65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 3. Química Analítica
DETERMINAÇÃO DE MERCÚRIO EM PILHAS ALCALINAS CLANDESTINAS COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE CAXIAS-MA, POR ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃO MOLECULAR UV-VIS.
Roberto Pereira da Silva - Departamento de Pós-Graduação em Química – Mestrando em Química Analítica - UFMA
Raimundo Luiz Ferreira de Almeida - Prof. Me. / Orientador – Departamento de Química e Biologia – CESC/UEMA
Railson da Cunha Ferreira - Departamento de Pós-Graduação em Química – Mestrando em Química Analítica - UFMA
Wanderson Oliveira da Silva - Me. Departamento de Pós-Graduação em Química – Química Analítica - UFMA
Marcos Vinícius de Sousa Borges - Departamento de Tecnologia Química – Curso de Química Industrial – UFMA
Paulo Roberto Barros Gomes - Departamento de Pós-Graduação em Química – Mestrando em Química Analítica - UFMA
INTRODUÇÃO:
Com o grandioso avanço da tecnologia o uso de pilhas tem sido cada vez mais intenso, e no Brasil não tem sido diferente. Pilha é um dispositivo que utiliza reações de óxido-redução para produzir a interconversão entre energia química e elétrica. As pilhas alcalinas são, atualmente, as mais utilizadas no mercado brasileiro, representando cerca de 30% do total das vendas de pilhas no país. Essas são, também, as mais duradouras. Acredita-se que sua maior durabilidade se deve ao uso de metais pesados como Mercúrio (Hg), Cadmio (Cd), Chumbo (Pb) e Zinco (Zn) em sua composição, sendo o mercúrio o mais perigoso devido à sua alta volatilidade e poder de contaminação. Isso vem representando um grande perigo à saúde da população e ao meio ambiente. O maior perigo são as pilhas alcalinas de origem clandestinas, que, por não passarem por nenhuma fiscalização ao entrarem no país, apresentam quantidades de metais pesados bem acima do permitido pela legislação vigente para pilhas e baterias. Vários acidentes envolvendo o mercúrio são conhecidos mundialmente, sendo o principal deles o ocorrido em Minamata a partir de 1950. Diante disso, realizou-se a determinação do teor de mercúrio em pilhas alcalinas de origem clandestina, e neste caso as comercializadas na cidade de Caxias-MA.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho teve como objetivo, determinar a concentração do metal pesado mercúrio em pilhas alcalinas clandestinas, por espectrofotometria de absorção molecular UV-VIS. Bem como comparar os resultados obtidos com o parâmetro estabelecido pelos órgãos competentes, além de subsidiar estudos futuros a serem desenvolvidos sobre este produto ou que, por ventura, vierem a tratar da mesma temática.
MÉTODOS:
Empregando-se um sistema ternário homogêneo de solventes água-etanol-clorofórmio, denominado de solução fase única, desenvolveu-se os procedimentos para determinação espectrofotométrica de íon Hg2+ com o agente complexante Difeniltiocarbazona (Ditizona). No procedimento, a porção água foi substituída por solução aquosa de íon Hg2+ (ou amostra) e a porção clorofórmio substituída por solução de ditizona em clorofórmio. Já a porção álcool desempenhou a função de consoluto. Durante a extração em solução fase-única a pH ~ 1,5 empregou-se solução de composição 1:6:3 v/v, para os solventes água-etanol-clorofórmio, respectivamente, com concentração de ditizona em clorofórmio a 0,0025 % m/v, ocorrendo a formação do complexo Hg(HDz)2 na solução fase-única. Logo depois acrescentou-se mais água ao sistema até que o equilíbrio de fases fosse rompido e o complexo Hg(HDz)2 extraído na fase orgânica do sistema. O íon Hg2+ foi determinado comparando o sinal analítico em curva analítica de calibração, obtido a 490 nm. As soluções contendo o ditizonato de mercúrio, amostras, foram colocadas em uma cubeta de 1,0 cm de caminho óptico. Posteriormente foram colocadas no aparelho espectrofotômetro de absorção molecular UV-Vis, Biosystem, modelo SP-1105 para as leituras de absorbância.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As amostras A, B e C, foram inicialmente pesadas, para se estimar as quantidades de mercúrio que seriam permitidas por lei para cada uma delas. A legislação vigente no país dispõe que a fabricação, importação e comercialização de pilhas e baterias devem atender ao limite de 0,010 % (m/m) de mercúrio quando forem do tipo zinco-manganês e alcalina manganês. Os pesos das amostras A, B e C, foram 0,660 g (±0,065), 0,670 g (±0,047)g e 0,700 g (±0,061), respectivamente, e segundo a legislação deveriam conter, no máximo, 0,066 mg, 0,067 mg e 0,070 mg de mercúrio, respectivamente. O valor de R2 para a curva analítica de calibração foi 0,9993, que segundo a literatura atribui uma alta confiabilidade ao método. O estudo de pH mostrou que o pH ótimo para a reação de complexação foi aproximadamente 1,5 como o previsto pela literatura. A variação nos valores médios de absorbâncias (0,402, 0,442 e 0,413 para as respectivas amostras A, B, e C) indicou variação na quantidade do analito para cada amostra. Ao final, a amostra A apresentou a quantidade de mercúrio de 0,175 mg (± 0,070), para a amostra B esse valor foi de 0,192 mg (± 0,052) e para a amostra C o valor de 0,180 mg (± 0,065). Todas as amostras apresentaram resultados bem acima dos permitidos por lei, como já indicava a literatura.
CONCLUSÕES:
Com o método utilizado no presente trabalho foi possível determinar, de maneira confiável, as quantidades de mercúrio nas três diferentes marcas de pilhas alcalinas clandestinas coletadas. Concluiu-se ainda que todas as amostras apresentaram teores do metal pesado mercúrio bem acima dos valores máximos previstos pela legislação vigente, sendo esses valores quase que o triplo do permitido. Com isso, é notório que as pilhas alcalinas produzidas em outros países e comercializadas de forma ilícita no Brasil, estão fora das especificações da lei brasileira, sendo vendidas a preços inferiores aos das nacionais, além de vazarem com facilidade por usarem blindagem de papelão ao invés de metal, tornando-se um embuste para o consumidor e um grande perigo à saúde da população e ao meio ambiente.
Palavras-chave: Mercúrio, Pilhas alcalinas, Ditizona.