65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
EPIBIONTES NOS BANCOS DE Perna perna (Bivalvia, Mytilidae) DOS COSTÕES ROCHOSOS DAS PRAIAS COSTA AZUL E DOS NAMORADOS, BALNEÁRIO DE IRIRI, ANCHIETA – ES
Clésio Castro da Silva - Biólogo voluntário do Núcleo de Estudos de Biomas Costeiros – ICB – UFJF
Gilson Alexandre de Castro - Prof. MSc./Orientador – Depto. de Zoologia – ICB – UFJF
INTRODUÇÃO:
Perna perna (Linnaeus,1758) (Mollusca, Bivalvia, Mytilidae) são mexilhões que podem suportar uma grande variação de salinidade, dessecação, temperatura e concentração de oxigênio, resultando na capacidade de ocupar uma grande variedade de microhabitats, podendo ser encontrados em vários tipos de substrato, tais como pedras, cascalho, seixos rolados, organismos mortos, conchas e até mesmo de lama e areia. Mexilhões são geralmente dominantes em termos de biomassa, e formam uma componente chave de muitas comunidades marinhas.
A epibiose é comum em ambientes marinhos, incluindo as áreas de costão rochoso, onde há organismos com fases de vida sésseis e para os quais o substrato de fixação é um recurso escasso, muitos destes organismos se estabelecem em um substrato onde crescem e se reproduzem, como ocorre com os mitilídeos que são animais pioneiros na formação de uma complexa comunidade nas rochas litorâneas, sendo dessa maneira, considerados bioatratores de diversidade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do presente estudo foi comparar dados da abundância com o número de cracas nas valvas de Perna perna, nos costões rochosos das praias Costa Azul e dos Namorados, Balneário de Iriri, município de Anchieta, situadas ao sul do Estado do Espírito Santo.
MÉTODOS:
Foram escolhidas três áreas nos bancos de Perna perna nos costões rochosos das praias Costa Azul (200 49’ 58” S e 400 41’ 34,2” W) e dos Namorados (200 49’ 42,6” S e 400 41’ 23,6” W), Balneário de Iriri, Anchieta (ES). Estas áreas foram definidas de acordo com a facilidade de acesso e abundância dos bancos de P. perna.
As coletas foram realizadas no período da manhã, nos dias 21 de fevereiro e 22 de julho de 2011. As análises da abundância de P. perna foram feitas através de raspagens destrutivas, utilizando quadrados de 20 X 20 cm distribuídos aleatóriamente nos bancos de P. perna, sendo as amostras inseridas no interior de sacos vedados, acondicionadas em caixas térmicas e fixados em formalina a 10% no laboratório do Núcleo de Estudos de Biomas Costeiros do litoral Sul do Estado do Espírito Santo, Piúma (ES).
No laboratório de Protostômios II (Depto. de Zoologia, ICB, UFJF), os espécimes de P. perna foram triados e contados, tendo sido todos os dados registrados. Em seguida, foi feita uma análise da percentagem de cobertura dos cirrípedes nas valvas de P. perna, dividindo-se as valvas do mexilhão em três regiões: A (borda da valva), B (região mediana) e C (região do umbo).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram analisados 463 espécimes de Perna perna no costão da praia Costa Azul e 2.229 espécimes de P. perna no costão da praia dos Namorados.
Na superfície da valva de P. perna foram encontrados Chlorophyta, Rhodophyta e Bryozoários, que não foram expressivos em relação a abundancia dos Crustacea Cirripedia (Chthamalus bisinuatus, Tetraclita stalactifera e Megabalanus tintinnabulum).
Foram verificados uma maior abundância relativa de C. bisinuatus em relação à T. stalactifera e M. tintinnabulum.
Com a análise da abundância relativa de cobertura dos cirrípedes nas valvas de P. perna, dividindo-as nas mesmas três regiões do estudo mencionado, foi aplicado o teste de ANOVA, de forma que se pôde verificar que não houve diferenças significativas entre o número médio de C. bisinuatus e T. stalactifera nos diferentes locais do hospedeiro. Isso sugere que a distribuição dos indivíduos sobre o hospedeiro é aleatória, ao contrário do registrado na literatura. Diferentemente para M. tintinnabulum que apresentou diferenças na região mediana (F= 0,9592; (p)= 0,5681) e borda da valva (F= 0,9253; (p)= 0,5612) nos costões rochosos das praias Costa Azul e dos Namorados.
CONCLUSÕES:
Com os resultados do presente estudo, pudemos observar variações das populações de Perna perna nos locais de estudo que, embora geograficamente próximos, apresentaram diferenças em relação a fixação de Megabalanus tintinnabulum na valva de P. perna, com variações de eficiência na região mediana e no bordo da valva deste bivalvo.
Palavras-chave: Bancos de mexilhões, macrobentos, estuário.