65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal
COMPORTAMENTO DE PIRARUCUS, Arapaima gigas, EM IDADE PRÉ-REPRODUTIVA, EM CATIVEIRO, A PARTIR DE OBSERVAÇÕES NA ESTAÇÃO DE AQUICULTURA CONTINENTAL PROFESSOR JOHEI KOIKE DA UNIVERSIDADE FEDRERAL RURAL DE PERNAMBUCO.
Paulo Henrique Gomes da Paixão - Depto.de Pesca e Aquicultura - UFRPE
Maria do Carmo Figueredo Soares - Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Pesca e Aquicultura - UFRPE
INTRODUÇÃO:
O comportamento dos peixes, como de todo animal é ditado por necessidades como encontrar alimento, acasalar e evitar predadores (Parrish, 1995), o que gera padrões que são estudados pela etologia. Keenleyside (1979) organizou o comportamento em grandes categorias, com destaque para comportamento alimentar, reprodutivo e social. Quanto aos peixes que possuem importância comercial, a aquicultura surge como uma alternativa para o uso do recurso sem prejuízo às populações selvagens da espécie explorada. O pirarucu, Arapaima gigas (SHINZ, 18822), é um peixe de grande importância econômica e social na Amazônia e está sendo utilizado na aquicultura, devido às suas características zootécnicas de crescimento e ganho de peso, podendo chegar a 10 quilos no primeiro ano de criação (Bard & Imbiriba, 1986), rendimento de filé, entre 56,6% a 57,9% (Dias,1983), rusticidade no manejo e adaptação a respiração aérea. Entretanto, poucas informações sobre os padrões comportamentais que atuam no crescimento e reprodução dessa espécie têm dificultado sua criação em cativeiro. Assim, nesse estudo foram analisados os comportamentos respiratório, alimentar, reprodutivo, natatório, e interespecífico de pirarucus, com ênfase no comportamento reprodutivo em condições de cativeiro.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Acompanhar e descrever o comportamento de pirarucus em idade pré-reprodutiva (quatro anos), por meio de observações sistematizadas, em cativeiro, na Estação de Aquicultura Continental Professor Johei Koike da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
MÉTODOS:
A metodologia empregada constou de observações durante o período de março a novembro de 2012, do lado externo de um viveiro escavado de 1.000 m2, sempre de um mesmo ponto, onde se encontravam pirarucus de quatro anos de idade, com comprimento médio de 126,56cm e peso médio de 21,20 kg (mensuração de 20/04/2012). Esses peixes foram procedentes da Piscicultura Canta Galo, Município de Ibirataia, Bahia e, mantidos na Estação de Aquicultura da UFRPE, desde março de 2008 (quando tinham um mês e meio de idade). As informações foram anotadas em formulários semiestruturados com tópicos abordando o comportamento da espécie. Os dados foram analisados e comparados às informações da literatura pertinente. Contabilizaram-se 35 observações, com duração entre uma a uma hora e meia, cada, feitas em horário diurno e dias alternados. Fizeram-se registros fotográficos, buscando-se destacar os aspectos comportamentais. Registraram as variáveis meteorológicas, tais como pluviosidade e temperatura do ar aferidas por meio de dados coletados da estação meteorológica virtual de Recife. As variáveis físicas e químicas da água do viveiro, tais como temperatura e potencial de hidrogênio (pH), foram mensuradas com um medidor multiparâmetro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Durante a respiração, o pirarucu impulsiona-se com a nadadeira caudal, causando oscilações na superfície da água, depois emerge a cabeça, abrindo a boca fora da água, para entrada do ar, daí submerge e, próximo à superfície, expele duas bolhas de ar, uma por cada brânquia. Apresenta maior atividade respiratória ao entardecer. Parece não haver relação entre as variáveis pH, temperatura da água e do ar com a freqüência respiratória. Por não necessitar do oxigênio dissolvido suporta elevadas densidades de estocagem em criação (Ono et al., 2004). O processo reprodutivo é complexo: são ovulíparos, formam casais, constroem ninho e apresentam cuidado parental. Existem controvérsias entre autores que descreveram o seu hábito reprodutivo, pois Gudger (1943), e Menezes (1951), informaram a incubação bucal dessa espécie, comportamento este, negado por Fontanele (1953), mas reafirmado por Ono et al (2004). Observaram-se no viveiro, dois pirarucus que nadavam sempre juntos, o que pode indicar a formação de um casal de futuros reprodutores. Eles isolavam-se dos demais, respiravam com sincronia ao submergir e repousavam próximos às margens. Eram vistos lado a lado, com os corpos em contato ou nadando em volta de si e, quando algum outro peixe se aproximava, eles buscavam outro local.
CONCLUSÕES:
• Peixes da bacia amazônica vivem num ambiente com grandes variações, particularmente com relação ao oxigênio, daí apresentam um amplo espectro de estratégia respiratória, que no caso do pirarucu, é a respiração aérea obrigatória e, portanto são capazes de sobreviver em ambientes com baixas concentrações de oxigênio, o que representa uma condição desejável para criações em altas densidades.
• Ocorreram indícios de que dois pirarucus sob condições de criação semi-intensiva tenham formado um casal para a reprodução, em função da própria idade que se encontravam, próxima de atingir o período da primeira reprodução, segundo a literatura, e pelas observações das frequentes tentativas de se isolar dos demais, o que caracteriza o início do comportamento reprodutivo, com coorte e escavação de ninho.
• Observações e registros do comportamento reprodutivo associado com estudos de reprodução são de fundamental importância a futuros programas de propagação e de produção comercial do pirarucu haja vista que a falta de alevinos é ainda um dos principais pontos de estrangulamento na cadeia produtiva dessa espécie.
Palavras-chave: Respiração, Reprodução, Comportamento reprodutivo.