65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÕES SOCIOECONÔMICAS DAS COMUNIDADES RURAIS DE AMAZÔNIA
Shaji Thomas - Núcleo dos Altos Estudos Amazônico UFPA/NAEA
Oriana Trindade de Almeida - Profª;.Dra. / Orientadora – Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, NAEA /UFPA
Ana Rachel Broni de Jesus - Técnica em Aquicultura, IFPA
Nathan David Vogt - Dr, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE
Sérgio Luiz de Medeiros Rivero - Prof. Dr. Instituto de Ciências Sociais Aplicadas,UFPA
Elysângela Sousa Pinheiro - Núcleo dos Altos Estudos Amazônico UFPA/NAEA
INTRODUÇÃO:
As relações rurais-urbanas são cada vez mais percebidas pelas comunidades que vivem na Amazônia. Nessa região,em determinadas épocas do ano,é comum ocorrer certas mudanças climáticas como cheias que trazem consequências para a vida das famílias. As pessoas que vivem na zona rural são as mais afetadas, principalmente as que vivem em área de várzea e as comunidades amazônicas tendem a se adaptar a essas mudanças climáticas. Geralmente são famílias agroextrativistas que têm suas propriedades afetadas. Neste trabalho foram observadas as adaptações rural-urbano na Ilha de Paricatuba, Ponta de Pedras, uma área coberta por floresta de várzea, grandes áreas de açaizal manejado, campos naturais, mangues e floresta de terra firme. A população dessa ilha é que apresenta a estratégia de uso de recursos mais diversificada, quando comparada com outras comunidades. (Brondizio 1996, Siqueira 1997).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Esse estudo foi realizado com o objetivo de conhecer as adaptações da população rural do estuário Amazônico e sua relação com a zona urbana (Ponta de Pedras e Belém) e como essas adaptações influenciam a vida socioeconômica das famílias.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado na Ilha de Paricatuba que se localiza ao longo do Igarapé de Paricatuba no município de Ponta de Pedra no Estado do Pará. Para alcançar os dados obtidos a metodologia utilizada foi fundamentada em: conversas informais com os moradores locais e 26 entrevista semi-estruturadas, com perguntas voltadas para a comunidade no intuito de estudar a relação entre sede municipal (Paricatuba) e a sede municipal (Ponta de Pedras) e capital estadual (Belém). Os dados obtidos foram analisados e confrontados com a literatura disponível sobre relações rural-urbana no Brasil.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Com os dados obtidos constatou-se que as famílias que vivem nas ilhas recebem ajuda de parentes que vivem na capital e na região urbana do município. Essas famílias rurais são auxiliadas com: moradia e suporte para saúde (60%), assim como os parentes que vivem no município de Ponta de Pedras colaboram também auxiliando na saúde e com mão-de-obra (84%). Semanalmente 85 porcento, dessas famílias vão à sede municipal para fazer compras ou vender produtos (68%). Mensalmente 69 porcento das famílias visitam seus parentes na sede municipal e doam para esses parentes alguns de seus produtos (88%).Raramente essas famílias vão até a capital visitar seus parentes, mesmo assim,fazem doações de produtos (69%). Foi analisado que essas famílias deixam que seus parentes tanto da sede municipal (Ponta de Pedras) quanto da capital (Belém), peguem e levem os produtos para a cidade sem pagar (65%), dentre os produtos doados estão o açaí e o camarão. A existência das relações rurais-urbanas trazem benefícios mútuos e moldam a vida socioeconômica das pessoas que vivem na região amazônica(RIVERA; CAMPOS, 2008).
CONCLUSÕES:
O espaço rural-urbano não pode ser compreendido separado um do outro, visto que são realidades que não existiriam isoladamente. O crescimento do número de pessoas que moram na área rural e interagem com as áreas urbanas indicam a existência de um novo paradigma socioespacial no Brasil. Na região amazônica, esta interação é causada pelas mudanças climáticas e as populações rurais cada vez mais dependem das áreas urbanas para enfrentar essas mudanças. Segundo Lefebvre (2002), o tecido urbano prolifera, estende-se, corrói os resíduos da vida agrária. Mas ao mesmo tempo, a cidade também depende dessa interação. Qualquer que seja a análise, é importante verificar essa influência rural-urbana na dinâmica socioeconômica das populações Amazônicas. Tais espaços se relacionam e se interpenetram, levando estudiosos a formular abordagens que considerem os diferentes níveis de integração ou distanciamento. Essa discussão é importante para compreender as comunidades de que moram nas várzeas da região Amazônica que usam novas estratégias para enfrentar fenômenos da natureza. Não podemos insistir em classificações que considerem a relação rural-urbana como puramente dicotômica, devendo-se admitir a existência de um espaço continuum repleto de diferentes características funcionais.
Palavras-chave: Migração, Várzea, Relação urbano rural.