65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 6. Psicologia do Desenvolvimento Humano
RELAÇÕES INTERPESSOAIS DE ADOLESCENTES COM BAIXA VISÃO
Isabela Barros Gonçalves - Faculdade de Ciências Médicas - UNICAMP
Profa. Dra. Maria Elisabete Rodrigues Freire Gasparetto - Centro de Estudos em Pesquisa em Reabilitação Prof.Dr. Gabriel Porto-FCM-UNICAMP
INTRODUÇÃO:
A baixa visão ainda não é bem compreendida no âmbito da família, escola e da comunidade, causando dúvidas e desafios aos familiares e educadores. Em relação à função visual, professores e comunidade escolar parecem conhecer apenas duas possibilidades: os escolares cegos ou os que enxergam. Pode-se supor que essa consideração se deva à instabilidade visual dos escolares com baixa visão, podendo em um dia apresentar um ótimo desempenho visual em sala de aula e, em outro apresentar inúmeras dificuldades visuais. Isto acontece pelas alterações ambientais, físicas ou emocionais.
Entendendo a adolescência como uma fase da vida em que se buscam outros universos além daqueles vivenciados em casa, refletimos a respeito da restrição que existe para os adolescentes com baixa visão. As situações, os ambientes e as relações restritivas, empobrecidas de experiências amplas e significativas e de oportunidades de aprendizagens e desenvolvimento que levem à construção de identidades pessoais fortalecidas e existências reconhecidas, dificultam o caminho.
Diante do exposto estampa-se a necessidade de trabalhos que tragam à tona tais sentimentos e representações sociais construídas individual e coletivamente a cerca da baixa visão em nossa sociedade, porque só quando lidam com elas há a consolidação da personalidade e a liberdade para a idade adulta. (ORMELEZI, 2010)
OBJETIVO DO TRABALHO:
Esta pesquisa teve como objetivo averiguar a percepção de adolescentes com baixa visão, participantes do Programa de Adolescentes e Adultos com Deficiência Visual do Centro de Estudos em Pesquisa em Reabilitação Prof. Dr. Gabriel Porto da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (CEPRE-FCM-UNICAMP), a respeito das relações interpessoais no ambiente familiar e escolar.
MÉTODOS:
Esse estudo se caracteriza como pesquisa qualitativa que reconhece a complexidade na interação entre o profissional, o objeto e o meio, além da análise de significados que os sujeitos dão as suas ações (MINAYO, 1993).
Constituem-se participantes dessa pesquisa, os adolescentes com baixa visão, que se situam na faixa etária entre 12 a 18 anos, frequentadores do Programa de Adolescentes e Adultos com Deficiência Visual do Centro de Estudos em Pesquisa em Reabilitação Prof. Dr. Gabriel Porto da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (CEPRE-FCM-UNICAMP).
Para a seleção da faixa etária, de 12 a 18 anos, adotou-se o critério estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Estima-se intervir com 10 adolescentes com baixa visão participantes do Programa de adolescentes e adultos com deficiência visual do CEPRE-FCM-UNICAMP.
Como instrumento para coleta de dados, será utilizada a entrevista semi-estruturada aplicada individualmente a cada escolar, para a qual será elaborado um roteiro de entrevista composto de variáveis, que se não forem tratadas pelos participantes, serão abordadas pela pesquisadora. (CORTES, 1998)
As variáveis desse estudo referem-se ao sexo; idade; escolaridade; idade do aparecimento do problema oftalmológico; conhecimento sobre o problema oftalmológico, uso de recursos de tecnologia assistiva, relações interpessoais na família e relações interpessoais na escola.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Na entrevista, os adolescentes relataram episódios de angústia que ocorreram na escola associados aos problemas visuais, como na dificuldade na utilização dos recursos de tecnologia assistiva e também no relacionamento com seus pares – muitas vezes se sentiram excluídos e não receberam o apoio dos funcionários e professores da escola. Em relação aos mais velhos, tais sentimentos acompanharam parte da infância e também toda a adolescência, e os relatos mostraram que interferiram diretamente na construção da identidade.
CONCLUSÕES:
Adolescentes com baixa-visão podem sofrer indefinições e restrições em sua vida. Então, tem-se a necessidade de meios que favoreçam a utilização de recursos de tecnologia assistiva, de acompanhamento psicológico, a disponibilização de meios que favoreçam a inclusão e não só a inserção do deficiente no ensino regular, também espaços onde estes possam estabelecer vínculos com seus pares.
Palavras-chave: Adolescência, Baixa-visão, Relações Interpessoais.