65ª Reunião Anual da SBPC

D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública

PESSOAS COM LESÃO MEDULAR: RELACIONANDO ATIVIDADES DE LAZER E NÍVEIS PRESSÓRICOS

Alexsandro Silva Coura - Doutor em Enfermagem - UFRN Inacia Sátiro Xavier de França - Profa. Dra./Depto.de Enfermagem - UEPB Bertha Cruz Enders - Profa. Dra./Depto.de Enfermagem - UFRN Caroline Evelin Nascimento Kluczynik Vieira - Mestranda/ Depto.de Enfermagem - PPGENF/UFRN Jamilly da Silva Aragão - Graduanda/ Depto.de Enfermagem - UEPB Ana Luisa Brandão de Carvalho Lira - Profa. Dra./Depto.de Enfermagem - UFRN

INTRODUÇÃO:

A lesão medular ocorre quando há interferência nos trajetos nervosos que ligam os seguimentos do corpo ao cérebro. As etiologias podem ser doenças na medula espinhal, lesão física e neoplasias. Boa parte dos indivíduos com lesão medular tem dificuldades em realizar atividades de lazer, o que diminui sua rede social, sua habilidade de se socializar e afeta também seu estado psicológico. Deve-se considerar ainda que a maioria das funções do corpo necessita de mobilidade para o funcionamento perfeito e que o movimiento muscular adequado, possibilitado durante o lazer, melhora as funções dos sistemas músculo-esquelético e circulatório, facilitando o uso eficiente de energia. Entretanto, há considerável frequência de incapacidade funcional para o lazer nesses indivíduos. O estudo se justifica pelo potencial de oferecer subsídios para a (re)formulação de políticas públicas destinadas a garantir a cidadania e melhor qualidade de vida para as pessoas com deficiência; bem como planejar a assistência de saúde individualizada e voltada para às reais necessidades de pessoas com lesão medular, sendo importante que os profissionais de saúde conheçam a influência do lazer sobre a pressão arterial.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Investigar os níveis pressóricos de pessoas com lesão medular; Verificar associações entre atividades de lazer e os níveis pressóricos de pessoas com lesão medular.

MÉTODOS:

Estudo transversal, realizado em 2010, nas Unidades de Saúde da Família de Campina Grande/PB, Brasil. Foram investigados 50 indivíduos que atenderam aos critérios de elegibilidade: ter 18 anos de idade ou mais; apresentar lesão medular diagnosticada por especialista e função cognitiva preservada. Utilizou-se um formulário destinado à investigação das variáveis sociodemográficas, atividades de lazer e pressão arterial. A pressão arterial foi verificada por método palpatório e auscultatório, utilizando-se um esfigmomanômetro, após 5 minutos de descanso, com o sujeito na posição sentada. Foi considerada a média de três verificações da pressão arterial, efetuadas com intervalos de 5 minutos, e pressão arterial alterada aquela ≥140x90mmHg. No SPSS foram realizados os testes de Qui-quadrado e Fisher. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba, sob CAAE no 0491.0.133.000-08.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

A média da pressão arterial dos participantes não demonstrou níveis alterados, entretanto o desvio padrão mostrou-se elevado e o percentil 75 já indica considerável frequência de pressão arterial alterada. Verificou-se associação entre a pressão arterial de pessoas com lesão medular e a capacidade para ir a encontros religiosos (p=0,034) e praticar esportes (p=0,009). A relevância de ter credo religioso deve-se porque, via de regra, o evento da lesão medular acontece sem que as pessoas se encontrem preparadas para enfrentá-lo. O sofrimento extrapola o físico e atinge o espiritual. Por isso, a esperança fortalecida pela fé e sustentada por um credo religioso auxilia na superação de estados subjetivos como a baixa autoestima, a desesperança ou a impotência, podendo repercutir nas condições de saúde dos indivíduos. A identificação de associação, estatisticamente significativa, entre os níveis pressóricos com a capacidade para praticar esportes corrobora a literatura, pois atividades físicas, presentes em grande parte das ações de lazer, reduzem a incidência de hipertensão arterial e de morbimortalidade por doenças cardiovasculares.

CONCLUSÕES:

Apesar da média da pressão arterial aferida dos participantes ter sido classificada como normal, alguns apresentaram pressão arterial alterada, indicando a necessidade dos profissionais de saúde considerar em sua práxis ações que visem a prevenção da hipertensão arterial em pessoas com lesão medular. Verificou-se que a capacidade para realizar atividades de lazer pode alterar os níveis pressóricos de pessoas com lesão medular, destacando-se, nesse estudo, a capacidade para ir a encontros religiosos e praticar esportes. Espera-se que esse conhecimento permita, além de dados estatísticos para planejamento das ações de saúde em nível local, um envolvimento maior das ações de saúde destinadas a readaptação funcional e social dessa população, uma vez que as atividades de lazer favorecem o convívio social e o melhor funcionamento dos sistemas fisiológicos.

Palavras-chave: Traumatismos da Medula Espinhal, Atividades Recreativas, Pressão Arterial.