65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
ASPECTOS PARENQUIMÁTICOS DE MADEIRA DE UMA FLORESTA DE VÁRZEA LOCALIZADA NA COMUNIDADE DO ARAÇATUBA NO MUNICÍPIO DE PARINTINS/AM.
Joeliza Nunes Araújo - Profa MSc.- Centro de Estudos Superiores de Parintins - UEA
Andrea de Souza Mendonça - Centro de Estudos Superiores de Parintins - UEA.
Silvia Maria Ferreira da Silva - Centro de Estudos Superiores de Parintins - UEA.
Ademir Castro e Silva - Prof. Dr. - Centro de Estudos Superiores de Parintins - UEA.
INTRODUÇÃO:
A Anatomia da Madeira é o ramo da botânica que se ocupa do estudo das variadas células que compõem o lenho. O comportamento mecânico da madeira (secagem, colagem de peças e trabalhabilidade) está intimamente associado a sua estrutura celular, bem como sua organização, função e relação com a atividade biológica do vegetal, constituindo-se de elemento fundamental para qualquer emprego industrial, inclusive identificação cientifica. No nível de aumento (macroscópica) da madeira se distinguem principalmente as células de parênquima, distribuídas em diversos padrões, sendo de extrema utilidade para a descrição da anatomia da madeira e para auxiliar na identificação das espécies. Nesse sentido, o presente trabalho descreve os resultados de uma pesquisa sobre a anatomia da madeira de espécies existentes em uma floresta primária de várzea na comunidade do Araçatuba no município de Parintins/AM. O desenvolvimento da pesquisa foi relevante, pois contribui com informações sobre a anatomia de espécies botânicas presentes em florestas de várzea da Amazônia.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Descrever a anatomia da madeira de espécies existentes em uma floresta primária de várzea na comunidade do Araçatuba no município de Parintins/AM.
MÉTODOS:
Para a caracterização do tecido xilemático foi feita coleta de amostras de madeira de árvores coletadas na comunidade rural Araçatuba, no município de Parintins/AM. Para a coleta das amostras foram selecionadas quinze árvores de forma aleatória e retiradas do tronco principal da árvore amostras de aproximadamente 10 cm de madeira. A caracterização macroscópica foi realizada através do corpo de prova de 3x3, que foram cortados de maneira que houvesse a definição dos três planos: transversal, tangencial e radial. A morfologia do parênquima foi determinada na face transversal de cada corpo de prova, com auxílio de lupa e realizada segundo IAWA (International Associational Word Anatomy, 1989). Para realização da Dissociação dos Elementos Celulares foram retiradas lascas de corpo de prova que foram colocados em solução macerante de ácido acético e peróxido de hidrogênio, levados à estufa à temperatura de 60ºC. Após dissociação dos elementos celulares, o material foi lavado em água corrente e com auxilio de estilete, os elementos vasculares foram separados individualmente. A coloração foi realizada com solução de safranina. Após 5 minutos de coloração o material foi colocado em lâmina com lamínula para visualização microscópica e caracterização dos elementos de vaso.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados da pesquisa apontam que, apesar de haver grande variabilidade de tecidos xilemáticos demonstrando a diversidade de espécies arbóreas na região, o tipo de parênquima mais comum nas quinze espécies estudadas foi o apotraqueal, com predominância de aliforme simples e aliforme confluente. Duas espécies estudadas apresentavam em sua estrutura caracteres anatômicos especiais: uma representante da família Anonaceae (tento) possui máculas medulares e outra (itaubarana) possuía floema incluso. Quanto à característica dos elementos de vaso existem algumas diferenças na morfologia entre as espécies: a maioria deles apresenta apêndice em uma das suas extremidades, enquanto que outros não apresentam essa característica, sendo que a maioria das espécies apresentou vasos septados. A identificação botânica demonstrou que as espécies estudadas pertencem a oito famílias: Apocynaceae, Rubiaceae, Myristicaceae, Euphorbiaceae, Anonaceae, Lecythidaceae, Fabaceae e Malvaceae. Os resultados demonstram que cada espécie possui “fingerprints”, a sua “impressão digital”, podendo o clima, solo, poluição entre outros fatores, modificar essa informação.
CONCLUSÕES:
A caracterização dos parênquimas de espécies vegetais da comunidade do Araçatuba, em Parintins/AM mostra a grande variabilidade e diversidade de espécies com potencial de usos na construção civil e marcenaria. Conhecer a estrutura anatômica da madeira foi importante para identificação botânica das famílias estudadas, melhor qualificar as diversas formas de uso e, dessa forma, evitar o uso inadequado das espécies de floresta de várzea. Muitas vezes o uso do nome vulgar omite muitos dados e a identificação botânica é necessária até mesmo para estudos de possíveis métodos de conservação das florestas, já que a floresta Amazônica é alvo de desmatamento. Durante a pesquisa foi possível identificar apenas oito espécies: Himathantus sp., Iryanthera sp., Alchornea sp., Piranhea trifoliata, Eschweileira sp., Torresia acreana, Swartzia sp., Pseudobombax munguba. Desse modo, o trabalho deve ser ampliado para a identificação de todas as espécies botânicas estudadas na pesquisa.
Palavras-chave: Anatomia de Madeira, Floresta de Várzea, Parintins/AM.