65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
VERIFICAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL EM PESSOAS CEGAS: UM ESTUDO COM ÍNDICE DE KATZ
Andressa Kaline Ferreira Araújo - Mestrado em Saúde Pública - UEPB
Alexsandro Silva Coura - Doutor em Enfermagem - UFRN
Ana Paula Andrade Ramos - Mestrado em Enfermagem - UEPB/UPE
Cibely Freire de Oliveira - Mestrado em Enfermagem - UEPB/UPE
Francisco Stélio de Sousa - Prof. Dr./ Departamento de Enfermagem – UEPB
Inacia Sátiro Xavier de França - Profa. Dra./ Orientadora – Departamento de Enfermagem – UEPB
INTRODUÇÃO:
De acordo com o censo de 2010, foram identificadas cerca de 46 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência – 24% da população; desse total, 35,8% apresentam deficiência visual, a qual se relaciona, principalmente, a fatores sociais, econômicos, culturais, políticos e educacionais. A Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência apresenta como escopo a reabilitação da Pessoa com Deficiência (PcD), com vistas à inclusão social e prevenção de agravos que corroborem com o aparecimento de deficiências. Esse processo de reabilitação é pautado na capacidade funcional e no desempenho humano da PcD, seguindo o processo de promoção da saúde, quando da articulação do governo e da sociedade. Nessa perspectiva, entende-se capacidade funcional como sendo o potencial do indivíduo manter as habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida independente. Espera-se que os resultados possam contribuir para o planejamento de políticas públicas destinadas às pessoas com deficiência, para a formação de recursos humanos em saúde e para a ampliação de pesquisas e publicações nessa área.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar a capacidade funcional em pessoas cegas.
MÉTODOS:
Estudo descritivo, quantitativo, realizado entre maio e junho de 2011, no Instituto de Educação e Assistência aos Cegos do Nordeste (IEACN), em Campina Grande/PB, Brasil. Participaram 24 sujeitos, os quais frequentavam as atividades do IEACN e que atendiam aos critérios de inclusão da pesquisa – 18 anos ou mais; função cognitiva preservada; cegueira bilateral há mais de um ano; não possuir múltiplas deficiências; e, manifestar aceite em participar da investigação mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Foi utilizada como instrumento de coleta de dados a Escala de Katz, a qual possibilita verificar a capacidade funcional das pessoas para Atividades Básicas da Vida Diária (ABVD’s), envolvendo seis funções: banhar-se, vestir-se, ir ao banheiro, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa, ser continente e alimentar-se. A classificação é feita de acordo com os diferentes graus de independência funcional para cada função, variando de 0 (independente em todas as seis funções) a 6 (dependente em todas as seis funções). A coleta de dados foi realizada em encontros previamente agendados com os participantes da pesquisa. Os dados foram analisados no Programa SPSS versão 20. Foram seguidas as recomendações éticas para pesquisas com seres humanos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Verificaram-se os seguintes resultados: a maioria é independente em todas as variáveis referentes às Atividades Básicas da Vida Diária - tomar banho (96%), vestir-se (83%), uso do vaso sanitário (100%), transferência (100%), continência (79%) e alimentação (96%); na avaliação da capacidade funcional pelo Índice de Katz (IK), 67% são independentes nas seis funções (IK = 0); 29% apresentam uma dependência em relação às seis funções (IK = 1); e, um sujeito (4%) apresenta dependência em 4 funções (IK = 4); e, as ABVD’S mais afetadas são continência (46%) e vestir-se (36%). Os dados refletem predomínio de independência na realização de ABVD’s, fato que confere desenvolvimento da autoconfiança e valorização das próprias capacidades, aquisição de naturalidade, eficiência e desenvoltura no universo social; e, associa-se à questão de que ao chegar à idade adulta, a pessoa com deficiência visual congênita, em geral, já passou por um processo de reabilitação, de escolarização, de orientação e mobilidade, de aquisição de hábitos de higiene e cuidados pessoais. No tocante às ABVD’s mais afetadas, entende-se que a cegueira representa fator limitante para realização de algumas atividades.
CONCLUSÕES:
As pessoas cegas participantes do estudo são independentes em todas as variáveis referentes às ABVD’s, sendo essa independência refletida ainda pelo Índice de Katz, em que a maioria dos sujeitos é independente nas seis funções. É mister a realização de novos estudos sobre aspectos que se relacionam à qualidade de vida e saúde da Pessoa com Deficiência Visual, uma vez que as investigações encontradas ainda não contemplam todas as lacunas existentes nessa área; e, percebe-se a necessidade em desenvolver políticas públicas que atendam às necessidades básicas dessa população.
Palavras-chave: Pessoas com Deficiência Visual, Capacidade Funcional, Atividades Básicas da Vida Diária.