65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
ABUNDÂNCIA E RIQUEZA DE POLIQUETOS NOS BANCOS DE Perna perna DOS COSTÕES ROCHOSOS DA ILHA DO GAMBÁ E DAS PRAIAS MONTE AGHÁ, ITAIPAVA E ITAOCA, BAÍA DE BENEVENTE, ES
Gilson Alexandre de Castro - Prof. MSc./Orientador – Depto. de Zoologia – ICB – UFJF
Clésio Castro da Silva - Biólogo voluntário do Núcleo de Estudos de Biomas Costeiros – ICB – UFJF
INTRODUÇÃO:
Em substratos rochosos, os organismos bentônicos estão distribuídos em diversas zonas estabelecidas em função da morfologia da costa, natureza do substrato e dos fatores ambientais e, em praias rochosas, essa zonação é mais evidente.
Os mitilídeos são os pioneiros na formação de uma complexa comunidade nas rochas litorâneas, onde oferecem refúgio, habitat e alimento para uma séria de organismos a ele associados. Por isso são considerados bioatratores de diversidade.
O mexilhão Perna perna é um ocupante primário de espaço nos costões rochosos do litoral sudeste do Brasil. Ele fornece habitats para uma gama de infauna e é amplamente coletada para alimentos por nível de subsistência dos pescadores, muitas vezes a ponto de sobre exploração. Os bancos naturais do mexilhão P. perna são explorados desordenadamente pelos extratores "marisqueiros".
Dentre os organismos, os poliquetos desempenham um importante papel na estrutura e no funcionamento das comunidades bentônicas, não apenas por serem numericamente dominante, mas também pela diversidade de hábitos alimentares apresentadas, que possibilita a ocupação de diversos nichos e pela íntima relação com o tipo de sedimento.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Os objetivos do presente estudo foram verificar e analisar a abundância e riqueza de poliquetos bentônicos nos bancos de mexilhões nos costões rochosos da ilha do Gambá e das praias Monte Aghá, Itaipava e Itaoca, localizadas na Baía de Benevente, litoral sul do Estado do Espírito Santo.
MÉTODOS:
Foram escolhidas três áreas nos bancos de Perna perna nos costões rochosos da ilha do Gambá (20° 50’ 46,4” S e 40° 43’ 28” W), e das praias Monte Aghá (20° 52’ 2,5” S e 40° 45’ 29,8” W), Itaipava (20° 53’ 30,5” S e 40° 46’ 0,4” W) e Itaoca (20° 54’ 18,3” S e 40° 46’ 36,7” W), ES. Estas áreas foram definidas de acordo com a facilidade de acesso aos bancos de mexilhões.
As coletas realizaram-se no período da manhã, durante uma maré de sizígia nos dias 20 de fevereiro e 04 de setembro de 2010.
As análises da abundância dos poliquetos foram feitas através de raspagens destrutivas utilizando de quadrados de 20x20cm distribuídos aleatoriamente nos bancos de P. perna, sendo as amostras inseridas no interior de sacos vedados, acondicionadas em caixas térmicas e fixados em formalina a 10% no laboratório do Núcleo de Estudos de Biomas Costeiros do litoral Sul do Estado do Espírito Santo, Piúma (ES).
No laboratório de Protostômios II (UFJF), os espécimes de poliquetos foram triados,contados e identificados.
Para as análises da diversidade baseamos nos Índices de Margalef, de Simpson e de Shannon-Wiener, além do grau de constância, dos grupos tróficos e do índice de importância trófica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os poliquetos encontrados foram Alitta succinea, Perinereis anderssoni, P. palpata, P. dumerilii, Nereis broa, N. riisei, Syllis gracilis, Eunice sp, Marphysa sp, Pista sp, Goniada sp, Eulalia sp, Dipolydora socialis, Lysidice sp, Podarke sp, Chaetacanthus sp, Oenone sp, Haplosyllis sp, Eteone sp, Branchiosyllis sp e Cirratulus sp. Estas espécies representaram 323 espécimes na primeira amostragem e 392 espécimes na segunda amostragem.
Os valores do índice de Shannon-Wiener, variaram de 0,2059 na praia Itaipava a 0,7888 na praia Monte Aghá. O Índice de Simpson variou de 0,2917 na Ilha do Gambá a 0,8157 na praia Itaipava.
O Índice de Margalef variou de 0,4170 na praia Itaipava, a 3,27 na praia Monte Aghá. O grau de constância foi de 33,37% a 71,43 % espécies constantes, de 14,28% a 40,00% espécies acessórias e de 14,28% a 54,54% espécies acidentais.
Os grupos tróficos e o índice de importância trófica evidenciaram maior presença de espécies carnívoras, (TI= 39,4 a TI= 52,1); seguidos por espécies suspensívoras (TI= 12,5 a TI= 28,6), espécies herbívoras (TI= 14,3 a TI= 20,9) e de espécies detrítivoras de superfície (TI= 2,6 a TI= 22,7).
CONCLUSÕES:
A abundância e riqueza de poliquetos foram diferentes tanto na primeira amostragem quanto na segunda amostragem. Os resultados sugerem uma adaptação, ou então a perda da riqueza original dos poliquetos, durante os meses do ano, nos bancos do bivalvo Perna perna nos costões rochosos da ilha do Gambá e das praias Monte Aghá, Itaipava e Itaoca, que até então não haviam sidos registrados para a região.
Palavras-chave: Bancos de mexilhões, poliquetos, estuário.