65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 2. Manejo Florestal
ESTOQUE DA POPULAÇÃO DE Pseudopiptadenia suaveolens (Miq.) J.W.Grimes AOS OITO ANOS APÓS A COLHEITA DE MADEIRA EM UMA FLORESTA DE TERRA FIRME, NO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS, PA
Luciana Maria de Barros Francez - Professora M.Sc - Universidade Federal Rural da Amazônia/UFRA
Fábio de Jesus Batista - Professor M.Sc. - Universidade Federal Rural da Amazônia/UFRA
João Olegário Pereira de Carvalho - Professor Visitante Nacional Sênior (CAPES/UFRA)
Jhonnathan Lima da Silva - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia/UFRA
Thais Matias de Oliveira - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia/UFRA
Thamires Mendes Coelho Ferreira - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia/UFRA
INTRODUÇÃO:
A exploração florestal pode acarretar mudanças na estrutura da comunidade, mas principalmente na estrutura das espécies colhidas. É necessário que o plano de manejo preveja a intensidade com que os danos causados pela exploração irão ocorrer na estrutura da floresta, garantindo a sustentabilidade (PINTO et al., 2002). Na aplicação de qualquer sistema de manejo, em florestas tropicais da Amazônia, é imperativo que se analise a estrutura da floresta, permitindo a intervenção no povoamento numa intensidade que não provoque alterações severas (JARDIM e HOSOKAWA, 1986/1987). O estudo da estrutura permite informar sobre o número de indivíduos na área amostrada, a distribuição e a dominância das espécies em relação à comunidade, sendo essencial para tomadas de decisão relativas ao manejo. Pseudopiptadenia suaveolens, conhecida como fava-timborana, pertencente à família Leguminosae (subfamília Mimosoideae), é uma espécie de valor comercial, utilizada na construção civil e naval, pisos e laminados, que precisa ser mais estudada devido à sua importância ecológica e econômica na região. É importante a realização de estudos relativos à estrutura e ecologia das espécies a fim de se estabelecer a quantidade ideal de indivíduos para o corte, garantindo desta forma uma produção sustentável.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Determinar o estoque de madeira da população de Pseudopiptadenia suaveolens, aos oito anos após a exploração de impacto reduzido realizada em uma floresta de terra firme, no município de Paragominas, PA, e comparar com o estoque original, que a floresta possuía antes de ter sido explorada.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado na Fazenda Rio Capim, pertencente ao Grupo Cikel, no município de Paragominas, Pará. A vegetação é do tipo floresta ombrófila densa de terra firme. Todas as árvores, com diâmetro medido a 1,30m do solo (DAP) > 10cm foram mensuradas. Os indivíduos com DAP < 10cm e altura (H) > 30cm foram contabilizados e distribuídos nas seguintes classes: arvoretas (5cm < DAP < 10cm), varas (2,5cm < DAP < 5cm) e mudas (H > 30cm e diâmetro < 2,5cm). A avaliação da vegetação das áreas não explorada (T0) e explorada (T1) foi feita, considerando a amostragem seguinte: 24 parcelas de 50 x 50m para árvores (T0: 12 e T1: 12), cada parcela foi dividida em 25 sub-parcelas de 10 x 10m, totalizando 600 sub-parcelas; desse total, 120 foram selecionadas aleatoriamente para monitorar as arvoretas (T0: 60; T1: 60); dentro destas foram estabelecidas sub-parcelas de 5 x 5 m para varas (T0: 60; T1: 60); em cada sub-parcela de varas foi selecionada uma amostra de 6,25 m2 para mudas (T0: 60; T1: 60). Os dados foram coletados antes da exploração florestal (2003) e oito anos depois (2011). Foi utilizado o programa Monitoramento de Florestas Tropicais (MFT) para calcular os parâmetros da classe de árvores e o programa Microsoft Office Excel para calcular o número de indivíduos com DAP < 10 cm.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nas parcelas de T0 (área não-explorada) foi observado um ligeiro acréscimo na abundância relativa - AR, frequência relativa - FR, dominância relativa - DR e Índice de Valor de Importância - IVI de P. suaveolens da primeira para a segunda medição na classe de árvores, como pode ser observado nos seguintes resultados: 2003 (número de indivíduos - NI): 9; AR: 0,61; FR 0,66; DR: 2,33; IVI: 3,61); e 2011 (NI: 10, AR: 0,64, FR: 0,70, DR: 2,61, IVI: 3,95). A espécie se manteve em 2011 (8 anos após a exploração) na mesma colocação (18a) no ranking de valor de importância que estava em 2003 (antes da exploração). Na área explorada (T1) P. suaveolens apresentou os seguintes valores: 2003 (NI: 6, AR: 0,41, FR 0,45, DR: 3,17, IVI: 4,03); e 2011 (NI: 5, AR: 0,33, FR: 0,36, DR: 2,18, IVI: 2,88). Foi observada uma perda no valor de importância entre 2003 e 2011 (19a para 25a) em razão da extração, durante a exploração florestal, de um indivíduo com área basal de 0,4620m2 (DAP: 76,7cm). Os números de indivíduos encontrados para a regeneração natural (T02003 (arvoretas: 2; varas: 1; mudas: 0); T02011 (arvoretas: 2; varas: 1; mudas: 1); T12003 (arvoretas: 0; varas: 0; mudas: 4); T12011 (arvoretas: 0; varas: 0; mudas: 7)) foram considerados baixos quando comparados ao total da comunidade.
CONCLUSÕES:
Foram observadas poucas mudanças na estrutura dos indivíduos arbóreos de Pseudopiptadenia suaveolens, na área não explorada. Na área explorada P. suaveolens perdeu colocações na importância ecológica em virtude da extração de um indivíduo durante a exploração florestal. Há de se ressaltar que a espécie foi explorada apesar de possuir abundância relativa baixa. Foram registrados, também, poucos indivíduos nas diferentes classes de tamanho (arvoretas, varas e mudas) da regeneração natural. Desta forma, há a necessidade de estudos quanto à aplicação de tratos silviculturais (corte de cipós, raleamentos, liberação de copa), tanto na classe de indivíduos de maior porte como na regeneração natural, a fim de que esta espécie se desenvolva e mantenha uma produção de forma sustentável ao longo dos próximos ciclos de corte, uma vez que a mesma é considerada de valor comercial no Estado do Pará.
Palavras-chave: Fava-timborana, Leguminosae-mimosoidae, Fitossociologia.