65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
COMPARAÇÃO DAS COMUNIDADES DE ARANHAS EM DOIS SISTEMAS FLORESTAIS NO MUNICÍPIO DE IBIRAMA-SC
Giulliana Appel - Discente Ciências Biológicas. Integrante do Programa de Educação Tutorial - FURB
Scheila Weber - Discente Ciências Biológicas. Universidade Regional de Blumenau - FURB.
Pedro Wilson Bertelli - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Ciências Exatas e Naturais - FURB.
Luís Olímpio Menta Giassom - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Ciências Exatas e Naturais - FURB.
Sérgio Luis Althoff - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Ciências Exatas e Naturais - FURB.
INTRODUÇÃO:
Aranhas são distribuídas por todo o mundo, tendo sucesso em quase todos os ambientes terrestres. Há precariedade de estudos sobre a diversidade das mais diversas comunidades de artrópodes, até de uma ordem conhecida e amplamente distribuída como Aranae, principalmente, sobre a diversidade, riqueza e abundância das aranhas terrestres. As aranhas são ótimos indicadores de alterações do hábitat, por serem animais extremamente comuns na maioria dos ecossistemas terrestres e por serem sensíveis às alterações da fisionomia da paisagem, assim, à medida que a estrutura da vegetação se torna mais heterogênea à capacidade do ambiente em suportar mais espécies de aranhas é maior, como isso auxilia na manutenção das populações de aranhas. Em contra partida, a presença de áreas monodominantes pode influenciar a diversidade de espécies de artrópodes associada a essas áreas, pois a baixa diversidade vegetal acarreta diferenças na disponibilidade de recursos em tais ambientes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho teve como objetivo inventariar a comunidade de aranhas em dois sistemas florestais: área de Floresta Ombrófila Densa e área de floresta dominada pela espécie exótica Pinus elliotii, permitindo uma comparação entre a diversidade de aranhas entre essas áreas. Assim como comparar os diferentes métodos de coletas utilizados entre as áreas.
MÉTODOS:
O estudo foi feito no município de Ibirama- SC, constituído na região fitoecológica Floresta Ombrófila Densa, situada na Fazenda Schacht, onde podem ser encontradas áreas dominadas por Pinus elliotii . Em cada sistema foi demarcada uma parcela de 10 por 3, nos quais foram coletadas as aranhas de duas formas: a - Coletas manuais noturnas e diurnas (look down e look up), onde cada área foi percorrida duas vezes (ida e volta) por uma dupla de coletores, equipados com lanternas de cabeça, pinças e potes contendo álcool 70%. Foram coletadas todas as aranhas encontradas em solo, folhas, teias, troncos, pedras e serapilheira; b - Pitfall, foram instaladas seis armadilhas em cada ambiente. As armadilhas foram dispostas de 3 m de distância uma da outra em diagonal e deixadas no campo durante 24 horas. Todos os indivíduos foram identificados em nível de família com a chave de identificação de Brescovit, Rheims & Bonaldo (2002). Foram calculados o índice de diversidade de Shannon (H’) e de riqueza de Margalef através do programa PAST (PAleontological STatistics) para verificar diferenças significativas entre as áreas, assim como, foi feito a curva de rarefação para se verificar a suficiência amostral.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram coletadas 143 espécimes distribuídos em 16 famílias. Na área de Pinus foram encontrados 90 indivíduos e 15 famílias, na área de mata 53 indivíduos e 11 famílias. A coleta noturna se mostrou mais eficiente que as demais coletas. Quatro famílias representaram 68% das aranhas amostradas, Ctenidae (26%), Theridiidae (18%), Araneidae (13%) e Linyphiidae (11%). As áreas não diferem quanto a diversidade pelo índice de Shannon H’ (p=0,536) e nem quanto a riqueza de famílias pelo índice de Margalef (p=0,226). A curva de rarefação não atingiu a assíntota indicando que provavelmente mais espécies ainda serão encontradas com o aumento do esforço amostral, no entanto o formato de curva de rarefação de cada área é o mesmo, o não indica o decréscimo no número de famílias na floresta de Pinus e que esta tenderia manter a tendência de ser mais rica que a Floresta nativa. Esse resultado foi consequência do sub-bosque muito definido da silvicultura. A comunidade de aranhas depende principalmente do tamanho da serrapilheira e da cobertura densa de arbustos e herbáceas, pois cria uma variação de habitações para as aranhas e confere uma gama de recursos. Ao avaliarmos as duas áreas separadamente, a área de Pinus teve predominância de Ctenidae (40%) e Theridiidae (10%) com a ocorrência de 5 famílias exclusivas a essa área. Na mata nativa teve predominância de Theridiidae (32%) e Araneidae (21%) e foram encontrados 2 famílias exclusivas.
CONCLUSÕES:
A conectividade com sistemas agroflorestais com ambientes naturais, permite que a preservação das populações de aranhas e que a diversidade seja conservada. Com isso, deve se salientar que pela plantação de Pinus estar inserida numa área constituída pela Mata Nativa em seu entorno, a comunidade de aranhas conseguiu se estabelecer de uma forma mais diversa, tanto em aranhas de solo quanto aranhas de teia. Assim, este estudo mostra que alternar áreas com plantações de Pinus e Mata Nativa, não prejudicam o estabelecimento e manutenção da araneofauna. Dessa forma, são necessários mais estudos de longo prazo relacionados a aranhas de solo associadas à Mata Atlântica em Santa Catarina, assim como relacionar a outros fatores que podem estar influenciado a comunidade de aranhas como aspectos microclimáticos, forma do fragmento e disponibilidade de recursos. Assim como utilizar apenas os métodos de coleta mais eficazes visando o maior número de amostras como foi observado na coleta manual noturna onde foram coletados 59% dos indivíduos.
Palavras-chave: Aranhas, Comunidade, Diversidade.