65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 2. Manejo Florestal
DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA DE INDIVÍDUOS E ÁREA BASAL DE Eschweilera coriacea (DC.) S.A.MORI EM UMA FLORESTA DE TERRA FIRME, ANTES E APÓS A EXPLORAÇÃO FLORESTAL, PARAGOMINAS, PARÁ
Janderson de Oliveira Silva - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia
Fábio de Jesus Batista - Prof. M.Sc./Orientador - Universidade Federal Rural da Amazônia
Luciana Maria de Barros Francez - Prof.ª M.Sc./Co-Orientadora - Universidade Federal Rural da Amazônia
Jhulia Melo Nobrega - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia
Thamires Mendes Coelho Ferreira - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia
João Olegário Pereira de Carvalho - Prof. Visitante Nacional Sênior (CAPES/UFRA)
INTRODUÇÃO:
O manejo florestal é uma opção viável, do ponto de vista econômico e ambiental, para exploração madeireira na região amazônica, onde o principio é a manutenção da produção de bens e serviços em quantidade e qualidade para gerações presentes e futuras (FARIAS et al., 2002). A regeneração da floresta, também, é outro fator importante para a conservação e preservação dos remanescentes florestais, uma vez que novos ciclos de corte devem ocorrer (MARTINS et al., 2003). Analisar a estrutura da floresta, quanto aos parâmetros de distribuição diamétrica e área basal, é de suma importância para o conhecimento do desenvolvimento dos indivíduos e dominância das espécies. Eschweilera coriacea (DC.) S.A.Mori é uma espécie de ocorrência na região amazônica, tanto em florestas de terra firme como periodicamente inundadas, encontrando-se, além do Brasil, nas Guianas, Venezuela e Colômbia. Esta espécie possui indivíduos com altura de 15–35 m, copa mais ou menos globosa e densa, tronco ereto e cilíndrico, 50-90 cm de diâmetro, madeira muito pesada (densidade 1,13 g/cm3), de textura média, grã direita, resistente e de alta durabilidade natural, sendo indicada para construção civil, como caibros, vigas, ripas, para postes, e serviços de marcenaria em geral (LORENZI, 2009).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a estrutura diamétrica e área basal de Eschweilera coriacea (DC.) S.A.Mori (Matamatá-Branco) em uma floresta de terra firme no município de Paragominas, Pará, antes e após a exploração florestal.
MÉTODOS:
A pesquisa foi realizada na Unidade de Manejo Florestal Fazenda Rio Capim, pertencente à Cikel Brasil Verde Madeiras Ltda., Paragominas, Pará. A vegetação predominante é a floresta ombrófila densa de terra firme. Foram instaladas 24 parcelas 50 x 50 m (0,25 ha), sendo 12 para a floresta não explorada (T0) e 12 para a floresta explorada (T1) totalizando uma área amostral de 6 ha. Os indivíduos arbóreos com diâmetro a 1,30m do solo > ou = 0,10 m foram mensurados e identificados. Foi determinada a classe de identificação do fuste (CIF), que descreve as situações em que foram encontradas as árvores na floresta, em função da dinâmica natural ou pela alteração provocada na exploração florestal (ex.: árvore viva em pé com o fuste completo; viva caída; morta por causa natural ou exploração; etc.). A coleta dos dados ocorreu em três momentos: antes (2003) e após a exploração florestal (2007 e 2011). A análise dos dados buscou relacionar a estrutura da distribuição diamétrica e área basal obtidas para a floresta, com os padrões apresentados para a espécie Eschweilera coriacea. Foram consideradas 10 classes diamétricas, em metro, a saber: C1: 0,10-0,21; C2: 0,21-0,33; C3: 0,33-0,44; C4: 0,44-0,56; C5: 0,56-0,67; C6: 0,67-0,78; C7: 0,78-0,90; C8: 0,90-1,01; C9: 1,01-1,13; e C10: 1,13-1,24.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O número de indivíduos registrados na floresta para T0 foi: 1.470 ind. em 2003; 1.464 em 2007; e 1.494 em 2011; e no T1: 1.448 em 2003; 1.378 em 2007; e 1.474 em 2011. Foi registrado para E. coriacea em T0: 57 ind. em 2003; 59 em 2007; e 61 em 2011; e no T1: 42 em 2003; 41 em 2007; e 41 em 2011. Os indivíduos que morreram nos tratamentos foram por causa natural. A distribuição diamétrica da floresta seguiu o padrão de “J invertido”, nos dois tratamentos e nos três anos. Contudo, salienta-se que no T1, em 2007, foi observado que sete classes diamétricas perderam indivíduos, duas ganharam e uma se manteve. E. coriacea, também, apresentou mais indivíduos nas primeiras classes, entretanto, sem representação nas maiores classes (C7, C8, C9 e C10 em T0; C6, C7, C8, C9 e C10 em T1). O comportamento da área basal entre os tratamentos foi diferente. Em T0 foi crescente (2003: 78,8097m2; 2007: 79,3033m2; 2011: 81,5824m2) e em T1 decresceu após a exploração (2007: 73,8970m2), seguida por um acréscimo (2011: 79,6691m2), sendo superior a T0 no mesmo período (2007-2011). E. coriacea apresentou um acréscimo em área basal nos dois tratamentos (T0: 3,6881m2; 3,9999m2; 4,1680m2; T1: 2,6555m2; 2,7454m2; 2,8698m2), destacando que os padrões de dominância da espécie foram indiferentes à exploração.
CONCLUSÕES:
A floresta sofreu perdas, tanto nas classes diamétricas como em área basal, devido à morte de alguns indivíduos por causa natural e pela exploração florestal. A exploração buscou as espécies tradicionais do mercado madeireiro, desta forma influenciando na abundância de algumas espécies e prejuízo na dominância da floresta, que, rapidamente, buscou ocupar as aberturas dos espaços provocados pela exploração, evidenciando uma resposta positiva às mudanças na estrutura. A espécie E. coriacea não sofreu influência direta da exploração nos parâmetros avaliados, o que se justifica por um padrão de crescimento semelhante à área não explorada. Todavia, vale ressaltar que não foram colhidos indivíduos desta espécie na área de estudo. Mas estudos devem ser realizados no intuito de ressaltar a importância do comportamento de espécies e da floresta por meio da área basal e distribuição diamétrica em áreas onde foi realizada a exploração florestal, em um prazo de tempo maior, a fim de verificar como acontece a reconstituição da estrutura da floresta.
Palavras-chave: Amazônia, Matamatá-branco, Lecythidaceae.