65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 1. Enfermagem de Doenças Contagiosas
CONVIVÊNCIA COM O HIV E SUAS REPERCUSSÕES: DISCURSOS DE PACIENTES ATENDIDOS EM UM SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA ESPECIALIZADO
Agnes Caroline Souza Pinto - Departamento de Enfermagem - Universidade Federal do Ceará – UFC
Izaildo Tavares Luna - Departamento de Enfermagem - Universidade Federal do Ceará – UFC
Adna de Araújo Silva - Departamento de Enfermagem - Universidade Federal do Ceará – UFC
Samilly Girão de Oliveira - Departamento de Enfermagem - Universidade Federal do Ceará – UFC
Patrícia Neyva da Costa Pinheiro - Orientadora/Departamento de Enfermagem - Universidade Federal do Ceará - UFC
INTRODUÇÃO:
A Aids é um fenômeno social, manifestado através do comportamento que concretiza e reafirma valores sociais, assim como os modos de compreensão do adoecer. O diagnóstico de soropositividade para o HIV representa, socialmente, muito mais do que a ameaça de uma doença fatal que afeta drasticamente a identidade da pessoa doente.
O conviver com o HIV desencadeia no portador as mais diversas reações, que se manifestam de diferentes formas como: sentimentos de vergonha, culpa, raiva, negação, rejeição, indiferença, acolhida, compreensão, apoio e aceitação.
Acredita-se que o profissional de saúde, especialmente o enfermeiro, deve estabelecer relação de confiança com seu paciente durante a consulta, favorecendo o restabelecimento do bem-estar emocional e social dos indivíduos acometidos pelo HIV/Aids, como forma de contribuir para um resultado eficaz da terapêutica.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Apreender os discursos de portadores do HIV/Aids atendidos em um serviço de assistência especializado focalizando a convivência com a doença e suas repercussões.
MÉTODOS:
Estudo de natureza descritivo, com abordagem qualitativo. Os dados foram coletados nos registros do grupo de autoajuda, realizado com pacientes soropositivos ao HIV, no ambulatório especializado em doenças infecciosas, do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará (HUWC), em Fortaleza-CE, Brasil, entre fevereiro e outubro de 2011. Neste estudo, os depoimentos e os conteúdos temáticos foram originados de 33 atendimentos grupais e durante esses atendimentos participaram 53 pacientes. Os depoimentos dos participantes foram tratados individualmente, sendo os relatórios grupais revisados, lidos e relidos, para garantir a veracidade das informações. Para a análise dos conteúdos desenvolvidos nos atendimentos grupais, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo e após esta análise, efetivou-se a aglutinação por feixes de relações e surgiu a seguinte categoria: preconceito e discriminação inserido no conviver com o HIV/Aids.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O estudo revelou que o estigma causado pela doença é um obstáculo para a promoção da saúde dos indivíduos que vivem com Aids. A convivência com o HIV traz grandes desafios para o portador provenientes dos vários preconceitos enraizados no cotidiano e nas significações sobre o HIV. A revelação do diagnóstico do HIV/Aids foi um processo muito doloroso para a maioria dos indivíduos participante do estudo, visto que após o conhecimento do diagnóstico pelos pares e familiares, provocou a perda do apoio de pessoas importantes, assim como o surgimento de atitudes discriminatórias e o enfrentamento do isolamento social. O medo do preconceito é muito presente no cotidiano desses indivíduos, e viver na luta pela vida torna-se mais complexo quando se trata de uma doença tão estigmatizante. A percepção dos estigmas inerentes a condição de portador do HIV/Aids causa grande impacto em sua vida, interferindo diretamente na interação com a comunidade na qual vive e na eficácia da terapêutica.
CONCLUSÕES:
A pesquisa evidenciou que a Aids é uma doença que traz para a vida do portador muitos sentimentos, despertando medo, preconceito e incertezas. Os depoimentos obtidos neste estudo, servem para mostrar que o debate sobre o conviver com o HIV/Aids não deve ser norteado apenas pelos aspectos fisiopatológicos da doença, mas precisa se ampliar e aprofundar também nos aspectos emocionais e seus reflexos nos sentimentos e comportamentos das pessoas vivendo com o HIV.Com isso, ratifica-se que os enfermeiros, como educadores em saúde, precisam levar em consideração estes aspectos ao formularem programas educativos sobre a AIDS.
Palavras-chave: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Soropositividade, Preconceito.