65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 3. Saúde de Populações Especiais
PERFIL COMPARATIVO DA PRESSÃO ARTERIAL DOS INDÍGENAS DAS ETNIAS CANELA E KRIKATI DO SUL DO MARANHÃO.
Mariana da Silva Zilio - Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão
Cecilma Miranda de Sousa Teixeira - Profª. Msc./Orientadora – Coordenação de Enfermagem – CCSST/UFMA
Aiane Ingridi Sousa da Silva - Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão
Alan Felix da Silva Cerqueira - Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão
Jairo Rodrigues Santana - Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão
Vitor Pachelle Lima Abreu - Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão
INTRODUÇÃO:
Dentre os problemas de saúde pública, conforme MEYERFREUND (2006), a hipertensão caracterizada por valores sistólicos e diastólicos respectivamente superiores a 130 e 85 mm Hg, tem sido grande causa de agravamento à saúde. Para TAVARES (2010), é considerada multicausal e multifatorial e na maioria das vezes, assintomática e assim, tratar ou prevenir a hipertensão arterial é fundamental mudanças dos hábitos de vida, processo lento, às vezes, penosa, e por serem medidas educativas necessitam continuidade para sua implementação. Sua magnitude reside principalmente nas complicações como doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca e renal crônica e doença vascular (V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2006). Dentre os indígenas, conforme Guimarães (2010), o perfil da pressão arterial, tende a se alterar devido às modificações no estilo de vida, pelo contato cada vez maior com a sociedade urbana, introduzindo o consumo de sal, bebidas alcoólicas, gorduras saturadas e redução das atividades físicas. Além disso, poucos estudos têm sido feitos considerando o impacto das mudanças socioculturais e ambientais sobre a pressão arterial dos indígenas, o que tona este estudo relevante, principalmente pela escassez de estudos nesta região.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Apresentar o perfil da pressão arterial dos indígenas das aldeias Escalvado e São José e comparar o perfil da PA entre os indígenas das Aldeias envolvidas.
MÉTODOS:
Pesquisa analítica, quantitativa, como parte das atividades do Projeto de Extensão “APOENA: aprendizagem pelo ensino em educação e saúde com a comunidade indígena”. Realizada com indígenas nas aldeias Escalvado e São José no Maranhão, nos meses de setembro e dezembro respectivamente. Os aparelhos de pressão usados foram da marca BD devidamente calibrado, a verificação foi feita com o indígena sentado e o membro superior apoiado. A participação foi aleatória por livre vontade e contou com 117 indígenas Canela, sendo 93 (79,5%) masculino e 24 (20,5%) feminino e 98 Krikatis, sendo 43 (43,87%) masculino e 55 (56,13%) feminino, os resultados informados foram registrados em fichas de controle específico, após autorização do Cacique de comum acordo entre todos. Os parâmetros usados de normalidade e variações foram fundamentados na Sociedade Brasileira de Cardiologia (2012) para a sistólica e diastólica respectivamente, sendo 130/85 mm Hg normal; 130-139/85-89, limítrofe; 140-159/90-99 hipertensão leve (HL); hipertensão moderada (HM) de <160-169/100-109; Hipertensão grave (HG) entre <180/<110 e Hipertensão Isolada (HI) de <140/>90.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Aferida pressão arterial em 98 indígenas da etnia Krikati na aldeia São José no município de Montes Altos-MA e 117 de Canela na Aldeia Escalvado no município de Fernando Falcão-MA. Na aldeia Canela, 01(0.8%) de 12 a 18 anos, e 02(1.7%) que não soube informar a idade apresentou HL; 01(0.8%) com HM e 03(2.6%) HI, ambos de 19 a 59 anos. Enquanto na aldeia Krikati, 01(1,02%) de 12 a 18 anos com HL; de 18 a 59 anos 02(2,04%) com HL, 03(3,06%) HM, 04(4,08%) com HI; igualmente para idades ≥60 anos 01(1,02%) com HG e HM de 01 (1,02%) e 02(2,04%) para HI, sendo a HM para os que não souberam informar a idade de 01(1,02%). Assim, 12 (10,2%) dos Krikatis estavam com PA elevada e 7(7,1%) dos Canelas. A Aldeia Escalvado situa-se mais distante dos não indígenas com acesso mais difícil que a São José. Desta forma, acredita-se na evolução rápida deste quadro entre os Krikatis, pois, segundo Tavares (2010), este processo de transição está associado a mudanças socioeconômicas, fomentadas pelo maior contato com não indígenas, ocasionando mudanças no estilo de vida, pelo consumo de industrializados, redução da atividade de plantio de alimentos e da atividade física.
CONCLUSÕES:
A análise dos dados da PA dentre as etnias Krikati e Canela, denotaram tendência de elevação da PA principalmente devido ao convívio com não indígenas e pela adoção dos hábitos de vida destes. Desta forma, concluiu-se que o perfil da PA para ambas as etnias, a normalidade predominou, contudo, dentre as alterações, houve predomínio de hipertensão entre os Krikatis cuja aldeia se encontra mais próximo da cidade e do contato com não índios, e consequentemente influenciando a aldeia para a adoção de novos hábitos de vida. Diante deste fato, acredita-se que a educação em saúde e a monitorização da PA como medida de prevenção de complicações da saúde possa ser benéfico. No entanto, sugere-se que novas pesquisas sejam feitas envolvendo os demais indígenas da região, não apenas para consolidar estes dados, mas, especialmente para garantir a estes o respeito, a cidadania pelo direito à saúde preventiva.
Palavras-chave: Indígena, Aldeia, Pressão Arterial.