65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 6. Literatura
A SAGA AMAZÔNICA DA BORRACHA EM TRÊS CASAS E UM RIO, DE DALCÍDIO JURANDIR E EM A SELVA, DE FERREIRA DE CASTRO
Luciana Moraes dos Santos - Faculdade de Letras - Universidade Federal do Pará - UFPA
Cyntia Nataly Malcher Bezerra - Faculdade de Letras - Universidade Federal do Pará - UFPA
Marlí Tereza Furtado - Profa. Dra. / Orientadora - Faculdade de Letras - UFPA
INTRODUÇÃO:
O período histórico referente à exploração da borracha marcou a história da Amazônia nos aspectos econômicos e sociais e, ainda, inspirou a produção literária de autores notórios. Os romances Três casas e um rio (1958), de Dalcídio Jurandir e A Selva (1930), de Ferreira de Castro, destacam-se enquanto obras literárias que retratam o momento histórico em questão, no qual o produto extraído da seringueira exerceu funções socioeconômicas distintas. O romancista português Ferreira de Castro alcançou notoriedade com o romance A Selva (1930), que se transformou em paradigma para autores posteriores a ponto de se firmar uma tradição. Por outro lado, o escritor paraense Dalcídio Jurandir (1909/1979), retratou o período amazônico da economia da borracha como uma fantasmagoria para o presente das personagens dos seus romances, a exemplo de alguns personagens de Três casas e um rio, publicado em 1958. Analisar os textos citados, confrontando a postura de Dalcídio Jurandir ao retratar esse período, com a postura paradigmática de Ferreira de Castro é relevante para se comprovar a quebra que o romancista marajoara estabeleceu com a tradição e de que modo atualizou a prosa paraense por sua inovação literária.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Tem-se como objetivo analisar a representação da saga amazônica da borracha nos textos Três casas e um rio, de Dalcídio Jurandir e A Selva, de Ferreira de Castro, para averiguar a ruptura que Dalcídio Jurandir estabeleceu com a tradição literária amazônica, firmada pelo romancista português.
MÉTODOS:
Inicialmente, houve a leitura dos romances Três casas e um rio, de Dalcídio Jurandir e A Selva, de Ferreira de Castro. Posteriormente, realizou-se o estudo do período histórico da economia extrativista na Amazônia, conhecido como Ciclo da Borracha, para situar as obras corpus da pesquisa no contexto. Finalmente, aprofundou-se a análise das obras, comparando-as para estabelecer as correlações e/ou divergências na tentativa de alcançar os objetivos propostos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Com este trabalho, observou-se que, além dos nativos da região, muitos nordestinos, sós ou com famílias inteiras, arriscaram-se nos seringais, principalmente, nos períodos de estiagens das zonas agrestes do sertão. Havia também exploração de mão-de-obra: sistema de aviamento e trabalho escravo. Assim, a intensa transformação econômica e social vivenciada naquele período propiciou privilégios socioeconômicos para poucos. Constatou-se que, este período marcou a história da região e inspirou uma extensa gama de escritores que abordam como temática a Amazônia. No que se refere aos textos, constatou-se que, em A Selva, o homem parece sofrer menos pela maneira como é explorado do que pela ação do meio; por outro lado, em Três casas e um rio, os indícios de denúncia social das condições de trabalho são proeminentes.
CONCLUSÕES:
A partir dos resultados da pesquisa, verificou-se a abordagem diversificada pela qual os romancistas das obras em estudo retratam o período histórico, referente ao Ciclo da Borracha na Amazônia, possibilitando a averiguação da postura inovadora de Dalcídio Jurandir diante da postura paradigmática e da tradição literária consolidada com a publicação de A Selva, de Ferreira de Castro. O estudo dos romances também propiciou a verificação de uma relação indissociável entre homem, rio e floresta, em que um está intrinsecamente ligado ao outro por motivos econômicos e/ou até enigmáticos, provocando medo e fascínio diante do desconhecido.
Palavras-chave: Ciclo da Borracha na Amazônia, Denúncia social, Inovação literária.