65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 7. Serviço Social
A PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA FUNDAÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE
Roberta Justina da Costa - Profa. MsC./Orientadora - Depto. de Serviço Social – UFAM
Liliane Flores de Freitas Gonçalves - Depto. de Serviço Social - UFAM
INTRODUÇÃO:
A crise da ditadura e o agravamento da questão social vivenciadas no Brasil na década de 1980 foram um dos fatores determinantes para despertar a luta pela democracia e pelos direitos sociais no país. Nesse contexto, o movimento de reforma sanitária toma força e influencia na Oitava Conferência Nacional de Saúde (1986) que aborda a saúde como acesso à alimentação, saneamento básico, habitação, educação, meio-ambiente, transporte, lazer, liberdade, renda, trabalho, acesso à posse de terra e a serviços de saúde e na Constituição Federal de 1988 que estabelece a saúde como um direito social e dever do Estado criando o Sistema Único de Saúde, regulamentado pela Lei 8080/90. A década seguinte contraditoriamente é caracterizada pela redução de recursos da área social com a consolidação da política neoliberal que ocasiona o aumento das desigualdades sociais e a precarização das instituições públicas de saúde. O assistente social como profissional desta área que procura viabilizar os direitos sociais via políticas públicas enfrenta sérios desafios frente às demandas cotidianas postas no enfrentamento da questão social. Deste modo, é essencial o estudo sobre a prática profissional do assistente social na Fundação Hospital Adriano Jorge, unidade de média e alta complexidade em saúde.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a Prática Profissional do Assistente Social na Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ). Tendo como objetivos específicos: identificar as ações desenvolvidas pelo assistente social na FHAJ; verificar as possibilidades e limites da prática profissional do Serviço Social na FHAJ em resposta às demandas dos usuários.
MÉTODOS:
A pesquisa realizada de natureza quantitativa e qualitativa guiada pela perspectiva crítico-dialética. No universo de treze assistentes sociais, optou-se pela escolha de quatro profissionais como sujeitos da pesquisa, considerando uma amostra representativa. Para coleta de dados a utilização das técnicas da documentação, da observação e da entrevista semi-estruturada com a aplicação de formulário contendo questões abertas e fechadas que permitiu a coleta informações sobre as experiências vividas pelos profissionais no local de trabalho. A fim de dar um melhor tratamento aos dados coletados, a utilização de gráficos com o uso dos recursos estatísticos e da análise de conteúdo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados demonstram que as entrevistadas buscam incansavelmente a defesa do Código de Ética profissional, da Lei de Regulamentação da Profissão e dos princípios da Reforma Sanitária. Procuram os Parâmetros para Atuação dos Assistentes Sociais na Área da Saúde produzido pelo Conselho Federal de Serviço Social para reforçar o fazer profissional na unidade de saúde. Contudo, estratégias de ação em conjunto com a sociedade civil e com a equipe multiprofissional da saúde ainda não foram fortalecidas, suas relações ainda não estão totalmente articuladas. É importante observar que metade das assistentes sociais entrevistadas formou-se na década de 1980, enquanto que a outra metade, no primeiro decênio de 2000. Fator esse pode interferir no exercício da prática profissional, nota-se que a metade das profissionais entrevistadas atua como assistente social há mais de vinte anos na FHAJ e foram formadas por instituições públicas, enquanto que as demais atuam há menos de dez anos e sua formação se deu em instituições privadas demonstrando as novas configurações do Estado na formação profissional da categoria. As assistentes sociais entrevistadas consideram o Sistema Único de Saúde (SUS) viável, contudo, 50% delas responderam com ressalvas frente aos desafios da atual conjuntura.
CONCLUSÕES:
Conclui-se que a prática profissional do assistente social na Fundação Hospital Adriano Jorge visa à defesa dos direitos sociais dos usuários, contudo, nem sempre é possível viabilizá-los dentro da esfera institucional, torna-se assim essencial que as profissionais conheçam a rede de apoio para que possam direcionar os usuários a ir à busca de seus direitos. Sendo indispensável o trabalho interdisciplinar para garantia de qualidade do atendimento, uma vez que enquanto uma especialização do trabalho coletivo, a profissional exerce suas atividades junto com um conjunto de outros profissionais. Para tanto, faz-se necessário que o assistente social seja um pesquisador da realidade, adotando sua capacidade teórico-metodológica a partir da leitura do acervo pertinente, do aperfeiçoamento do arsenal técnico-operativo e reforçar a postura ético-política no enfrentamento das manifestações da questão social postas no cotidiano profissional da unidade de saúde de média e alta complexidade.
Palavras-chave: Reforma Sanitária, Sistema Único de Saúde, Prática Profissional do Assistente Social.