65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 1. Administração Educacional
PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO MOTORA EM CRIANÇAS DE ATÉ SETE ANOS DE IDADE
Daniela Bento Soares - Depto. de Educação Física e Humanidades - FEF/UNICAMP
Ademir De Marco - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Educação Física e Humanidades - FEF/UNICAMP
INTRODUÇÃO:
A importância de avaliações motoras no período infantil é um assunto amplamente discutido pela literatura científica. O crescimento físico e a performance motora tem sido notavelmente abordados em pesquisas com a finalidade de documentar e compreender a diversidade de aspectos relacionados à saúde de uma determinada população (PRADO, 2000). Diversos protocolos são utilizados para estabelecer correlações entre essas variáveis e, especialmente para as crianças brasileiras, poucos são os que foram padronizados para os padrões desta população (MAGALHÃES, NASCIMENTO, REZENDE, 1999).
A especificidade dos povos é um ponto bastante importante a ser considerado neste tipo de estudo, pois tanto diferenças físicas quanto culturais influenciam o padrão motor e afetam os parâmetros de avaliação destas variáveis. Gabbard (2000) destaca que se deve sempre valorizar entre outras coisas, a cultura, a história e as oportunidades de prática de cada indivíduo ao inferir algo sobre seu comportamento motor. Tal qual afirmam Valentini et al (2008), embora muitos estudos estejam sendo realizados na direção de avaliar crianças brasileiras, restam poucos que discutem a adequação ou inadequação do uso destes instrumentos para a população brasileira.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Os objetivos são identificar quais protocolos de avaliação motora são mais recorrentes nos estudos atuais, realizados pelos profissionais da área da Educação e da Saúde, em especial os da Educação Física e elencar quais destes instrumentos foram padronizados para a população brasileira.
MÉTODOS:
Pesquisa bibliográfica, de cunho qualitativo, onde realizou-se o levantamento de estudos publicados sobre avaliações motoras com crianças de zero a sete anos de idade. Para isso, utilizamos a técnica de pesquisa de documentação indireta (LAKATOS, MARCONI, 1991). Investigamos as publicações de artigos em revistas científicas de 1990 a janeiro de 2012 enquadradas nas áreas da saúde e da educação.
A investigação foi realizada a partir da seleção de artigos nacionais e internacionais apontados pelas bases de dados Scielo, Pubmed, Scopus, Periódicos CAPES, ERIC e LILACS. Foi utilizada a combinação de termos MOTOR and ASSESSMENT and CHILDREN e seu equivalente em português como MOTORA and AVALIAÇÃO and CRIANÇA e em espanhol como EVALUACIÓN and MOTOR and NIÑO. Os critérios para inclusão dos artigos foram: estudos empíricos de avaliação do desempenho/desenvolvimento motor de crianças de até sete anos de idade; língua inglesa ou portuguesa, estudos de 1990 a janeiro de 2012. Foram excluídos todos os artigos que não se enquadraram nestes critérios.
Foram analisados os métodos mais utilizados e explorados detalhadamente os protocolos que os constituem, de modo a detectar a metodologia e objetivos e quais destes protocolos são padronizados para a população brasileira.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A pesquisa inicial encontrou 344 artigos que tratavam do assunto buscado. Dentro dos critérios de inclusão encaixaram-se 57 e nestes foram encontrados 20 diferentes protocolos de avaliação motora, sendo que os mais utilizados e logo analisados detalhadamente foram Alberta Infant Motor Scale (encontrado 9 vezes), Motor Assessment Battery for Children (8), Escala de Desenvolvimento Motor (7), Teste de Triagem de Denver II (4) e o Test of Gross Motor Development (3).
A análise dos artigos retrata que os diversos protocolos apresentam especificidades com relação à população a que se propõe estudar. Assim, é observado que nem todos os estudos estão adequados à população a qual se destinam, pois falta conhecimento dos protocolos específicos a seus objetivos. Isso ocorre possivelmente pela dificuldade de acesso aos documentos de padronização e explicação dos testes existentes, já que a maioria precisa ser adquirida e alguns ainda não são comercializados em todos os continentes. Os resultados discutem acerca da perspectiva em que o protocolo está baseado: valorizam os parâmetros neuromotores do desenvolvimento infantil ou atribuem ao ambiente o nível motor dos indivíduos. Logo, cabe aos pesquisadores atentarem-se ao tipo de instrumento que está sendo utilizado.
CONCLUSÕES:
Os resultados desta pesquisa conduzem à reflexão acerca da importância de se adequar o método de avaliação motora à população analisada. Resultam em um banco de dados para a consulta de pesquisadores, de maneira a encontrar entre as mais utilizadas a que seja ideal para a sua pesquisa e pode ser entendida então como um primeiro passo a quem irá realizar avaliações motores com crianças de até sete anos de idade. Mais ainda, funciona como um exemplo do que um pesquisador deve realizar antes de finalizar um projeto de pesquisa, de forma a manter-se coerente em sua proposta. Esta pesquisa foi de grande importância ao grupo de estudo GEEFIDI – FEF/UNICAMP, que realizará novas pesquisas de trabalho de conclusão de curso, iniciação científica, mestrado e doutorado nesta área, consistindo em significativa contribuição, portanto, para a área de Educação Física.
Palavras-chave: Avaliação Motora, Criança, Educação Física.