65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
RISCOS OCUPACIONAIS: INFLUÊNCIAS NO CAMPO DA SAÚDE DO ADOLESCENTE TRABALHADOR
Carlos Colares Maia - Depto. de Enfermagem - UFC
Izaildo Tavares Luna - Depto. de Enfermagem - UFC
Kelanne Lima da Silva - Depto. de Enfermagem - UFC
Ana Paula Oliveira Queiroz - Depto. de Enfermagem - UFC
Patrícia Neyva da Costa Pinheiro - Depto. de Enfermagem - UFC
Neiva Francenely Cunha Vieira - Profª Drª/Orientadora - Depto. de Enfermagem - UFC
INTRODUÇÃO:
A inserção laboral dos adolescentes mostra-se desfavorável em alguns aspectos, pois como esses jovens estão em desenvolvimento biopsicossocial e muitas vezes são considerados uma mão de obra barata, as questões trabalhistas não são respeitadas, comprometendo assim, a saúde do adolescente trabalhador. Além disso, a fragilidade e instabilidade do atual contexto podem tornar o adolescente mais vulnerável ao entrar no mercado de trabalho (THOME; TELMO; KOLLER, 2010). Essa vulnerabilidade poderá expor os adolescentes a riscos ocupacionais durante a execução de atividades laborais. Riscos ocupacionais são todas as situações de trabalho que podem romper o equilíbrio físico, mental e social dos trabalhadores e não somente as situações que originem acidentes e doenças (BESSA, et al, 2010).O estudo mostra-se relevante, pois a Enfermagem do Trabalho tem papel fundamental nas questões envolvendo os riscos ocupacionais, isso porque é a área específica da Enfermagem onde é possível estudar esses riscos de maneira aprofundada e com isso propor soluções de acordo com cada atividade laboral e a legislação vigente.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar as repercussões dos riscos ocupacionais na saúde do adolescente trabalhador, de acordo com as atividades laborais desempenhadas.
MÉTODOS:
Estudo descritivo com abordagem qualitativa, realizado com adolescentes de uma Escola da Rede Estadual de Ensino no Município de Tabuleiro do Norte – Ce, no período de maio a outubro de 2012. Participaram do estudo oito adolescentes, sendo cinco do sexo masculino e três do sexo feminino, situados na faixa etária de 16 a 18 anos incompletos, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Os critérios de inclusão foram: estar na faixa etária de acordo com o ECA, ser matriculado na Escola, exercer ou ter exercido alguma atividade laboral, querer participar do estudo e autorização do pai e/ou mãe ou responsáveis, através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). E como critérios de exclusão: adolescentes que estivessem fora da faixa etária citada acima, que nunca tivessem desempenhado alguma atividade laboral, que em qualquer momento quisessem desistir do estudo e que não tivessem disponibilidade para colaborar com o estudo. Foram utilizados, como técnicas e procedimentos de coleta de dados, o grupo focal e também o diário de campo. O grupo focal durou noventa minutos e o tema discutido foi: riscos no ambiente de trabalho. Para auxiliar na organização dos conteúdos das falas oriundas das discussões foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin. A categorização das falas dos adolescentes originou a categoria temática: repercussões dos riscos ocupacionais no campo da saúde do adolescente trabalhador.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os adolescentes dialogaram sobre os tipos de riscos aos quais estão ou podem vir a estar sujeitos em suas atividades de trabalho. Apontaram riscos físicos, ergonômicos e de acidentes de trabalho como sendo os mais comuns. Os discursos sobre a palavra risco centralizaram-se em torno de três categorias (risco e possibilidade de acidentes / risco e possibilidade de quedas / risco e ambiente perigoso de trabalho) que, por sua vez, definiram a categoria temática: repercussões dos riscos ocupacionais no campo da saúde do adolescente trabalhador. Em relação a risco e possibilidade de acidentes, os adolescentes afirmaram que risco está relacionado à possibilidade de acontecer algo. Risco caracteriza-se pela possibilidade de acontecer acidentes (Garoto 2). No aspecto risco e possibilidade de quedas, as discussões ocorreram levando-se em consideração o fato de ser possível a ocorrência de quedas, durante a realização das atividades diárias de trabalho. No local onde trabalho tenho que redobrar os cuidados pra não levar queda, pois o chão escorrega (Garoto 1). O aspecto risco e ambiente perigoso de trabalho, complementou as discussões acerca dos outros dois aspectos discutidos anteriormente. O ambiente onde trabalho não tem problema de calor e nem de frio, porém as condições materiais de que disponho pra trabalhar colocam em risco minha saúde, pois fico horas e horas sentado, sem ter uma cadeira confortável e a mesa não é apropriada pra realizar a atividade que eu desempenho (Garoto 4).
CONCLUSÕES:
O estudo possibilitou a observação dos tipos de riscos ocupacionais aos quais os adolescentes trabalhadores estão sujeitos em suas atividades laborais. Segundo esses adolescentes, os ambientes de trabalho dos mesmos apresentam condições insatisfatórias em relação a preservação da saúde, possibilitando, assim, de acordo com a pesquisa, a ocorrência de riscos físicos, de acidentes de trabalho e ergonômicos. Levando-se em consideração o fato da necessidade de adolescentes trabalharem estar ligada a questões socioeconômicas, de acordo com o presente estudo, conclui-se que as ações de combate ao trabalho infantojuvenil devem ser conjuntas, ou seja, o governo e a sociedade devem atuar juntos, através da criação de empregos e também da qualificação profissional junto às famílias dos adolescentes, bem como dos mesmos. Através do acesso à educação de qualidade e da consequente qualificação profissional, as famílias poderão ter condições dignas de moradia, alimentação, saúde, educação e trabalho, propiciando aos adolescentes melhores condições de vida. Portanto, é inegável a importância da atuação dos profissionais de saúde no tocante à prevenção de riscos ocupacionais em adolescentes trabalhadores, em especial da Enfermagem do Trabalho, a qual é uma área específica da Enfermagem que apresenta condições reais de interferir diante dessa problemática, contribuindo positivamente com a saúde do adolescente trabalhador.
Palavras-chave: Trabalho, Risco, Adolescência.