65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 1. Aqüicultura
A IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA DA OSTREICULTURA: ESTUDO DE CASO EM UMA ASSOCIAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS-PA
Luciano Ramos de Medeiros - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará– Campus Castanhal
Clarisse Cunha Bastos - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará– Campus Castanhal
Glauce da Silva Oliveira - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará– Campus Castanhal
Camila Sousa Oliveira - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará– Campus Castanhal
Léa Carolina Oliveira Costa - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará– Campus Castanhal
INTRODUÇÃO:
A aquicultura é um segmento importante na produção de alimento humano e, devido ao alto valor protéico e por ser uma excelente fonte de nutrientes, diversas técnicas têm sido estudadas de maneira a possibilitar a eficiência da produção. O Brasil é um país que apresenta várias características favoráveis, tais como clima, potencial hidrológico e espécies com potencial zootécnico, pelo hábito alimentar e aceitação no mercado, além de produção de alimentos e subprodutos (FAO, 2010). No Brasil, os principais organismos cultivados em sistemas familiares são peixes de água doce e moluscos bivalves. A criação de moluscos bivalves é representada principalmente pelo cultivo de ostras (Crassostrea gigas e C. rhizophorae) que vem sendo desenvolvida, mas com pouca representatividade no cenário nacional (EMBRAPA, 2007). A espécie C. brasiliana ocorre no infralitoral e é considerada de grande porte, podendo atingir até 200 mm de comprimento, enquanto a C. rhizophorae chega a 120 mm de comprimento (ABSHER, 1989). A ostreicultura é uma atividade dependente de assistência técnica e políticas nacionais favoráveis que englobem os aspectos social, ambiental, econômico e político tornando- se favorável aos diversos setores da sociedade (FAO, 1997).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do trabalho é, assim, permitir uma visualização das atividades produtivas e organizacionais, além da discussão sobre a situação do sistema de cultivo da ostra do mangue (Crassostrea sp.) empregado na Vila de Santo Antônio de Urindeua, no município de Salinópolis-PA.
MÉTODOS:
O estudo foi conduzido na Associação dos Agricultores, Pescadores e Aquicultores do Rio Urindeua (ASAPAQ), localizada na Vila de Santo Antônio de Urindeua, no município de Salinópolis-PA, que fica localizado a 220 km de Belém, capital do estado. Os dados foram coletados pela técnica de entrevistas abertas realizadas pelos discentes do curso de Tecnologia em Aquicultura do IFPA-Campus Castanhal, junto às lideranças da associação, buscando identificar a situação socioeconômica atual dos produtores associados. A coleta de dados foi complementada com a observação in loco das unidades produtivas de ostras diretamente na ASAPAQ, em de fevereiro de 2013. A técnica de realização de entrevistas abertas trata-se de uma metodologia que permite a coleta de informações imediatas e correntes sobre os mais diversos assuntos de conhecimento do informante (LUDKE; ANDRÉ, 1986). Os dados foram analisados por técnicas de interpretação de texto como a análise dos discursos durante a entrevista, que usa como método a transcrição, leitura das transcrições, análise concentrada no contexto das abordagens relacionadas à associação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
De acordo com Anacleto (2007) a ostreicultura está inserida no conceito de atividade voltada ao desenvolvimento sustentável e de correta gestão ambiental, pois preconiza o uso do recurso natural como fonte produtora de alimento e não meramente como recurso para extração desordenada, proporcionando assim meios para aumento da oferta de pescados na idealização de projetos ecologicamente corretos. A pesquisa possibilitou verificar que no cultivo de ostras, uma das dificuldades presentes é a regularização ambiental, pois o projeto vinculado à associação não possui licença para instalação e funcionamento. Outro fato a ser analisado seria as problemáticas de expandir a produção, as recomendações válidas ao acesso às linhas de crédito para o ostreicultor, organização na gestão das atividades e auxílio na comercialização. O processo de comercialização das ostras é incipiente tanto no local de cultivo quanto em praias locais, mesmo assim conseguem trazer uma receita mensal aparentemente aceitável, considerando que o processo produtivo requer poucos investimentos ao custo na criação. O valor da receita líquida não pode ser estipulado por falta de um gerenciamento de custos da propriedade, o que permitiria um maior controle dos aspectos econômico-financeiros da unidade de produção.
CONCLUSÕES:
A atividade de ostreicultura destaca-se por promover a inclusão social mediante o fortalecimento da economia local por meio de uma atividade diversificada e rentável, haja vista que os custos produtivos são quase inexistentes. Uma desvantagem da associação é a falta de licenciamento ambiental, que impossibilita o produtor de atuar com vendas para agroindústrias e cooperativas, bem como outros processos comerciais. Do ponto de vista econômico, a produção estável de ostras pode contribuir para abertura de novos mercados consumidores, assim contribuindo com a diversificação da culinária regional, oferecendo alternativa de emprego e renda nas comunidades litorâneas. Desta forma, a associação ASAPAQ é um modelo que mais se aproxima de uma aquicultura ecológica sustentável.
Palavras-chave: Aquicultura marinha, Crassostrea sp., Malacocultura.