65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
ABUNDÂNCIA E MORFOMETRIA DE Collisella subrugosa (Orbigny, 1846) (Gastropoda, Acmaeidae) EM BANCOS DE Perna perna (Linné, 1758) (Bivalvia, Mytilidae) NOS COSTÕES ROCHOSOS DAS PRAIAS ITAOCA E ITAIPAVA, BAÍA DE BENEVENTE - ES
Thiago Rubioli da Fonseca - Graduando em Ciências Biológicas - UFJF
Clécio da Silva Ferreira - Prof. Dr. - Instituto de Ciências Exatas - Depto. de Estatística - UFJF
Gilson Alexandre de Castro - Prof. MSc./Orientador - Depto. de Zoologia - ICB - UFJF
INTRODUÇÃO:
Collisella subrugosa (Orbigny, 1846) é um gastrópode marinho da família Acmaeidae conhecido vulgarmente como lapa. É abundante na costa brasileira, sendo encontrados desde o estado do Ceará até o Rio Grande do Sul. São herbívoros e ocorrem em toda a região entremarés, vivendo associados à organismos sésseis, como em bancos de Perna perna (Linné, 1758), ou em manchas nuas de rocha.
Os bancos de mexilhão são considerados criadores de habitat. Além da presença de C. subrugosa, diversas espécies de organismos - incluindo algas, crustáceos, poliquetos e outros moluscos - são encontrados dividindo espaço com esses bivalves que, agregados com complexidade, servem como abrigo amenizando as pressões por predação, competição e outros tipos de distúrbios. Conhecido pelo seu importante valor nutritivo, o mexilhão também é utilizado como alimento em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil.
Devido à importância e abundância desses organismos em grande parte do litoral brasileiro, o presente trabalho tem como meta contribuir para o conhecimento de sua biologia e dinâmica populacional.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a variância de comprimento da concha e abundância de Collisella subrugosa associados a bancos de Perna perna em dois períodos distintos, inseridos em diferentes estações dos anos de 2010 e 2011.
MÉTODOS:
Foram escolhidas três áreas nos bancos de Perna perna no costão rochoso das praias Itaoca (200 54’ 18,3” S e 400 46’ 36,7” W) e Itaipava (200 53’ 30,5” S e 400 46’ 0,4” W), localizadas no litoral sul do Estado do Espírito Santo. Estas áreas foram definidas de acordo com a facilidade de acesso e abundância dos bancos de P. perna.
As coletas foram realizadas no período da manhã, nos dias 04 de setembro de 2010 e 20 de fevereiro de 2011. As análises da abundância de Collisella subrugosa foram feitas através de raspagens destrutivas, utilizando quadrados de 20 X 20 cm distribuídos aleatoriamente nos bancos de P. perna, sendo as amostras inseridas no interior de sacos vedados, acondicionadas em caixas térmicas e fixados em formalina a 10% no laboratório do Núcleo de Estudos de Biomas Costeiros do litoral Sul do Estado do Espírito Santo, Piúma (ES).
No laboratório de Protostômios II (Depto. de Zoologia, UFJF), os indivíduos da espécie C. subrugosa foram triados, contados e mensurados no comprimento total utilizando-se uma régua com precisão de 0,5mm.
Utilizamos um teste não-paramétrico (Mann-Whitney) através do software BioEstat 5.0 para a análise da variância de comprimento devido ao resultado do teste de Lilliefors, que não indicou normalidade para nenhuma das amostras (p-valor< 0,05; &alpha=0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As raspagens resultaram em 158 espécimes de Collisella subrugosa em Itaoca e 436 em Itaipava no mês de setembro, em 2010. Em fevereiro de 2011 foram 49 e 199 espécimes em Itaoca e Itaipava, respectivamente.
O maior e menor comprimento foram: em Itaoca em fevereiro (16mm) e Itaipava em setembro (0,5mm). Estudos anteriores demonstraram que indivíduos de menor tamanho são encontrados com maior facilidade na zona infralitorânea. No presente estudo observamos espécimes menores que 5mm em todas as amostras e com abundância relativa de 66,46% em Itaoca e 73,39% em Itaipava, no mês de setembro. Nas demais amostras esses espécimes foram presentes em menor quantidade.
O teste de Mann-Whitney demonstrou variância de comprimento nas coletas no costão rochoso da praia Itaoca nos meses de setembro e fevereiro. No costão rochoso de Itaipava também houve variância nas coletas realizadas em setembro e fevereiro. Entre as duas praias ocorreu variância, tanto em fevereiro como em setembro. Todas assumindo p-valor<0,0001. Estudos em Ubatuba(SP) demonstraram resultados semelhantes, com variância entre verão e inverno no comprimento de C. subrugosa. A média aritmética em setembro foi de 4,25mm em Itaoca e 3,57mm em Itaipava. Em fevereiro a média foi de 7,06mm em Itaoca e 5,25mm em Itaipava.
CONCLUSÕES:
Concluímos que a média de comprimento da concha de Collisella subrugosa no verão é maior do que no inverno, tanto em Itaoca quanto em Itaipava. Ao comparar as duas praias, percebemos que a média na praia Itaoca é maior que em Itaipava.
Palavras-chave: Bentos, Estuário, Banco de Mexilhão.