65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
Análise do uso da água e a viabilidade de reúso nos laboratórios de pesquisa do IDSM em Tefé-AM
Maria Cecília Rosinski LIma Gomes - Msc./ Orientadora - Pesquisadora - IDSM
João Paulo Borges Pedro - Msc./Coorientador - Pesquisador - IDSM
Cássio Augusto da Silva Oliveira - Graduação - Licenciatura em Química - UEA
INTRODUÇÃO:
A água doce, necessária para todos os seres vivos e para uso nas atividades do homem está se esgotando, por conta de motivos como uso excessivo e desperdício. Nos laboratórios de serviços, pesquisa e ensino, a água é usada em diversas atividades com diferentes finalidades, que podem variar desde a preparação de reagentes até a simples lavagem de vidrarias. Nestas atividades pode ocorrer a perda através do mau uso ou do descuido por parte dos usuários do laboratório, que muitas vezes ocorre de maneira inconsciente. Com a escassez de água surge a necessidade de novas alternativas para que os recursos hídricos não sejam sobrecarregados com grandes retiradas de água. Uma das alternativas para o enfrentamento do problema é o reúso de água.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo analisar o uso da água e avaliar a viabilidade do reúso nos laboratórios do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – IDSM em Tefé-AM.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado na sede do IDSM, onde estavam em uso os laboratórios de Qualidade da Água e Meio Ambiente (LAQUA), Vertebrados Terrestres (ECOVERT), Biologia de Peixes (LBP) e Mamíferos Aquáticos (MAMAQ). O período estudado foi de outubro de 2011 a maio de 2012. O primeiro passo foi visitar as instalações para identificar os pontos de uso de água e posteriormente aplicou-se uma ficha de acompanhamento de algumas atividades, junto aos usuários dos laboratórios. Para quantificar o consumo de água, determinou-se a vazão dos pontos de uso da mesma. A vazão é a razão entre o volume conhecido de um recipiente e o tempo que este leva para ser ocupado. Foi também acompanhado o consumo no Destilador, equipamento identificado que utilizada água. Para avaliar a viabilidade do reúso, foram coletadas amostras da água de entrada e saída do Destilador do LAQUA e determinado seu pH, turbidez, cor aparente, alcalinidade total, dureza total e temperatura. Foi realizado um levantamento da legislação pertinente ao reúso de água. No aspecto de viabilidade técnica do reúso, considerou-se a necessidade de tratamento da água, demanda por equipamentos e demanda por obras. Todos os cálculos para considerar a viabilidade econômica (payback) foram baseados em teorias e informações técnicas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Durante a pesquisa, as atividades acompanhadas que mais consumiram água foram: produção de água destilada, com 93% do total; lavagem de estruturas internas de peixes, com 3% do total; e limpeza dos ossos de peixe, com 288L. Este consumo esteve relacionado com o tipo, duração e frequência de cada atividade. Neste período foram consumidos 25938L de água. Observou-se que algumas práticas podem ser adaptadas para reduzir o consumo. Não foi encontrada legislação pertinente ao reúso de água nos laboratórios. A caracterização do consumo apontou que a água do Destilador é mais viável para reúso. As análises físico-químicas desta água (entrada e saída), respectivamente, foram: Cor (uH)=1 e 0; Turbidez (uT)=0 e 0; pH=6.67 e 7.15; Alcalinidade total (mg/L CaCO3)=15 e 12; Dureza total (mg/L CaCO3)=10 e 5. Estes valores, comparados com os da Portaria nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde, apontam que esta água é segura segundo as variáveis analisadas. No caso de implementação do reúso, a água seria transportada e armazenada em tubulações e caixas d’águas diferentes do abastecimento normal. O investimento necessário é de R$ 4434.90, sendo este dinheiro aplicado em materiais de construção e mão de obra. Considerando este valor o tempo de retorno (payback) corresponde a 5,8 anos.
CONCLUSÕES:
O laboratório que mais consumiu água foi o LAQUA devido a produção de água destilada, pois em média para cada litro de água destilada produzida foram consumidos 151 litros de água da torneira. Analisando o custo para implantação do projeto de reúso e o tempo de retorno do investimento conclui-se que a proposta é viável nos seguintes aspectos: o alto padrão de qualidade da água que será reutilizada, não necessitando de nenhum tratamento; o sistema de reúso é simplificado, possuindo um baixo custo para manutenção. O custo da instalação e tempo de retorno do investimento caracterizam-no como viável.
Palavras-chave: Reúso de água, Laboratório, Uso eficiente da água.