65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA INFANTIL EM PACIENTES ATENDIDOS NO SETOR DE FISIOTERAPIA DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE) DE PIRIPIRI- PI.
Mayane Carneiro Alves Pereira - Depto. de Fisioterapia da Universidade Federal do Piauí-UFPI
Brunna Memória Martins - Fisioterapeuta da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Piripiri-PI
INTRODUÇÃO:
A Encefalopatia Crônica Infantil (ECI), comumente denominada Paralisia Cerebral, esta relacionada a uma de lesão estática no período de maturação do sistema nervoso central, que pode ocorrer na fase pré, peri ou pós-natal. Trata-se de uma desordem não progressiva que apresenta como característica principal alterações sensório-motoras de intensidade variada. Entre as modificações mais comuns estão distúrbios no tônus e postura que geram incapacidade na realização de atividades de vida diária.
O comprometimento funcional geralmente modifica-se com o tempo e pode estar associado a distúrbios cognitivos, visuais e auditivos. Parte desta população encontra um acompanhamento multidisciplinar qualificado na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), que surgiu em 1954, no Rio de Janeiro, com o intuito de promover uma integração da pessoa com deficiência. Em todo o Brasil, a APAE atende a necessidade de em média 250.000 portadores de algum tipo de deficiência. Porém, não há relatos bibliográficos da prevalência da ECI, relacionando a fase de ocorrência da lesão, dentre os pacientes atendidos no setor de fisioterapia da APAE de Piripiri- PI.
OBJETIVO DO TRABALHO:
A partir dos dados abordados e baseado na necessidade de conhecer mais sobre a ECI e suas peculiaridades, o objetivo deste trabalho é analisar a incidência de portadores de ECI e avaliar em qual fase é mais comum a ocorrência da lesão, entre os pacientes atendidos pelo setor de fisioterapia da APAE de Piripiri-PI.
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo retrospectivo realizado através de pesquisa documental em fichas de matrícula, avaliação médica, fisioterápica e social, e a partir de exames neurológicos realizados em pacientes atendidos no setor de fisioterapia do centro de reabilitação Dr. Emílio Vitório Filho da APAE de Piripiri-PI.
Antes da coleta de dados, a responsável pelo setor de saúde da APAE de Piripiri-PI assinou um documento permitindo a realização da pesquisa nos arquivos da instituição. Foram coletados dados referentes ao número de pacientes atendidos no setor de fisioterapia, observando a incidência de usuários portadores de encefalopatia crônica infantil e analisando dados relacionados a fatores como: idade e sexo do paciente, idade dos pais no momento do nascimento da criança, profissão e graus de instrução dos pais, diagnóstico clínico e fisioterápico, tempo de atendimento e características que determinem a fase da complicação. A análise dos dados da instituição foi realizado no período de 02 de agosto a 06 de setembro de 2012. Foi utilizado o programa Microsoft Office Excel 2007, para o cálculo de porcentagem, todas as informações colhidas foram posteriormente foram analisadas e redigidas embasando-se em dados teóricos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A partir dos dados colhidos foi observado um total de 64 usuários atendidos no setor de fisioterapia da APAE de Piripiri-PI, sendo 34 mulheres e 47 homens. A ECI é a patologia mais comum entre os pacientes do setor, abrangendo um total de 46 indivíduos. Das crianças diagnosticadas com ECI, 24 são mulheres e 22 são homens, mesmo com um maior número de pacientes mulheres, não há consenso na literatura quando a relação da ECI e sexo de seus portadores. A maioria das complicações observadas relaciona-se a fase perinatal, porém, a literatura aponta uma prevalência de complicações no período pré- natal. Dos 23 casos de alterações perinatais, 11 estão relacionadas à demora na realização do parto.
Em relação ao grau de instrução, a maioria dos pais apresentam apenas ensino fundamental incompleto. Um total de 38 mães trabalham como dona de casa e 11 pais trabalham como lavradores. Estes dados corroboram com os achados de Mello; Ichisato; Marcon (2012), que relacionam a baixa condição econômica dos pais como possível gerador de um menor entendimento e consequentemente, uma menor participação e interesse pelo tratamento realizado em seu filho, sendo também, a baixa classe social um fator de risco para a ECI.
CONCLUSÕES:
Foi observada, através desta pesquisa, que a maior parcela dos pacientes atendidos no centro de fisioterapia da APAE de Piripiri- PI são portadores de ECI, onde na sua maioria são mulheres. As complicações ocorrem principalmente na fase perinatal, decorrente, em especial, da demora na realização do parto, seguida de anóxia e isquemia perinatal. Em relação as características sociais dos pais, a maioria apresentaram ensino fundamental incompleto. Verificamos, a partir dos dados, que a principal profissão entre as mulheres é dona de casa e entre os homens é lavrador.
A partir dessas observações é importante ressaltar a necessidade de intervenção e fiscalização nas maternidades, observando qual fator desencadeia esta demora no parto. É necessário ressaltar a importância da orientação dos pais e cuidadores em relação à necessidade de um atendimento multidisciplinar, para que haja uma participação íntegra de cuidadores e profissionais de saúde para na melhora da qualidade de vida da criança.
Palavras-chave: Lesão estática, Demora no parto, Atendimento multidisciplinar.