65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
O CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS MEDICINAIS PELA ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES E PRODUTORAS RURAIS DA AGRICULTURA FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE TOMÉ-AÇU, PA
Mayane de Souza Barbosa - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará- Campus Castanhal
Luciano Ramos de Medeiros - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará- Campus Castanhal
Alcione Antônia Nascimento de Lima - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará- Campus Castanhal
Fabricio Nilo Lima da Silva - Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
Adebaro Alves dos Reis - Prof. Msc./Orientador - IFPA- Campus Castanhal
INTRODUÇÃO:
O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos (MACIEL, et al, 2002). Atualmente, com o enorme desenvolvimento da tecnologia, os recursos genéticos vêm adquirindo uma importância cada vez maior. No caso das plantas medicinais, estes recursos assumem importância estratégica, uma vez que há graves deficiências do sistema de saúde oficial e a baixa renda da população, associadas aos conhecimentos acumulados pelas comunidades faz com que grande parte da população utilize as plantas medicinais como recurso terapêutico (SCHEFFER et al, 1999).Desse modo, a Associação de Produtores e Produtoras Rurais da Agricultura Familiar do Município de Tomé-Açu (APRAFANTA), possui 23 associados(as) que utilizam as plantas medicinais como forma de conhecimento transmitido de geração para geração e utilizada de forma empírica pelos agricultores da associação.Segundo AMOROSO (1996), esses saberes repassados promovem contribuições para a possível cura das patologias apresentadas por cada indivíduo. Na APRAFANTA não é diferente, as plantas medicinais são utilizadas como recurso terapêutico no tratamento de diversas enfermidades, inflamações, para o fígado, como calmante, chá para crianças e etc.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi conhecer a principal espécie de planta medicinal e os saberes relativos aos usos tradicionais pelos agricultores da APRAFANTA.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado no município de Tomé-Açu, estado do Pará, localizado na Mesorregião Nordeste Paraense, a 200 km da cidade de Belém. A comunidade de Santa Luzia fica a 37 km do município de Tomé-açu, possui clima tropical chuvoso com estação seca bem definida, precipitação média anual de 2.144 mm a 2.581 mm, temperatura média anual entre 26,3ºC e 27,9°C, umidade relativa entre 82% a 88%, precipitação de 2500 mm anuais (YAMADA, 1999; RODRIGUES et. al, 2001). O público alvo estudado foram os agricultores da APRAFAMTA, pertencente à comunidade de Santa Luzia, localizada a 37 km do município de Tomé-Açu, PA. Foram entrevistados 19 associados (as) no universo de 23. O levantamento das informações sobre as plantas medicinais foi realizado no mês de setembro de 2011. Foi concretizado por meio de entrevista previamente elaborada, que consistiu de um questionário semiestruturado com abordagem qualitativa (POSEY, 1987). Os questionários continham perguntas relacionadas ao gênero, a obtenção do conhecimento sobre as espécies medicinais (transferência de conhecimento), procedência, formas de obtenção, planta medicinal mais utilizada e a crença popular no uso das plantas medicinais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Entre os entrevistados as mulheres representavam 27,7% e os homens 44,4%. Dos consultados, 55,5% afirmaram ter aprendido sobre as plantas medicinais com os pais, 16,6% com avós, 5,5% com vizinhos, isso comprova a transferência de conhecimento de pai para filho. Santos et al, (2011) obteve resultados análogos,onde 61% afirmaram ter aprendido sobre plantas medicinais com os pais.Nesse levantamento, 83,3% das pessoas eram de procedência rural e os demais do meio urbano. Quanto ao uso tradicional pelos associados às principais partes das plantas usadas para fins medicinais são: folha, raiz e caule. As plantas têm sido utilizadas para tratamentos de doenças respiratórias, gastrointestinais, como calmante, chá para crianças e etc. Quanto às formas de uso mais populares, destacaram-se a infusão (chá) com 72,2%, em seguida suco 16,6% e pomada 11,1%. Rezende et al,(2002) verificaram ocorrência similar ao chá com 63,4%. Dentre as formas de obtenção das plantas, a maior parte é obtida de forma caseira com 88,8% e o restante 11,1% é adquirido com conhecidos. A principal planta medicinal utilizada pelos entrevistados é o: boldo (Plectranthus spp) com 55,5% foi à planta medicinal mais citada. Com relação à crença popular no uso das plantas, apenas 27,7% acreditam no uso das plantas medicinais.
CONCLUSÕES:
A planta popularmente mais citada e utilizada é o boldo (Plectranthus spp) o que pode ser atribuído à facilidade de acesso a planta nos quintais das casas, paneiros, canteiros e no solo. Além disso, as informações obtidas no levantamento demonstraram que a maior parte do conhecimento repassado deve-se aos pais, o que prova a transmissão do conhecimento através das gerações. No entanto, apesar das formas de transmissão de conhecimento pelos pais e a maioria dos entrevistados ser de procedência rural a crença no uso tradicional de plantas medicinais ainda é baixo.
Palavras-chave: transferência de saberes, recursos terapêuticos, usos tradicionais.