65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
ANÁLISE DE CHUVAS INTENSAS NA BACIA DO RIO CORURIPE/AL
Vânia Priscila dos Santos Vieira - Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente - UFAL
José Vicente Ferreira Neto - Prof. Dr./ Orientador - Inst. de Geog. Desenvolvimento e Meio Ambiente - UFAL
INTRODUÇÃO:
As Bacias Hidrográficas em Alagoas, segundo Lima (2010), possuem duas vertentes distintas para exutório: A vertente São Franciscana, que engloba os rios que nascem na parte oeste do estado e que tem suas drenagem voltadas para o rio São Francisco. A Leste, ou na parte Litorânea do estado, fica a vertente Atlântica, ou seja, os rios que tem suas drenagens voltadas para o Oceano Atlântico.
O rio Coruripe, pertencente à vertente Atlântica, é um dos mais importantes da rede hidrográfica alagoana. Trata-se de um rio de domínio estadual, em virtude de ter todo o seu percurso inserido no território do estado de Alagoas. A sua bacia hidrográfica está localizada na parte central do estado, limitando-se ao norte com a bacia do rio Paraíba; a oeste com as bacias dos rios Traipu e Piauí; e a leste com as bacias dos rios São Miguel, Jequiá, e Poxim. Na foz, faz limites com as drenagens dos riachos Lagoa do Pau, ao norte, e Feliz Deserto, ao sul. (Plano Diretor da bacia do rio Coruripe, 2002).
A bacia do rio Coruripe se caracteriza por sua forma alongada, com extensão de cerca de 167 km, e largura variando entre o mínimo de 6 km na sua parte central, até um máximo de 30 km na parte superior. O sistema hidrográfico é constituído pelo curso d'água principal, rio Coruripe, e por diversos afluentes de pequeno porte, a maioria intermitente.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Confeccionar mapas temáticos topográfico, geológico, geomorfológico, de vegetação e hidrográfico; Determinar os parâmetros físicos característicos da bacia do rio Coruripe.
MÉTODOS:
Foram utilizados mapas cartográficos da bacia fornecidos pela Gama Engenharia onde, através do software AUTOCAD MAP 3D 2008, puderam ser elaborados os mapas temáticos topográfico, geomorfológico, geológico, de vegetação e hidrográfico. Neste ambiente computacional foram determinados diversos parâmetros físicos básicos da bacia hidrográfica do rio Coruripe:
- área de drenagem;
- perímetro;
- extensão total da rede de drenagem;
- comprimento axial da bacia; etc.
Esses parâmetros permitiram o cálculo das principais características físicas da bacia, tais sejam: forma da bacia, definida pelo coeficiente de Gravelius e pelo fator de forma; e o sistema de drenagem da bacia, definido pela ordem dos cursos d’água, pela densidade de drenagem e pela extensão média do escoamento superficial. Todos esses parâmetros foram determinados considerando as duas bacias: sub-bacia definida pela seção de estrangulamento da calha do Coruripe, que corresponde à porção superior da bacia, e a bacia total, definida pela foz do rio no Oceano Atlântico.
Finaliza-se o trabalho com a análise comparativa dos resultados obtidos para as duas bacias com base nas relações existentes entre essas características físicas e na condição de cada bacia ser mais ou menos sujeita às possíveis enchentes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Cumprindo os objetivos da pesquisa, a bacia do rio Coruripe foi subdividida em duas partes delimitadas pela seção (A-A’) de estrangulamento da calha do rio. Os parâmetros físicos foram então determinados considerando duas bacias distintas: a primeira (A1), corresponde à porção superior da bacia e a segunda (A2), na foz do rio, após a cidade de Coruripe. Com o auxilio do software AutoCAD, pode-se obter os parâmetros área de drenagem e perímetro. Foram obtidos: 1.114,04Km² e 179,805km para a bacia A1 e 1.634,14Km² e 320,136km, para a bacia A2. O coeficiente de compacidade ou índice de Gravelius (Kc) é a relação entre o perímetro da bacia e a circunferência de um círculo de área igual à da bacia. Para as seções A1 e A2 foram calculados os valores Kc1 = 1,52 e Kc2 = 2,23, respectivamente. O fator de forma (Kf) é a relação entre a largura média e o comprimento axial da bacia. Observa-se nessas bacias estreitas e longas, a contribuição dos tributários atinge o curso d’água principal em vários pontos ao longo do mesmo. Nesse trabalho, para as bacias A1 e A2 foram obtidos os valores Kf1 = 0,165 e Kf2 = 0,058, respectivamente. A ordem do curso d’água seguindo o critério introduzido por Horton (1945) e modificado por Strahler (1957) o rio Coruripe é um rio de 5ª ordem para as duas seções. A densidade de drenagem fornece uma indicação da eficiência da drenagem da bacia, considerando as duas bacias A1 e A2, foram obtidos os valores Dd1 = 0,934 km/km2 e Dd2 = 0,956 km/km2, respectivamente
CONCLUSÕES:
Em relação à forma da bacia do rio Coruripe, o coeficiente de Gravelius se aproxima bastante da unidade quando se considera apenas a sua porção superior, enquanto que o fator de forma aumenta significativamente, afastando-se de zero ao se considerar esta situação. Ambos os índices comprovam a forma mais arredondada da parte superior (A1) da bacia do rio Coruripe. Esta porção da bacia, considerando-se apenas a forma, está mais sujeita a enchentes que a porção inferior, que possui uma forma mais alongada. Contudo, os valores obtidos correspondem, pela literatura, a bacias pouco sujeitas a enchentes. Com base na ordem dos cursos d’água da bacia, que sua porção superior é mais bem drenada que o restante da bacia. Este fato fica evidenciado pela densidade de drenagem da bacia e pela extensão média do escoamento superficial, que praticamente não se alteram comparando a porção superior com a bacia total do rio Coruripe. Em relação aos mapas temáticos, a bacia apresenta uma topografia mais acidentada em sua porção superior. A geologia apresenta também diferenças bem definidas por esta seção A-A’, predominando na porção superior as rochas do Proterozóico. No restante da bacia predominam os clásticos da formação Barreiras e os aluviões arenosos e argilo-arenosos ao longo do vale do rio Coruripe. A vegetação apresenta características distintas bem definidas pela seção A-A’, predominando a jusante desta seção o plantio dos canaviais nas áreas de tabuleiro e até mesmo em encostas e vales.
Palavras-chave: Chuvas Intensas, Análise Espaço-Temporal, Geoestatística.