eliminados. Neste estudo notou-se que os Odonatas são característicos de águas limpas, e diminuíram durante a seca no qual confirma que são intoleráveis à poluição, eles foram bons indicadores, pois foram diminuindo conforme os díptera aumentaram. Enquanto os Diptera que são considerados indicadores de águas eutrofizadas e apareceram em abundância durante a seca.

CONCLUSÕES:

Houve maior similaridade entre os sítios porto de Tefé e Juruá, no qual geograficamente estão mais próximos do que com o sítio Itapuã; Houve uma grande diversidade de macroinvertebrados bentônicos no sítio do Itapuã; Houve abundância maior de indivíduos de Chironomidae, no qual pode-se dizer que o Lago de Tefé se encontra mais poluído, especialmente, durante a seca. E nesse estudo conclui-se que os Odonatas foram bons indicadores, pois foram diminuindo conforme os díptera aumentaram. Todos os indivíduos encontrados conseguem viver em ambientes altamente impactados, sendo considerados macroinvertebrados bentônicos mais tolerantes à poluição, o que vem confirmar estudos anteriores em ambientes aquáticos semelhantes. Entretanto, é necessário aumentar o tamanho da amostra para apresentar dados mais conclusivos sobre os macroinvertebrados do lago de Tefé.

Palavras-chave: Macroinvertebrados, Bioindicadores, Aquática.