65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
RELAÇÕES RURAIS E URBANAS EM MORADORES DA ILHA DE SIRITUBA NO ESTUÁRIO AMAZÔNICO.
Marcus Vinicius Santa Brígida Cardoso - Discente do Curso Técnico em Aquicultura (IFPA) e Graduando em Zootecnia (UFRA)
Oriana Trindade de Almeida - Profª Ph.D. / Orientadora – Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, NAEA /UFPA
Nathan David Vogt - Dr, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE
Marta Coutinho Caetano - Doutoranda, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, NAEA/UFPA
Sérgio Luiz de Medeiros Rivero - Prof Ph.D Instituto de Ciências Sociais Aplicadas,UFPA
Adebaro Reis - Doutorando, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, NAEA /UFPA
INTRODUÇÃO:
A relação entre espaços urbanos e rurais tem se modificado ao longo do tempo na Amazônia. Segundo Saint-Clair (2011), houve uma intensificação no índice anual de urbanização a partir de 1960. Aragon (2010) afirma que “grande parte dos migrantes da Amazônia brasileira procede dos países amazônicos fronteiriços e apresenta padrões de localização característicos de cada país”. Pinedo et al. (2008) tem mostrado uma série de complexidades relativas aos fluxos demográficos entre áreas urbanas e rurais que tem se acelerado com o processo de urbanização da Amazônia. Este estudo comparou mobilidade e famílias multi-instaladas nas regiões estuarinas de Macapá e a várzea da Amazônia Peruana mostrando que a separação rural urbano não é mais tão estanque quanto no passado.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho tem como objetivo, entender as interações entre população de zona urbana e zona rural, assim como os meios que interação se dá, e em que circunstâncias se dão as trocas existentes na região do estuarino amazônico.
MÉTODOS:
Para fazer o estudo foram aplicados 79 questionários com objetivo de analisar e entender as relações das famílias que vivem na comunidade da Ilha de Sirituba e a Sede Municipal (Abaetetuba) e Capital Estadual (Belém). A Ilha de Sirituba encontra-se às margens do rio, localizado na região amazônica, sudoeste de Belém, próxima à desembocadura do rio Tocantins. As entrevistas foram realizadas com o objetivo de obter informações sobre a ajuda que essas famílias recebem de familiares, a frequência com que visitam a sede e a capital, a troca de produtos entre zona rural e urbana, mudança no nível das marés e suas consequências.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Apesar de forte relação entre comunidades e sedes municipais, uma grande parte das famílias entrevistadas não recebe ajuda de parentes de Abaetetuba (87%) ou de Belém (96%). A relação com a sede é grande em termos de permuta. As famílias relataram ir semanalmente à sede (58%) para venderem seus produtos (54%), mas raramente (68%) vão à Belém. Apesar de haver relação grande de apoio entre zona rural urbano, em Sirituba, parece ter uma relação contrária onde é comum a doação de produtos extrativistas e peixes aos parentes em Abaetetuba (76%) e/ou em Belém (20%). Os principais produtos doados são o açaí e o camarão (46%) e o açaí, o camarão e o peixe (55%). Possivelmente por Sirituba ficar próxima de Abaetetuba (25 minutos de barco), as famílias geralmente não tem casa ou terreno na cidade. Para se locomoverem até Abaetetuba, os transportes mais comuns são o barco, a rabeta ou a canoa a remo (81%), e para ir até Belém, são o barco, o ônibus ou o transporte público (43%). Verificou-se que, nos últimos 10 anos, a maioria das famílias não aumentou a área da propriedade (75%). Segundo 75% das famílias, houve uma mudança no nível da maré nos últimos 30 anos, onde se percebeu forte redução da maré, ocasionando vários impactos negativos como a diminuição da captura do camarão (41%).
CONCLUSÕES:
A relação das famílias com a sede municipal e estadual são forte, mas a dependência entre zonas rurais e zonas urbanas tem mudado. Menos dependência de estadia da zona rural, possivelmente devido à proximidade da cidade. Em Sirituba, constatou-se que o extrativismo e a pesca são práticas presentes em quase todas as famílias entrevistadas e, que boa parte desses produtos são doados aos parentes que vivem na sede municipal e na capital principalmente de camarão e açaí que se tornam produtos mais caros na zona urbana Muitas das famílias não possuem casa nas sedes, mas recebem auxílios dos parentes que vivem em Abaetetuba e/ou em Belém, sendo a rabeta, o barco, a canoa a remo, o ônibus e o transporte público, alguns dos transportes mais comuns para irem às sedes. Também há uma percepção de redução no nível das marés nos últimos 30 anos, que acarretou numa forte diminuição da captura do camarão, além de outros impactos negativos relacionados às práticas extrativistas e a pesca.
Palavras-chave: Migração, Várzea, Amazônia.