65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
HÁBITOS ALIMENTARES DA ICTIOFAUNA DA MARGEM DO BAIXO RIO CABIBARIBE.
Caio Alves Marinho de Oliveira - Laboratório de Etnobiologia e Ecologia de Peixes Tropicais – UPE
André Luiz Ramos Holanda de Andrade - Laboratório de Etnobiologia e Ecologia de Peixes Tropicais – UPE
Ludmila de Andrade Gadelha - Laboratório de Etnobiologia e Ecologia de Peixes Tropicais – UPE
Felipe Francisco Regueira da Silva - Laboratório de Etnobiologia e Ecologia de Peixes Tropicais – UPE
Mayara Alves Campos - Laboratório de Etnobiologia e Ecologia de Peixes Tropicais – UPE
Simone Ferreira Teixeira - Profa. Dra./Orient. – Lab. de Etnobiologia e Ecologia de Peixes Tropicais – UPE
INTRODUÇÃO:
O rio Capibaribe constitui-se em uma das bacias hidrográficas mais importantes para Pernambuco. O baixo rio Capibaribe, localizado na região metropolitana do Recife/PE, contempla uma área estuarina que proporciona um habitat favorável ao crescimento e desenvolvimento da ictiofauna. Apesar do alto índice de pressão antrópica, abriga várias espécies de peixes com padrões alimentares associados às variações sazonais das fontes alimentares. Os peixes podem ocupar vários níveis tróficos dentro de um ecossistema (WOOTON, 1994), e suas dietas são influenciadas pela interação entre a preferência alimentar e a disponibilidade de alimentos no habitat (ANGERMEYER & KARR, 1984). Nos estuários, o hábito alimentar dos peixes é bastante diversificado, encontrando-se representantes de todas as categorias tróficas (CABERTY et al., 2004).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a sazonalidade dos hábitos alimentares da ictiofauna marginal do baixo rio Capibaribe em Recife/PE.
MÉTODOS:
As coletas foram realizadas bimestralmente, de fevereiro de 2011 a dezembro de 2012, em duas estações: nos bairros da Torre e Ilha do Retiro. A captura foi realizada através de uma rede de arrasto (20 m de comprimento por 1,5 m de altura e 5 mm de entrenós), com dois arrastos em cada estação. Após a captura, os peixes foram acondicionados em sacos plásticos devidamente identificados e fixados em formol 10%. No laboratório, os exemplares foram identificados ao nível de espécie e classificados quanto ao seu hábito alimentar. Para análises de sazonalidade foram considerados o período de estiagem, de setembro a fevereiro, e o período chuvoso, de março a agosto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram coletados 2.590 indivíduos e identificadas 9 espécies com os seguintes hábitos alimentares: 5 carnívoras, 3 onívoras e 1 detritívora. O maior número de espécimes ocorreu no período de estiagem (65,99% em 2011; 53,91% em 2012). As espécies mais abundantes, tanto no período de estiagem quanto no chuvoso foram Poecilia vivipara e Ctenogobius boleosoma; ambas nativas carnívoras, porém com nichos distintos, observando-se ocorrência de Oreochromis niloticus, espécie exótica onívora. Dos exemplares coletados em 2011, 87,48% eram carnívoras; 12,35% onívoras; e, 0,17% detritívoras e, sazonalmente, a maioria também foi carnívora (88,46% no período de estiagem e 85,57% no chuvoso). Em 2012, 94,25% foram carnívoras; 5,68% onívoras; e, 0,07% detritívoras, também com predominância de carnívoros em ambos os períodos (91,57% no de estiagem e 97,38% no chuvoso). Os resultados coincidem com estudos similares em estuários que demonstram o maior número de indivíduos nos meses mais quentes, devido à maior transparência da água e maior salinidade; forte pressão e predominância de espécies predador-carnívoras; e, a baixa influência de variações sazonais na estrutura da comunidade de peixes (NORDLIE & KELSO, 1975; BLABER, 2000; CORRÊA & UIEDA, 2007; PAIVA et al, 2008).
CONCLUSÕES:
Apesar de altamente impactado, o baixo rio Capibaribe apresenta uma conformação trófica equilibrada, com a presença de representantes de diferentes níveis tróficos. As espécies carnívoras mais abundantes Poecilia vivipara e Ctenogobius boleosoma não competem entre si, pois apresentam nichos distintos, pelágico e bentônico, respectivamente. No entanto, a presença de Oreochromis niloticus demonstra a necessidade de projetos de monitoramento do Capibaribe, por ser uma espécie exótica, altamente adaptável e que pode causar grande impacto sobre as nativas, contribuindo para o desequilíbrio natural da cadeia trófica.
Palavras-chave: Cadeia alimentar, Peixes, Estuário tropical antropizado.